6 Personagens Bissexuais Incríveis que Você Provavelmente Não Conhece (ou nem sabe que são bi)

Mesmo pouco representados os personagens bissexuais são apaixonantes. Confira a lista especialmente preparada para o Dia da Celebração Bissexual.

personagens bissexuais

Já foi falado em outro post como a mídia propaga estereótipos prejudiciais sobre pessoas bissexuais. Além disso, os dados mostram que a representatividade bissexual é baixíssima. Segundo o relatório GLAAD (2015-16), esse grupo representa apenas 20% dos 4% de personagens LGBT das produções seriadas americanas.

Em pleno mês da visibilidade bissexual também é importante destacar aqueles personagens que tem um lugar especial no coração dos fãs.  Esses personagens, mesmo com as devidas críticas, fazem um bom trabalho quando se trata de representatividade, pois quebram estereótipos e preconceitos muito prejudiciais para a aceitação da comunidade bissexual no mundo real.

Magnus Bane (Shadowhunters)

“Alexander, eu estive vivo por centenas de anos. Eu estive com homens, com as mulheres, com fadas, bruxos e vampiros, e até mesmo um gênio ou dois” – trecho do livro Cidade dos Anjos Caídos.

Magnus Bane é um dos personagens mais icônicos da série televisiva Shadowhunters, baseada na série literária ‘Os Instrumentos Mortais’, de Cassandra Clare. Na trama, ele é apresentado como filho do príncipe do inferno Asmodeus e alto feiticeiro do Brooklyn, de NY.

Conhecido por ser feiticeiro muito poderoso, o personagem frequentemente ajuda os protagonistas em suas aventuras. Sua bissexualidade fica explícita depois de ser constatado que amou profundamente uma vampira chamada Camille no passado e séculos mais tarde se apaixona por um dos protagonistas da série – formando, inclusive, um casal altamente shipavel, devo avisar.

“Eu queria te ver novamente” – Magnus para Alec

 

Apesar da caracterização do personagem pender um pouco para o estereótipo de libertino frequentemente atribuído aos homens bissexuais (já tratado aqui), Magnus não segue essa linha. Ele é uma pessoa boa com uma capacidade de amor enorme e profundo capaz de durar séculos e que está sempre pronto para ajudar, além de ser muito poderoso.

Korra (Avatar: A Lenda de Korra)

Você provavelmente não sabia, mas os produtores da série animada Korra confirmaram: ela é bissexual! A personagem é a reencarnação do avatar Aang da série “Avatar: The Last Airbender” do canal Nickelodeon. Avatar: A Lenda de Korra se passa 70 anos depois dos acontecimentos de A Lenda de Aang.

Korra é uma heroína e tanto. Além de sua força – ela é a Avatar (!) – a personagem quebra vários estereótipos durante as quatro temporadas de sua série animada. Para começar seu corpo não tem as proporções femininas comuns para desenhos: ela é forte e de baixa estatura, além de ser uma personagem não-branca e de cabelo curto.

A bissexualidade dela foi trazida de maneira muito sutil e só confirmada pela produção da série no final da última temporada, provavelmente por se tratar de um desenho infantil. Ao contrário de seus relacionamentos com personagens masculinos, que são explícitos, o relacionamento com outra mulher foi mostrado apenas nos pequenos detalhes.

Avatar é conhecido por ser um desenho subversivo que tangencia temas sérios, mesmo que seja voltado para o público infantil. Em Lenda de Aang, temas como igualdade, justiça, tolerância a a aceitação de visões de mundo diferentes foram abordados.

Já em A Lenda de Korra, as críticas são mais diretas e feitas em um contexto mais próximo ao mundo moderno de hoje. Genocídio, abuso infantil, morte de entes queridos e estresse pós-traumático estão entre os temas tangenciados – elenca Eduardo Guerra para o portal Mundo Avatar.

A sexualidade desviante de Korra, mesmo que mostrada nas entrelinhas, é mais uma dessas temáticas necessárias, contribuindo para a naturalização e humanização de personagens fora dos padrões tradicionais. Korra é uma heroína, um exemplo a ser seguido, uma pessoa com sentimentos reais e verdadeiros – o que quebra o estereótipo de bissexual geralmente mostrado na mídia.

Eritreia (The Shannara Chronics)

Representação feminina no gênero fantasia normalmente deixa a desejar, mas o cenário vem mudando. The Shannara Chronics (MTV), uma série baseada na trilogia de livros do escritor americano Terry Brooks, é um exemplo dessa mudança mais que urgente.

A título de curiosidade: a série foi filmada na Nova Zelância (o mesmo lugar da história de Frodo) sendo muito elogiada pela sua fotografia e efeitos especiais. Mesmo sendo uma série teen e carregando as marcas do estilo, a produção da MTV não deixou a desejar.

A produção se diferencia de clássicos como Senhor do Anéis, pois traz o mundo da fantasia para mais perto da nossa realidade, com uma linguagem simples e objetiva. Além disso, a protagonista é feminina (a princesa élfica Amberte) e logo no primeiro episódio desafia tradições sexistas da cultura élfica, sendo a primeira mulher a participar de uma competição tradicional. “Temos comandantes mulheres no exército e no Alto Conselho, é hora das Quatro Terra terem uma escolhida” – declara Amberte. 

A nossa personagem bissexual, outra protagonista, é a humana Eretrie. Apesar de ser uma humana, ela é uma das personagens de maior destaque e ao longo dos episódios passa ser parte essencial da narrativa. Além disso, a personagem é muito forte, habilidosa e aprendeu a sobreviver desde criança no meio hostil em que vivia.

“O que? Você tem medo de gostar?”

 

Sua bissexualidade se tornou evidente quando em uma cena em que ela dá em cima de Amberte, que fica surpresa com a investida. Em resposta, Eretrie questiona se há alguma proibição em gostar dos dois gêneros.

Contudo, mesmo sendo uma personagem complexa, com um passado interessante e com muitas habilidades de combate, Eretrie ainda carrega o estigma da promiscuidade da mulher bissexual de caráter duvidoso na série (mostrado em seu envolvimento com o personagem Will, que ela usa várias vezes). Porém, com o desenvolvimento da trama sua importância aumenta e alguns preconceitos são quebrados.

Daenerys Targaryen (Game of Thrones)

“Sim, todos os homens tem que morrer. Mas, nós não somos homens.”

 

Daenerys Targaryen é uma das principais personagens da série Game of Thrones da HBO, baseada nos livros do escritor George R. R. Martin. Conhecida por ser impiedosa com injustiças, ela tem o fim da escravidão como uma de suas prioridades.

Daenerys é uma líder nata, que desperta o amor daqueles que cruzam seu caminho. Muitos acreditam que ela possui as qualidades necessárias de governante: ser boa, justa e, ao mesmo tempo, temida.

No livro e na série não é novidade que Daenerys tem relações sexuais tanto com homens como com mulheres (suas amas). É certo que o interesse romântico da personagem foi focado em homens como Khal Drogo e Daario Naharis.

Contudo, é muito comum que bissexuais na vida real sejam lidos como héteros ou homossexuais dependendo de com quem estão se relacionando no momento. É também muito frequente que esse grupo seja coagido a “provar sua sexualidade”, mostrando que já namoraram/ficaram/casaram com ambos os sexos.

Ao se analisar toda a trama de Daenerys é possível constatar que ela realmente só se apaixonou por duas pessoas, e isso não pode ser um critério para “cassar sua carterinha de bissexual” – como dizem.

A sexualidade feminina em Game of Thrones é frequentemente retratada em um espécie de maniqueísmo, no qual as “mocinhas” são tida como castas (como Sansa Stark), enquanto “vilãs” tem um comportamento sexual, digamos, mais livre (como Melisandre e Cersei Lannister).

Esse retrato foi muito bem mostrado no texto A sexualidade feminina em Game of Thrones, do site Blogueiras Feministas. Isso faz com que o desejo sexual das mulheres da série seja colocado de duas formas: uma de maneira casta para reforçar o caráter das personagens femininas boas, e outra de maneira libertina, para reforçar aquelas que as contrapõem.

Com a sexualidade de Daenerys não seria diferente. A Khaleese é tida como uma heroína, uma mãe (existe figura mais condenada à castidade?), portanto, reforçar que ela tem uma sexualidade desviante quebraria esse padrão. Aliás, mesmo seu interesse por homens é mostrado de forma moderada.

Além desse pensamento, é necessário levar em conta que a classificação da sexualidade é uma ideia moderna. Alguém se apresentar como hétero, gay ou até mesmo assexual é uma característica do momento histórico atual. Não significa que essas orientações não existiam em si, mas sua rotulação e conceituação é recente.

Em tempos passados, as coisas não eram tão restritas. Por exemplo, na antiga Esparta, homens eram incentivados a ter amantes no exército – mesmo tendo esposa e filhos – para serem combatentes mais eficientes.

Ou seja, a sexualidade já foi mais livre e as rotulações, assim como os preconceitos, são parte de uma época específica. Isso significa que as classificações do desejo de personagens fictícios são estabelecidas segundo o que as pessoas conhecem em seu tempo.

Daenerys pode muito bem ter relações sexuais com suas amas, ter se apaixonado por Daario e ainda sim ter que se casar com outra pessoa para formar uma aliança política. A leitura da sexualidade de uma personagem de uma história ficcional vai continuar sendo algo do momento histórico que vive quem a estabelece.

Ou seja, o entendimento atual de sexualidade é uma construção moderna. O fato é que tanto na série, quanto nos livros a Mãe dos Dragões tem relações sexuais com homens e mulheres e isso a coloca numa categoria diferente das personagens que não.

O valor simbólico de uma personagem tão importante da atualidade demonstrar interesse por mais de um gênero sem perder sua aura idealizada é incontestável. Por curiosidade, a atriz Emilia Clarke já declarou que torce por um romance lésbico no futuro de sua personagem.

Nolan Ross (Revenge)

Rico, charmoso, leal e muito inteligente: esse é Noan Ross. O empresário é um dos personagens mais importantes da série Revenge do canal americano ABC.

Para começar ele é dono de uma empresa muito bem-sucedida que fatura milhões. Além disso, ele é, de longe, o personagem mais inteligente e habilidoso da série: um hacker de primeira linha. Sem ele, metade dos esquemas da personagem principal Emily não ocorreria. E, falando na Emily, ele é realmente leal a sua amizade e talvez o único personagem que deseja que ela seja genuinamente feliz. Isso faz com que o personagem definitivamente subverta o estigma do mau-caráter dos homens bissexuais.

Apesar dessas suas características parecerem um avanço no quesito representatividade, a sua lealdade a Emily parece não ter limites… Esse perfil pode ser lido criticamente como um típico papel atribuído a homens gays (mesmo ele sendo bi) de ser o ajudante da mocinha na história, mas sempre estar em segundo plano, apenas complementando a trajetória da protagonista.

Além disso, o personagem é meio excêntrico, o que faz com que sua sexualidade seja um só mais um fator do pacote hacker-rico-estiloso que chega de páraquedas em uma festa. Mas, mesmo com essas críticas, não há como não amar Nolan e seus trocadilhos sensacionais.

Ele é um dos poucos personagens assumidamente bissexuais e, claro, um dos raros personagens bi masculinos. Em um dos episódios, ele já se referiu a si mesmo como bissexual nível três na Escala de Kinsey. Ross tem estilo inconfundível que chega a beirar o excêntrico para a moda e é conhecido por se interessar por homens e mulher muito bonitos.

Bo (Lost Girl)

Lost Girl é uma série canadense de fantasia e aventura que se passa no nosso mundo moderno, mas com um detalhe: nesse mundo há também os Fae (mesmo que os humanos não saibam). Os Fae são todo o tipo de criaturas místicas de todas as culturas e mitologias. Há no enredo de lobisomens, vampiros até as valquírias, da mitologia nórdica.

A protagonista se chama Bo, uma Súcubo (uma criatura mística que se alimenta da energia sexual tanto de humanos como de Fae). Bo é claramente bissexual desde os primeiros episódios da série – como se alimenta de energia sexual, ela não faz distinção de gênero na hora do lanche.

Brincadeiras à parte, na série a protagonista vive um triângulo amoroso com uma humana e um lobisomem, mostrando um envolvimento profundo com ambos os personagens. Ou seja, sua atração vai muito além da sua necessidade de se alimentar.

Apesar de ser uma criatura sobrenatural, Bo foi criada por pais humanos e só descobre que é diferente na sua primeira experiência sexual, na qual acaba se alimentando da energia sexual de seu primeiro namorado e acaba matando-o. Depois disso ela é expulsa de casa e segue seu caminho sozinha.

A história começa quando ela conhece o mundo Fae, mas não consegue se encaixar no sistema e vive como uma renegada. Ao logo dos episódios, a poderosa súcubo irá resolver casos que envolvem o mundo Fae e o mundo humano. Ela se torna uma espécie de Jessica Jones e ajuda as pessoas que precisam.

Bo é daqueles personagens que faz o que acredita que é correto. Subvertendo estereótipos, a súcubo é uma representante e tanto da comunidade bissexual, que mesmo sendo uma demônio que se alimenta de energia sexual, é capaz de amar e ser a heroína da história!

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E você? Conhece outros personagens bissexuais incríveis? Escreve lá nos comentários!

Leia também O Medo do B da Sigla LGBT – Estereótipos e Invisibilidade Bissexual na Mídia.

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