7 Motivos para Amar a Representação Feminina em Harry Potter

Como a saga de toda uma geração contribui para uma representação mais justa de personagens femininas.

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*contém spoilers

Com o lançamento do filme Animais Fantásticos e Onde Habitam no dia 17 de novembro temos um ressurgimento do universo mágico de Harry Potter. Infância de muitos (inclusive desta que aqui vos escreve), Harry Potter marcou toda uma geração, e apesar de ser classificada como uma saga infanto-juvenil, aborda questões de preconceito com uma visão madura, além de possuir personagens femininas que inspiram positivamente muitas meninas ao redor do mundo todo.

Com a nova franquia de filmes, novas personagens e novas abordagens entram para este mundo que tanto nos encanta. Sendo a representação midiática uma ferramenta poderosa para nossa formação individual e social, aqui temos 7 motivos para você se apaixonar, pela primeira ou milésima vez, por esta obra.

1 – Protagonismo Feminino

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Tina e Queenie, duas novas personagens para integrar este time de mulheres fortes

Já foi falado aqui neste texto maravilhoso sobre como Harry Potter trata os estereótipos femininos. Entretanto, não poderia deixar de repeti-lo mas uma vez. Personagens como Hermione, Gina, Luna Lovegood e várias outras não têm seus papéis reduzidos a meras coadjuvantes ou (pior) enfeites na história. Além de serem fundamentais no desenvolvimento da obra e na jornada do Harry, elas são bem desenvolvidas e protagonistas de suas próprias histórias. O que nos leva ao segundo motivo.

Quem aqui adora mulheres fortes se destacando nas histórias?

2 – Pluralidade de personagens

Todos os personagens são construídos e desenvolvidos de forma única, especialmente as mulheres. Da mesma forma que você não confundiria Harry Potter com Rony Weasley, você jamais confundirá Hermione Granger com Luna Lovegood. Isso não é só devido ao fato de que os personagens têm papéis diferentes, e sim porque eles realmente possuem características diferentes – o que é um ponto positivo entre tantas representações femininas estereotipadas e intercambiáveis entre si que temos por aí. Em Harry Potter, representamos desde a dona de casa (Molly Weasley) a professoras que se dedicam em tempo integral ao trabalho (Minerva McGonagall) e, melhor ainda: sem desmerecer nenhuma delas.

harry potter10 pontos para a Grifinória.

 

Além disso, embora a maioria dos personagens sejam brancos, os livros trazem também representatividade negra feminina, chegando a apresentar vários indícios de que a própria Hermione é negra. Milhares de fãs, inclusive, já imaginavam a personagem negra muito antes da escalação de Noma Dumezweni na peça The Cursed Child (que foi defendida firmemente por Rowling, na época).

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3 – Rivalidade Feminina

Ou melhor, a falta de rivalidade feminina. Somos bombardeadas diariamente com imagens distorcidas de relacionamentos femininos e somos ensinadas, desde crianças, a desconfiar, invejar e até mesmo a odiar outras mulheres – muitas vezes, sem nem mesmo conhece-las. Quantas vezes você já não ouviu a frase de que é melhor ter amigos homens pois as mulheres são falsas? Quantos filmes não mostram mulheres disputando algo e sabotando umas às outras? Quantas novelas não temos com brigas violentas (geralmente por causa de homens)?

Em Harry Potter, não temos isso. Isso não quer dizer que todas as personagens femininas são amigas ou gostam umas das outras; podemos ver claramente as divergências de pensamento entre Hermione e Luna, McGonagall e Trewlaney e os atritos causados por isso. Entretanto, o respeito prevalece: cada uma delas segue sua história ao invés de tentar destruir a vida da outra e elas até mesmo conseguem passar por cima disso, se redimindo umas com as outras.

A primeira vez que uma mulher literalmente xinga outra ocorre no final do sétimo livro (e com bom motivo).

4 – Vilania feminina

Se a representação feminina do lado do bem é importante, ter vilãs femininas também é! É fundamental que tenhamos vilãs fortes, bem desenvolvidas e acima de tudo, com motivações e ideais – errados, mas verossímeis. Superficialidade felizmente não atinge estas mulheres. Exemplos disso são Bellatriz Lestrange e Dolores Umbridge. A primeira, serva de Lord Voldemort, extremamente sádica, sanguinária e poderosa. A segunda, funcionária do Ministério da Magia extremamente autoritária, cruel e competente no seu trabalho. Ambas são preconceituosas, extremistas, elitistas e querem uma “limpeza” do mundo mágico – terríveis, porém inconfundíveis e bem definidas.

harry potterEu matei Sirius Black. Me processa.

5 – Mulheres no comando

Se Harry Potter representa tão bem mulheres fortes, tanto do lado bom quanto do lado mau, nada mais justo que estas mulheres serem bem sucedidas. Temos Bellatriz como a melhor serva de Lord Voldemort, Hermione como a melhor aluna de Hogwarts, Fleur Dellacour como melhor aluna de Beauxbatons, Umbridge como uma das mais implacáveis funcionárias do Ministério da Magia, McGonagall como professora chefe da Grifinória e braço direito de Dumbledore. Todas elas mostrando-se diversas vezes competentes e capazes em seus papéis.

Além de todas essas mulheres se destacando e provando seu valor entre vários homens, (e sim, Beauxbatons é uma escola MISTA) e mulheres inseridas em todos os contextos do mercado de trabalho (sim, temos mulheres aurores!!!), elas estão presentes também em cargos de chefia: Umbridge chega a se tornar diretora de Hogwarts no quinto ano, Hermione vira chefe do Departamento de Execução das Leis Mágicas,  Gina Weasley se torna capitã do time da Grifinória e posteriormente do Harpias de Holyhead, e o MACUSA, o ministério da magia americano é chefiado pela Seraphina Picquery. Isso tudo sem mencionar os acontecimentos de The Cursed Child, mas como não é intenção deste texto dar spoilers, vou parar por aqui.

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6 – Questiona estereótipos

Além de abordar questões sociais, Harry Potter também consegue desmistificar muitas das crenças que cercam personagens femininas. Molly Weasley, a matriarca da família Weasley, é uma dona de casa que prova não ser menos do que ninguém. McGonagall é uma professora competente, rígida, “durona” que tem sentimentos extremamente nobres. Luna Lovegood, personagem excêntrica da cabeça aos pés e muitas vezes perseguidas e rotulada como louca é uma bruxa talentosa, independente e inteligentíssima (o fato dela pertencer à Corvinal já diz muita coisa). A “pobre” Gina Weasley,- futuro par romântico do Harry, mas completamente independente dele – se torna uma mulher extremamente forte, livre e que desafia seus irmãos (principalmente o Rony, quando este tenta fazê-la se sentir envergonhada pelos seus namorados). Estes são apenas alguns dos exemplos mais marcantes da história.

harry potterMenção honrosa à Fleur Delacour, personagem que no sexto livro quebra todo um estereótipo de superficialidade construído a partir de sua aparência física.

7 – Foi escrito por uma mulher

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Joanne Kathleen Rowling é a mente genial por trás de todo este universo.  Nascida em 31 de julho de 1965, ela possui um incrível histórico de superação que envolvem um marido abusivo, depressão, desemprego e o fato dela ser mãe solteira. A escritora que teve seu livro recusado por nada menos que nove editoras e que foi aconselhada a assinar o livro com suas iniciais, porque leitores meninos supostamente não comprariam um livro assinado por uma mulher (olá, machismo nosso de cada dia) hoje é uma das mulheres mais ricas e bem sucedidas do mundo todo. Ou seja, além de todas essas personagens maravilhosas, temos ainda uma autora incrível como fonte de inspiração.


Leia também: Personagens Femininas em Harry Potter – Um Adeus aos Estereótipos.

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