25 Privilégios de que Brancos Usufruem Simplesmente por Serem Brancos
Reconhecer os próprios privilégios é o primeiro passo para entender sistemas de opressão e lutar contra eles.
Das muitas coisas que me reviram o estômago de desgosto e frustração todos os dias, ter homens constantemente questionando e ridicularizando as minhas experiências como mulher em um mundo machista está bem próximo do topo da lista.
Hum, me fala mais sobre como você, homem que nunca precisou se preocupar com a possibilidade de assédio e estupro ao sair na rua, não acredita que o problema de violência sexual contra mulheres é tão grave assim.
“Vitimista” costuma ser o xingamento preferido desses homens, que sem conhecimento de causa classificam os obstáculos e violências de que somos vítimas como invenções ou exageros. É uma forma de tentar nos calar, mas também de se proteger. Afinal, ao ridicularizar o papel da vítima, eles se veem livres da responsabilidade de assumir que usufruem de uma série de privilégios que lhes são garantidos simplesmente por serem homens.
O reconhecimento pleno e completo desses privilégios lhes mete muito medo. Uma porque ao fazê-lo, o indivíduo inevitavelmente precisa se reconhecer também no papel de opressor/agressor. E outra porque a partir desse reconhecimento não há mais justificativas para não iniciar um processo de mudanças profundas em termos de comportamentos, atitudes e visões de mundo (a não ser que você seja um babaca, é claro). Porque esses dois desdobramentos podem ser profundamente dolorosos, muitos homens se acovardam e optam por negar seus privilégios, utilizando-se deles, ironicamente, para descreditar as palavras, pensamentos, testemunhos e experiências de mulheres.
É um mundo muito doido.
Algo muito similar acontece entre brancos em relação ao racismo. Assim como no caso do machismo, ao negar que existe racismo essas pessoas se veem livres da responsabilidade de lutar contra ele e de reconhecer que muitos dos privilégios de que usufruem por serem brancas lhes são dados em detrimento de pessoas negras. Elas não querem se reconhecer como opressoras nesse sistema, por isso descreditam as palavras, pensamentos, testemunhos e experiências de pessoas negras (ironicamente, utilizando-se de privilégio branco, assim como os machistas utilizam o seu privilégio patriarcal contra as mulheres).
Os exemplos de brancos que negam que têm privilégios são vários. Normalmente, eles o fazem quando a discussão gira em torna de políticas sociais que beneficiam pessoas negras, como se elas estivessem recebendo coisas de mão beijada, enquanto os brancos, pobrezinhos, precisam ralar para conquistá-las. Infelizmente, eles não conseguem enxergar como os brancos se beneficiam de várias formas pelo simples fato de serem brancos.
“Affe! Nasci pobre, fodido, já passei fome, ralei três empregos ao mesmo tempo pra conseguir estudar e sou branco! Nunca tive privilégio nenhum!” – alguém aí está dizendo.
Pois é, o que é urgente que as pessoas entendam é que o racismo garante a opressão, a pobreza e a privação de direitos dos negros. Ele não tem pretensão nenhuma de melhorar a vida de brancos. Como muito bem disse o jornalista Touré: “Só porque alguém não conseguiu capitalizar com sua vantagem, não significa que a pessoa não a tenha. Se você perde um jogo em casa que já começou com dois pontos de vantagem para o seu time, isso não apaga o fato de que você começou na frente”. Um país pode ter brancos e negros igualmente miseráveis, mas o racismo é um agravante que vai fazer com que seja muito mais difícil para os negros deixarem de ser miseráveis. Não é a toa que a maioria dos pobres no Brasil são negros.
Mas que privilégios são esses de que os brancos usufruem, você pergunta? Ora, eu fiz uma listinha! Mas lembre-se: o objetivo aqui não é ficar se sentindo culpado, mas sim se tornar consciente e, consequentemente, um agente de mudança. Afinal, não fomos nós que começamos essa história toda, mas a culpa é, sim, toda nossa, se nos recusamos a abrir os olhos para o fato de que ela ainda não acabou.
25 Privilégios de que Brancos Usufruem Simplesmente por Serem Brancos
- Eu não preciso pensar no que significa para mim e para a minha família a estatística de que 77% das vítimas de assassinato no Brasil são negros.
- Não preciso ter tanto medo que meu filho corra o risco de ser uma das 28 crianças e adolescentes que são assassinadas todos os dias no Brasil.
111 – CENTO E ONZE – tiros de fuzil e pistola, disparados por policiais militares, contra 5 – CINCO – jovens desarmados, felizes, comemorando o primeiro salário de um deles em uma agradável noite na cidade maravilhosa. O genocídio de jovens negros no Brasil é real.
- Tenho certeza de que ganho o mesmo tanto do que a minha colega branca ganha e não a metade.
- Não preciso me preocupar se o meu cabelo ou a cor da minha pele vão me impedir de conseguir um emprego.
- Não preciso pensar no que significa para mim a informação de que o assassinato de mulheres negras aumentou 54% na última década. Ou de que mulheres negras tem três vezes mais chances de serem estupradas do que mulheres brancas.
- Se eu me mudar para um bairro rico, não preciso me preocupar se os vizinhos vão ser desagradáveis comigo e com a minha família.
- Se o meu filho estudar em uma escola particular, não preciso me preocupar se ele vai ser discriminado por ser o único branco da turma.
- Ao ligar a TV, ler uma revista ou assistir um filme, as pessoas que vejo retratadas têm a mesma cor de pele que eu.
- A História que eu aprendi na escola é a História de um povo tem a mesma cor de pele que eu.
- Todos os heróis, inventores, estudiosos, cientistas, guerreiros que aprendi na escola têm a mesma cor de pele que eu.
- Todas essas histórias com protagonistas e heróis brancos fortalecem a minha autoestima e o meu senso de importância na sociedade.
- Posso emitir minha opinião sobre diversos assuntos sem me preocupar com a possibilidade de ser vista como uma representante de toda a minha raça.
- Se eu conseguir um emprego muito bom, não preciso temer que as pessoas pensem que eu consegui a vaga não por competência, mas para cumprir cotas.
- Eu posso falar que fiz faculdade com a certeza de que as pessoas não vão achar que roubei a vaga de alguém mais competente.
- Eu posso andar na rua à noite sem fazer com que as pessoas apertem o passo ao me avistarem.
- Eu não me preocupo quando passo por um bloqueio policial, pois sei que não tenho o perfil que os policiais automaticamente consideram suspeito.
- Eu posso resolver me tornar médica sem me preocupar se os pacientes vão pedir por outro médico quando me encontrarem.
- Posso ser mal-educada, ignorante, ir mal na escola, deixar a desejar na higiene pessoal, sem que essas características sejam associadas à cor da minha pele e automaticamente atribuídas a todas as outras pessoas de pele branca.
- Se eu trançar o cabelo e fizer tatuagens mil, as pessoas podem me considerar estilosa, criativa, artística, meio doidinha, mas dificilmente uma “marginal”, “cabelo ruim”, “baderneira” ou “parasita social”.
- Nunca passei ou me preocupei em passar pelo constrangimento de ter namorados com medo ou vergonha de me apresentar para suas famílias.
- Não preciso ter medo de passar pelo constrangimento de ser confundida com a babá de meus próprios filhos.
- Se eu fosse uma criança órfã, teria mais chances de ser adotada do que uma criança negra.
- Se eu entrar sozinha em uma loja, dificilmente vou ser monitorada ou acusada de tentar roubar alguma coisa.
- Posso dirigir um carro muito bom e ter a certeza de que as pessoas não vão achar que é roubado ou que eu fiz alguma coisa ilícita para comprá-lo.
- Posso me dar ao luxo de me afastar da discussão sobre o racismo quando ela fica desconfortável demais.
Arte do topo: Ribs
Leia também sobre alguns clássicos infantis inegavelmente racistas; e sobre como reagir quando alguém fala sobre racismo (um guia para brancos que não entendem qual é o problema).
Danilo Almeida
December 10, 2015 @ 4:00 pm
Realmente, seus comentários são contundentes, apesar do assunto ser uma faca de 2 gumes, uma pessoa da ‘cutis’ branca realmente não tem essas preocupações, não sei te dizer sobre uma pessoa que possui a cor negra, mas realmente é degradante alguém ter que se preocupar com isso, simplesmente porque tem a pele mais escura. De fato é um óbito social…
Maria Eduarda
December 11, 2015 @ 4:00 pm
Menina, adorei o texto. Realmente a reflexão tem de ser feita todos os dias, a todo momento. Depois que li que você é internacionalista então, adorei mais ainda. Estou fazendo faculdade de R.I. e gosto muito dos temas que englobam aspectos sociológicos. Enfim, parabéns pelo texto, e luto todos os dias para sempre me colocar no meu lugar de privilegiada, e enxergar que a vida das pessoas negras com certeza é muito mais difícil pelo fato de serem negras, mesmo que essa característica nem tenha sido atribuída a elas por livre e espontânea vontade (mas mesmo se fosse). Obrigada por compartilhar.
Lara Vascouto
December 14, 2015 @ 12:55 pm
Obrigada, Maria Eduarda! O negócio é entender por que as coisas estão do jeito que estão e fazer o possível para mudar essa realidade. Um abraço!
Augustus
December 12, 2015 @ 4:55 pm
Lara,
Sempre acerta “na veia”, parabéns e continue fazendo a diferença entre o bom conteúdo e o quanto mais idiota melhor.
Lara Vascouto
December 14, 2015 @ 12:53 pm
Obrigada, Augustus! 🙂
Julio
December 13, 2015 @ 4:41 am
Sei n, muita coisa pode ter nexo mas grande parte está pela metade…
Criança morta por PM, depende do local onde mora e não a cor da pele
Mais negros assassinados do que brancos, a maioria da população é negra então nada mais óbvio
Mulheres negras assassinadas e estupradas, como a vasta maioria eh pelo próprio companheiro e quase sempre da mesma cor da pele, sem racismo somente passional
Quer uma sugestão para diminuir o Preconceito? Parem de permitir para alguns e proibir para outros…Exemplo: branco não pode OUSAR em dizer a palavra Nigga lah fora, mas TODOS os negros se chamam assim. Isso BANALIZA o preconceito…vc ouve todo dia por todos os lados a expressão e a culpa é dos brancos?
tem muito o que pensar…Inventores e Herois brancos…me diga UM inventor Negro ou um Negro que fez a diferença no Mundo sem que seja pela luta de Igualdade Racial. Não esqueçam que a África foi toda domida pela Europa exceto a Etiópia. Somente vencedores escrevem os llivros de História, por ese mesmomotivo que não sabemos do Genocídio Paraguaio na Guerra da Triplice Aliança.
Preconcceto é uma coisa, Fatos são inegáveis
Natan Fox
December 13, 2015 @ 4:15 pm
Olá Julio,
Bem, não serei rude com você, antes mesmo, prefiro mostrar alguns argumentos:
1 – “Criança morta por PM, depende do local onde mora e não a cor da pele
Mais negros assassinados do que brancos, a maioria da população é negra então nada mais óbvio”
R: Bem, existem milhões de pessoas brancas em favelas (tambem), mesmo com esse fato, se pode observar que a PM escolhe pessoas negras em suas chacinas. Logo, não tem a ver com questão social, mas sim genocídio do povo negro.
II- “tem muito o que pensar…Inventores e Herois brancos…me diga UM inventor Negro ou um Negro que fez a diferença no Mundo sem que seja pela luta de Igualdade Racial. Não esqueçam que a África foi toda domida pela Europa exceto a Etiópia.”
R: Eu poderia falar de dezenas de inventores negros, mas demoraria um dia… Logo irei deixar esse link: http://arquivo.geledes.org.br/patrimonio-cultural/literario-cientifico/ciencias/cientistas-inventores/655-cientista-e-inventores-negros
Para finalizar, sim, os Europeus invadiram e saquearam os países de Africa, assim como fizeram na America, Asia, Oceania, e isso é um fato, mas talvez você não sabia que essa mesma Africa que foi invadida, já tem varios imperios que foram tão (ou mais) ricos que os imperios Europeus em suas epocas. Leia sobre: Imperio Etiope, Imperio de Mali, Império Songai, Império de Kanem-Bornu, Império do Benin, e porque não, sobre o Imperio Egipcio (sim, ele foi NEGRO! 🙂 ). Ah, busque saber sobre a influencia da arquitetura Africana para a Europa, a influencia artistica, a influencia mitologica. Leia “Black Athenas”. Depois de conhecer todas essas informações, você volta, e me diz se continua com a mesma opinião. 🙂
Alan da Silva Nogueira
January 22, 2016 @ 1:19 am
Amigo, a metalurgia africana é muito mais antiga que todas do mundo. Os africanos utilizam objetos de bronze e ferro a muito mais tempo que os europeus. Apenas um exemplo para acabar com essa sua fala de que os grandes inventores são “brancos”, bobagem só podemos considerar isso em uma sociedade voltada para a indústria, o lucro. Que eu saiba os homens que ergueram as pirâmides do Egito não eram brancos, mas os que os copiaram eram, no caso os gregos.
Daniela
March 2, 2016 @ 12:58 pm
Natan, que resposta maravilhosa! Obrigada!
Paulo
December 13, 2015 @ 5:09 pm
Tente rever seus conceitos e fontes. Se você, leitor, concorda totalmente com essa postagem, te indico sobretudo livros de história e sociologia (duas matérias que a maioria dos retardatários da sociedade quase condenam como algo chato e inútil na escola, argumentando serem desnecessárias).
Sou branco e literalmente fodido na vida. Estudei aos custos em escolas públicas.. fui pra faculdade tendo que trabalhar pra me sustentar. Tentei várias vezes diversas bolsas e não consegui nenhuma. Não entrei lá por cotas nem nada do tipo.
Posso ser considerado então como não beneficiado nem assistido por nenhum recurso que não seja o meu próprio. Posso dizer, portanto, que o problema não é racial.
Como já disseram antes, a maioria brasileira é negra e como todos sabem a maioria brasileira não possui tantos recursos na vida. Em consequência desses dois fatos, branco, pardo, indígena ou qualquer um, não importa, sofre do mesmo jeito.
Se daqui uns dez anos eu me formar e tiver um emprego e boas condições, ficarei extremamente frustrado ao ler outros textos como esse, tratando meu mérito como se fosse que sou privilegiado.
Aposto alto que haverão, e haverão muitos.
A sociedade é meritocrática. Conheço pessoas que dão a vida trabalhando, ganhando dinheiro sem ter tempo para gastá-lo. Penso eu, que independente de sua cor de pele, são pessoas esforçadas o suficiente e não ganham benefício nenhum.
Eles, se forem brancos, serão chamados beneficiados? Se não são brancos, são exceções?
Se os ricos são o que são, espera-se que conseguiram pelo próprio esforço. Se a maioria brasileira é branca, ela conseguiu por mérito próprio. Com trabalho e dedicação. Não importa como. Não estávamos a duzentos anos para saber com clareza em que condições nossos antepassados viviam. Aposto que os meus, independente da cor de suas peles estavam passando por dificuldades e por consequência não se beneficiavam de nenhuma questão etnica ou racial.
Claro que, historicamente houveram questões diversas que impediram por exemplo, os negros receberem por seus trabalhos. Essas questões há muito já tem sido solucionadas, há muito têm-se investido. Não se beneficiou delas quem não as viu.
Sempre haverão pobres isso é fato. Não existem pobres de uma só cor. Isso é fato.
Lara Vascouto
December 14, 2015 @ 12:47 pm
Oi Paulo! Obrigada pelo comentário! Vou respondê-lo em partes.
1) Em primeiro lugar, o texto de forma alguma tenta desmerecer o esforço de pessoa alguma, nem nega que existem também milhões de brancos em situação precária no Brasil. Vou repetir um trechinho do texto aqui:
“Pois é, o que é urgente que as pessoas entendam é que o racismo garante a opressão, a pobreza e a privação de direitos dos negros. Ele não tem pretensão nenhuma de melhorar a vida de brancos. Como muito bem disse o jornalista Touré: “Só porque alguém não conseguiu capitalizar com sua vantagem, não significa que a pessoa não a tenha. Se você perde um jogo em casa que já começou com dois pontos de vantagem para o seu time, isso não apaga o fato de que você começou na frente”. Um país pode ter brancos e negros igualmente miseráveis, mas o racismo é um agravante que vai fazer com que seja muito mais difícil para os negros deixarem de ser miseráveis. Não é a toa que a maioria dos pobres no Brasil são negros.”
Esses dois pontos de vantagem de que o Touré fala são todos esses 25 privilégios que eu listei e muitos outros, de que todas as pessoas brancas – sejam elas fodidas ou não – desfrutam. Sobre a possibilidade da sua família no passado também ter sido miserável, não ignore o fato de que, se eles eram brancos, eles se beneficiaram disso, sim. Existia uma hierarquia. Ok, então vamos supor que a sua família imigrante era muito pobre e sofreu preconceito dos vizinhos quando chegou ao Brasil lá no século XIX, mas ainda assim eles não eram os últimos da fila. Os últimos da fila eram os negros. E ainda são.
2) Sobre a sociedade ser meritocrática
Infelizmente ela não é. Existem inúmeras amarras que limitam o progresso de certos grupos no Brasil – ex: todos esses privilégios de que brancos usufruem e negros não. Sim, é verdade que existem muitos casos de pessoas que venceram na vida saídos de condições abomináveis, mas pouquíssimas delas são negras. Quase não temos negros na política. Quase não temos negros CEOs. Quase não temos negros na mídia. (Aqui ó, faz o teste do pescoço que você vai entender: http://www.geledes.org.br/quer-saber-se-ainda-o-racismo-existe-no-brasil-faca-o-teste-pescoco-parte-ii/). O racismo, herança de mais de quase 400 anos de escravidão, é estrutural – isto é, está embutido em todas as instituições e sistemas de pensamento, dificultando o progresso de pessoas negras. Claro, se você é branco e miserável, também vai ter que enfrentar inúmeros obstáculos posicionados por uma sociedade que também é profundamente classista. Agora, se você é negro, precisará enfrentar não só o preconceito de classe, como também o racismo.
3) Sobre “questões diversas que impediram por exemplo, os negros receberem por seus trabalhos.”
Por favor, usemos as palavras certas. Pessoas negras foram exploradas, estupradas, violentadas, torturadas, assassinadas por quase 400 anos de escravidão no Brasil. Para justificar o regime de escravidão, elas foram também inferiorizadas, ridicularizadas, comparadas a animais, a demônios, a seres sem alma durante todo esse tempo. Aí um belo dia, há pouco mais de 100 anos atrás, elas foram libertadas, sem que houvesse qualquer mecanismo para tentar corrigir a enorme desvantagem que elas receberam de presente depois de passar 400 anos acorrentadas, fazendo trabalho braçal para os brancos. Não houve qualquer tentativa de integrar os negros socialmente. E pior, a chegada de milhares de imigrantes europeus (entre eles, os meus antepassados e, não sei, talvez os seus) – mão-de-obra de baixíssimo custo e bancada pelo poder público – contribuiu ainda mais para que os negros libertos não conseguissem entrar no trabalho assalariado e ficassem jogados à própria sorte. (leia sobre aqui: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28&Itemid=23).
Ou seja, não, infelizmente não houve solução nenhuma. Não foi investido nada. Só se beneficiaram os brancos. A política de cotas talvez seja uma das primeiras, em mais de 100 anos de abolição, que tenta corrigir alguma coisa.
Leoni
December 13, 2015 @ 11:44 pm
Achei bastante inteligente em tudo que foi dito nessa página. Parabéns.
Lara Vascouto
December 14, 2015 @ 11:46 am
Obrigada pelo comentário, Leoni! 🙂
Pedro Soares
December 14, 2015 @ 10:20 pm
Me desculpe, mas o seu comentário é desrespeitoso, Lara. Eu concordo plenamente com o artigo, mas por favor, não aja de modo paternalista com quem discorda de sua opinião. Eu sei que você está tentando mudar a opinião de outras pessoas, mas isso não justifica você desrespeitar os outros por achar que está correta. Uma discussão pressupõe respeito de ambos os lados. Se um lado desrespeita o outro, o melhor a fazer é chamar a atenção e começar de novo, e não retrucar com mais desrespeito. Eu sei que você está chateada com a situação dos negros, mas isso não te dá o direito de extravazar sua frustração em alguém que discorda de você.
Lara Vascouto
December 15, 2015 @ 12:16 am
Oi Pedro! Puxa, não entendi o que eu disse de desrespeitoso. Pelo contrário, respondi tudo com muita calma, tentando ser o mais didática possível. Acho que essa é a desvantagem de comunicação por escrito na internet..nunca dá pra saber o tom da outra pessoa. Vou reler meus comentários com cuidado para evitar qualquer mal-entendido. :/
Luiz
December 14, 2015 @ 2:35 am
Há uma falácia nesse texto quando afirma que mais de 10 mil crianças e adolescentes são assassinadas por ano no Brasil por policiais.
Lara Vascouto
December 14, 2015 @ 11:43 am
Opa! Realmente, Luiz, bem observado. Já corrigi. 🙂
Sara
December 14, 2015 @ 2:08 pm
Perfeito, Lara! Mesmo sendo mulher e tendo sido pobre, sei hoje dos privilégios que sempre tive. É muito difícil um privilegiado se perceber assim, como você bem disse. É preciso muita paciência e didática pra expor as coisas dessa forma, parabéns também por isso. Abraço
Artur
December 16, 2015 @ 12:04 pm
É tanta bobagem vitimista que, sinceramente, nem dá vontade de contra-argumentar, só dá pena da ingenuidade e falta de conhecimento da pessoa mesmo.
Luiza
March 1, 2016 @ 10:48 pm
Bobagem e ver alguém como você falar de vitimismo Artur o que te doeu tanto,as verdades faladas ou você é mais um dos muitos racistas deste Brasil.
Rosana
December 30, 2015 @ 5:57 pm
Sou de família pobre, estudei em escola pública, meus pais ralaram pra sustentar a mim e aos meus irmãos e fiquei indignada quando ouvi falar das cotas universitárias pela primeira vez por achar injusto “dar a vantagem” a alguém que estava na mesma situação que eu…mas com o tempo percebi que essa foi uma forma (ainda que falha, em minha opinião) de tentar consertar séculos de erro em cima de erro, e também percebi que, mesmo sendo pobre – e, portanto, relegada a uma posição inferior numa sociedade que privilegia o poder aquisitivo – nunca precisei me preocupar se um segurança de um shopping estava olhando desconfiado para mim, nunca fui chamada de “mulata” na rua num tom pejorativo, não deixei de conseguir um emprego por causa do meu cabelo, enfim, muitas das coisas listadas nesse texto. Concordo com você, Lara; quem é pobre no Brasil passa por muitos perrengues todos os dias, e quem é pobre e negro passa por todos os mesmos perrengues e mais um pouco. Precisamos ter coragem e reconhecer todas essas coisas. Obrigada pelos seus textos.
Elias
January 3, 2016 @ 1:22 am
1 Eu não nego o racismo, ele existe.
2 Cuidado com os números, podemos fazer o que quisermos com eles.
3 Não tenha a infelicidade de colocar as pessoas contra a PM (não estou dizendo que o mundo é perfeito também). Sim, a mídia está conseguindo fazer isso.
4 Conseguir um emprego depende sim do aspecto físico em alguns casos, infelizmente, isso é livre mercado. Contratar ou não uma pessoa é opção do patrão. (o mundo é mau mesmo :/).
5 Poucos alunos negros em escola particular. Isso é probabilidade, devido a processos históricos e etc. Sobre a discriminação, ela acontece por pessoas sem caráter (isso ocorre por uma série de motivos como a falta de educação familiar, más influências…)
6 Se eu ver um negro na rua e pensar ser um marginal, eu tenho o direito de me desviar, assim como se eu ver um branco e pensar da mesma forma. É simples, eu não vou deixar de me precaver dos males da sociedade em prol da luta filosófica do racismo. Ser sensato não é racismo.
7 Não sofrer preconceito não deve ser visto como privilégio, e sim uma realidade que deve ser buscada à todos. (o título já incita um pouco o ódio, pense bem com que “cabeça” as pessoas de cor branca vão ler o seu texto).
8 Não se incita o ódio, combater o racismo falando que os brancos são privilegiados não é muito inteligente. Observe a situação que o Brasil vive, todo mundo, com raras exceções, está passando por dificuldades.
9 […] “Se eu trançar o cabelo e fizer tatuagens mil, as pessoas podem me considerar estilosa, criativa, artística, meio doidinha, mas dificilmente uma “marginal”, “cabelo ruim”, “baderneira” ou “parasita social”.” […] Ai já é outro assunto…
Efim, o racismo não está em todas as pessoas, todos os lugares. Tente enxergar isso.
Abçs
Iris Laurito
January 8, 2016 @ 1:16 am
olá, uma duvida! ajude me.
“Tenho certeza de que ganho o mesmo tanto do que a minha colega branca ganha e não a metade.” é uma mulher negra que ganha a metade? ou homem negro?
e, pense comigo:
a mulher normalmente só ganha 70% do salario de um homem.
entao mulheres negras ganham 35% do salario de um homem branco?
metade do salario da tal colega branca?!
Lara Vascouto
January 8, 2016 @ 4:12 pm
Oi Iris! Negros, em geral, ganham pouco mais da metade do que os brancos ganham. Mulheres negras, especificamente, ganham 35% do que homens brancos ganham, e 52% do que ganham mulheres brancas (de acordo com o último levantamento do IBGE, de 2010 – http://www.sof.org.br/2015/06/12/publicacao-estatisticas-de-genero-do-ibge-mostra-dados-relevantes-sobre-a-autonomia-economica-das-mulheres/). Já mulheres brancas, como você disse, ganham em média 70% do que ganham homens brancos. Espero ter esclarecido! Um abraço e obrigada pelo comentário!
Daniel
January 19, 2016 @ 2:14 pm
Olá, acabei vendo o link meio por cima e me criou uma duvida: estudo nós leva a entender que em uma empresa, uma mulher branca ganha o dobro que uma mulher negra, mesmo ocupando o mesmo cargo. Porem, ao meu ver, mostra que as mulheres brancas tem acesso as melhores vagas (ou em empresas que pagam melhor), e as mulheres negras não.
Vi todos os argumentos do seu post, tem coisas que sim, são exclusividade dos brancos, porem outras acho que os brancos também vivenciam, como a entrevista de emprego da mulher com o corte afro, se a pessoa é gorda tem entrevistador, que já o taxa de preguiçoso, a falta de higiene pode não ser motivo para rotular todos os brancos, porem arrumam uma maneira de o inferiorizar ou pela classe social a qual pertence, ou a que sua família ascendeu… não acho que o preconceito no Brasil seja tanto racial (quanto é em outros países), acho que seja uma questão de ignorância, de falta de educação e respeito para com o semelhante, já que sempre se acha uma maneira de inferiorizar os outros.
Abraão Paiva
March 2, 2016 @ 5:54 pm
Na minha opinião ,repetindo na minha opinião dane-se os racistas os que se acham melhores que os outros na realidade todos tem a capacidade de crescer estudar se formar ter uma vida plena independente de cor ,moro em Salvador BA olha que boa parte da população se não a maioria é negros temos engenheiros , médicos , advogados , contadores , administradores etc.. , e todos negros se vitimizar não adianta nada, preconceito existe ?Claro que sim mas dane-se os preconceituosos cada qual pode mudar a sua realidade independente de cor ,raça ,orientação sexual ou religião ,olha no Brasil e ate no mundo o maior preconceito que existe é ser pobre e sem estudo e isso é fato.
Mariana B.
March 3, 2016 @ 2:53 pm
Li o texto e concordo. Tenho uma questão que vive na minha mente desde que a descobri e nunca recebi uma resposta,por isso pedirei sua ajuda. Os próprios negros africanos vendiam seus inimigos,capturados de outras tribos, como escravos para os brancos. Creio que toda essa desigualdade nasceu na escravidão. O que poderíamos dizer sobre o fato de negros terem contribuído para tal fato. Isso martela sempre na minha cabeça.
Vinicius
March 4, 2016 @ 12:49 pm
Por mim 90% dos problemas sofridos e relatados aí ou é por questão de classe social ou racismo do próprio negro. Claro que existe racismo e sou totalmente contra, mas vários pontos aí não se aplica a racismo. Todos somos humanos e ninguém é melhor que ninguém! Isso serve para branco racista e negro racista. Essa sociedade tem que aprender a viver com as diferenças.
25 privileges that whites enjoy simply | Black Women of Brazil
November 10, 2018 @ 12:54 pm
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