Objetificação Feminina – Aprenda a Reconhecê-la Através de 43 Pôsteres de Filmes

Objetificação feminina é tão comum, que às vezes não conseguimos nem enxergá-la. Aprenda a reconhecer esse pilar do machismo.

objetificação feminina

Em 1975, a crítica de cinema Laura Mulvey trouxe à tona um conceito deveras interessante, chamado por ela de male gaze. Resumidamente, o male gaze nada mais é do que a prática costumeira na mídia e nas artes de retratar uma história, as mulheres e o mundo em geral sob um ponto de vista masculino, entendendo o público como um homem heterossexual. Bem, como seria de se esperar, essa prática é responsável pela quantidade descomunal de mulheres com pouca roupa e olhar lânguido nos mais variados veículos mídia afora.

O male gaze significa, portanto, que as narrativas cinematográficas (e midiáticas, como um todo) são construídas sobre uma sólida base patriarcal, e tem como objetivo final o prazer do público masculino. Nesse cenário, mulheres são frequentemente desumanizadas para assumir o papel de objetos eróticos a serviço do olhar masculino.

– Mas isso era lá atrás, né? Hoje em dia todo mundo é objetificado! – alguém aí está dizendo.

Pois bem, segura o gif do Magic Mike que eu ainda não terminei. Vamos adiantar algumas décadas e chegar ao século XXI, onde a doutora em Ciência Política Caroline Heldman comanda estudos interessantíssimos sobre objetificação sexual na mídia. E ela traz números alarmantes: por mais que pipoquem alguns homens pelados aqui e ali de vez em quando, 96% das imagens que trazem objetificação sexual são de mulheres.

Essa discrepância entre quantidade de objetificação feminina e masculina pode ser explicada facilmente pela junção da crença de que “sexo vende”, com a força ainda dominante do male gaze na produção artística e midiática.

Mas Caroline Heldman vai além. De acordo com ela, mais do que sexo, o que está sendo vendido em 96% das imagens de objetificação sexual é uma dicotomia machista: a mulher como Objeto (algo passivo, que recebe ações); e o homem como Sujeito (aquele que age sobre o objeto). Não por acaso, essa dicotomia acaba perpetuando a desumanização das mulheres, ponto-chave do machismo e da misoginia. Vale lembrar, como foi dito lá em cima, que o male gaze tem base em crenças e ideologias patriarcais, e portanto reproduz esses ideias.

Por esse motivo é tão importante saber reconhecer quando uma mulher está sendo objetificada na mídia. Porque acontece tanto, que muitas vezes nem nos damos conta, de tão naturalizado que está. E é aí que entra a razão de ser deste texto. Para facilitar o entendimento, resolvi exemplificar as sete variedades de objetificação sexual elencadas por Heldman com pôsteres de filmes. Afinal, não é só comercial de cerveja que objetifica mulher.

Pois bem. De acordo com Caroline Heldman, estamos vendo uma imagem de objetificação sexual quando:

A imagem mostra apenas partes sexualizadas do corpo

De longe, a variedade mais usada de objetificação feminina. O que tem de mulher sem cabeça e parte de corpo desmembrado-mas-sexy por aí não é brincadeira.

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A imagem apresenta uma pessoa ou uma parte da pessoa sexualizada literalmente como um objeto

Será que um dia vão fazer um poster de mulheres escalando um pênis? Fica aí uma ideia!

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A imagem mostra pessoas sexualizadas como intercambiáveis, ou seja, como um item que se pode trocar por outro

Pronto pra usar e trocar, como um bom objeto.

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A imagem passa a ideia de violação da integridade corporal de uma pessoa sexualizada, sem que a pessoa possa consentir

Não é só a moda que traz umas imagens perturbadoras nessa frente. Vale pensar também se as imagens que exploram partes sexualizadas do corpo feminino também violam a ideia de consentimento, dado que nessas situações não temos nem a chance de saber se a mulher está ok com as explorações da câmera.

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A imagem sugere que a disponibilidade sexual dessa pessoa é a principal característica que a define

Objetificação traduzida de diferentes formas, como olhar lânguido, cara safada, pose sensual ou mesmo se a moça está pelada. Enfim, as possibilidades são infinitas.

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A imagem mostra uma pessoa sexualizada como algo que pode ser comprado e vendido

Código de barras em pênis? Não?

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A imagem trata o corpo sexualizado como uma tela

Uma coisa onde coisas podem ser escritas. Certo.

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Agora que você já sabe como reconhecer objetificação feminina, saiba mais:

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