Invisibilidade Não-Branca – Ghost in the Shell e o Whitewashing Nosso de Cada Dia
Whitewashing: a prática racista de escalar atores brancos para interpretar personagens não-brancos.
Essa semana saiu o novo trailer de A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, adaptação hollywoodiana do famoso mangá de Masamune Shirow. O que era para ser uma ocasião feliz, no entanto, veio com um gosto amargo que já dura desde o ano passado, quando a escalação principal do filme foi revelada: a atriz Scarlett Johansson, descendente de dinamarqueses e poloneses, foi a escolhida para interpretar a protagonista Motoko Kusanagi.
O fato de a personagem ser japonesa, e sua história ser inteira ambientada no Japão (o que parece ter sido mantido no filme, dado os inúmeros elementos japoneses no trailer) pouco importou para os envolvidos no longa, que se mantiveram firmes na decisão mesmo após a chuva de críticas que receberam. Não contentes, aliás, ainda rodearam a protagonista com alguns coadjuvantes brancos, como Juliette Binoche e Michael Pitt.
O nome disso é whitewashing: a prática de escalar atores brancos para interpretar personagens não-brancos. Infelizmente, acontece muito, e é extremamente problemática, tanto porque mina as oportunidades de atores não-brancos, como porque retira das mãos desses grupos histórias e personagens que ajudariam a fortalecer suas identidades e a quebrar o ciclo de dessensibilização de brancos em relação a eles. Por esse motivo, whitewashing é uma prática essencialmente racista, pois contribui para manter a marginalização e invisibilização de minorias étnicas.
Apenas alguns exemplos recentes: Johnny Depp, Jake Gyllenhaal, Rooney Mara, Angelina Jolie, Tilda Swinton, Gerard Butler, Jennifer Lawrence, Russell Crowe, Emma Stone, Christian Bale, Giovanna Antonelli e Luis Melo – todos atores brancos interpretando personagens não-brancos. (tem um texto inteiro sobre isso aqui, aliás).
– Então tá! – tem alguém aí certamente dizendo – Mas quando vocês pedem pra escalar atores não-brancos para interpretar personagens originalmente brancos, aí não é racismo né?! HIPÓCRITAS!
Bom, é isso mesmo. Só que ninguém está sendo hipócrita, porque simplesmente não existe simetria nesses dois casos. Primeiro, porque o que não falta no cinema é história sobre gente branca pra essa galera protagonizar. Segundo, porque existe uma infinidade de personagens que não têm sua identidade e trajetória dependentes de suas etnias (e é nesses casos que atores não-brancos costumam atuar). E por último, porque racismo reverso não existe – pessoas brancas não podem sofrer racismo, porque elas não são sistematicamente oprimidas.
Assiste o Aamer Rahman explicar isso, faz favor. Prometo que vai ficar mais claro.
Profissionais não-brancos, por outro lado, são parte de grupos historicamente oprimidos e marginalizados, e por isso costumam ser representados na mídia ou através de estereótipos ofensivos, ou de forma nenhuma. Por isso, os motivos pelos quais gritamos racismo em um caso e comemoramos no outro são exatamente os mesmos. Se racismo não existisse, se a história do mundo fosse outra, aí sim talvez poderíamos falar em simetria nessas situações. Infelizmente, esse não é o caso.
Por isso é tão revoltante quando whitewashing acontece. Porque ao manipular a nossa visão de mundo para manter pessoas brancas sempre no centro, contribui de forma muito eficaz para manter os profissionais não-brancos às margens. Até porque quando um personagem é não-branco, secundário e um estereótipo ambulante de sua própria etnia, então oras, claro, atores negros/árabes/asiáticos/indígenas, venham por aqui, sim, vocês são perfeitos para esses papéis!
Isso quando não fazem filmes com protagonistas brancos em terras estrangeiras que se saem melhor em ser de outra etnia do que os próprias personagens daquela etnia.
Mas o que os responsáveis pelos filmes que praticam whitewashing alegam? Porque não se engane: com o passar dos anos, o público vem perdoando cada vez menos essas escalações estapafúrdias.
Bom, Rupert Sanders, diretor de Ghost in the Shell, disse o seguinte:
“Acho que alguém sempre vai ter críticas a fazer sobre qualquer escalação. Para mim foi, sabe, eu defendo minha decisão – ela é a melhor atriz de sua geração. Me senti lisonjeado e honrado pelo fato de ela estar nesse filme. Acho que certamente as pessoas por trás do anime original tem veementemente a apoiado, porque ela é incrível e existem poucas como ela”.
Antes disso, o produtor Steven Paul já havia respondido às críticas, basicamente diminuindo os elementos japoneses da história (que a posicionam como um marco, sabe, da cultura japonesa moderna):
“Ghost in the Shell era uma história muito internacional, e não só focada em japoneses; era pra ser um mundo inteiro. Por isso eu digo que a abordagem internacional é, pra mim, a abordagem certa”.
E nessa última semana, a própria Johansson falou sobre o assunto:
“Eu certamente nunca teria a presunção de interpretar outra raça. Diversidade é importante em Hollywood, e eu nunca ia querer sentir que estou interpretando um personagem que é ofensivo. Além disso, ter uma franquia com uma personagem feminina no centro de tudo é uma oportunidade tão rara. Com certeza eu sinto a enorme pressão disso – o peso de uma propriedade enorme sobre os meus ombros”.
Antes deles, Ridley Scott – o diretor que colocou o Christian Bale para interpretar Moisés, em Êxodo: Deuses e Reis – disse o seguinte sobre as críticas de whitewashing:
“Não posso bancar um filme com esse orçamento, em que eu dependo de descontos em impostos na Espanha, e dizer que o meu protagonista é o Mohammad-sei-lá-do-que de sei-lá-da-onde. Simplesmente não serei financiado. Então a questão nem é discutida.”
Já Ari Hendel, co-roteirista de um filme que achou que seria uma boa ideia apresentar Russel Crowe como o personagem bíblico Noé (assim como Emma Watson e Jennifer Connelly como seus familiares), se justificou dizendo:
“Desde o início estávamos preocupados com a escalação, com a questão de raça. O que percebemos foi que essa história funciona no nível de mito, como uma história mítica, a raça dos indivíduos não importa. Eles precisam ser representantes de todas as pessoas. Ou você acaba com uma propaganda da Benetton ou com a equipe da Starship Enterprise. Ou você tenta colocar tudo ali, o que só chama atenção para o fato, ou apenas diz ‘Vamos fazer com que isso não seja uma questão, porque estamos tentando lidar com o homem comum.”
Certo. Então aparentemente whitewashing acontece: 1) porque um filme precisa de um Grande Nome™ para acontecer, e 2) porque essas histórias são “internacionais”, com “pessoas comuns”.
Sinceramente, eu não sei nem por onde começar.
Bom, antes que eu esqueça, alguém avisa a Scarlett que é possível ser feminista e racista ao mesmo tempo. E sim, eu acredito que todos têm responsabilidades aí – tanto os investidores, como os estúdios, os diretores, produtores, e até os próprios “grandes nomes”, que justamente por serem grandes têm não só a liberdade de recusar um papel, como a obrigação de fazê-lo quando se trata de um personagem que deveria ser interpretado por um ator não-branco. Lutar contra o racismo significa abrir mão de privilégios. Aprendamos.
Seguindo em frente agora, tendo a achar que se você precisa de um grande nome pra salvar o seu filme, então muito provavelmente ele não é tão bom assim – e, consequentemente, não vai ser um grande nome que vai salvá-lo. Curiosamente, foi exatamente isso que aconteceu em vários filmes que fizeram whitewashing. Deuses do Egito, Peter Pan, Aloha, Príncipe da Pérsia, O Cavaleiro Solitário são todos filmes que tiveram resultados financeiros que deixaram a desejar.
Além disso, a maioria dos grandes nomes geralmente só se tornam grandes porque são escalados para grandes filmes em primeiro lugar. Sigourney Weaver, Harrison Ford, Carrie Fisher, Daisy Ridley, John Boyega, Chris Hemsworth são alguns exemplos de atores que encabeçaram filmes que arrebentaram as bilheterias quando ainda eram relativamente desconhecidos do grande público.
O que nos leva a uma linha de questionamento muito interessante: por que não há muitos grandes nomes entre os atores não-brancos? Será que é porque os estúdios quase nunca apostam nesses atores para protagonizar grandes filmes?
Ora ora. Aí está a questão de um milhão de dólares.
Viola Davis já disse: para um nome ficar grande, ele precisa antes de tudo de oportunidades. Mas se nem em filmes com personagens originalmente não-brancos – filmes baseados em histórias que já têm fandoms gigantescos -; se nem nesses casos atores não-brancos conseguem trabalhar, então que chance eles têm? A justificativa do “precisamos de um grande nome” é uma grande falácia, não só porque não faz sentido financeiramente, mas também porque são os próprios estúdios que impedem que esses grandes nomes não-brancos se consolidem.
Já a justificativa que fala que as histórias são “internacionais” evidencia bem como pessoas brancas são vistas como padrão da humanidade, enquanto as outras etnias seriam o Outro, o Diferente, o Exótico. Aqui vai uma novidade: pessoas brancas também possuem etnias. Esquecer esse fato é racismo na sua forma mais básica, pois coloca as pessoas brancas num patamar superior e diferenciado. E pior: permite que elas ignorem o seu papel de opressoras no sistema, colocando a responsabilidade dessa questão nas costas dos grupos não-brancos, quando deveria ser o contrário. É sempre bom lembrar: racismo é uma questão fundamentalmente branca.
Vale notar também o que está por trás da decisão de fazer whitewashing em uma história considerada “internacional”: a implicação sutil de que só é possível sentir empatia e interesse por personagens brancos. Que só embranquecendo-os é que eles ficam interessantes o bastante para estrear um blockbuster. Fortalece-se, assim, a ideia de pessoas brancas como representantes máximos da humanidade. E reforça-se, consequentemente, a ideia de que pessoas não-brancas são menos. Menos importantes, menos relevantes, menos humanas.
Representatividade importa!
Então pois é, é difícil encontrar uma justificativa para whitewashing que não tenha racismo na sua base. Em breve teremos o live action de Mulan, e é completamente compreensível a tensão que o público está sentindo com a possibilidade de uma atriz branca ser escalada para interpretar a heroína mais famosa da China. Hollywood, afinal, já fez isso tantas vezes. Que isso ainda esteja acontecendo em 2017…bem, isso só significa que vamos falar mais, e vamos falar mais alto.
Assine a petição para falar à Disney que não vamos aceitar whitewashing em Mulan.
Veja nesse artigo do Washington Post mais 100 exemplos de filmes com whitewashing.
Whitewashing tem bastante relação com a discussão sobre apropriação cultural. Abaixo confira alguns textos que esclarecem muito bem essa questão:
- Apropriação cultural é um problema do sistema, não de indivíduos, de Djamila Ribeiro.
- Má que diabos é apropriação cultural?, de Suzane Jardim.
- Na polêmica sobre turbantes, é a branquitude que não quer assumir seu racismo, de Ana Maria Gonçalves.
Leia também 10 Vezes que Atores Brancos Interpretaram Personagens de Outras Etnias; e Personagens Não-Brancos em Filmes de Fantasia – Vilões, Monstros ou Figurantes.
SJW OTHERSMONEY
February 16, 2017 @ 10:50 am
Um elemento completamente ausente nos textos de “justiceiros sociais online” igual a você é a falta de auto-crítica no que se refere a investimento de recursos. Os produtores estão colocando milhões de dólares nessas produções, e você em suas críticas coloca o quê? Um pouco do seu tempo, energia e o desgaste das peças do seu notebook? Você se pauta por questões éticas somente e ignora as questões concretas de um mundo capitalista. Porquê? Porque você não está colocando quase nada em risco. Assim é muito fácil viver, arriscar-se com os recursos dos outros. Outra coisa, me fale uma atriz asiática sequer que seja minimamente competente como atriz e seja tão carismática como a Scarlett Johansson. As recomendações nesse sentido me fizeram rir e sentir um pouco de pena também, porque são absolutamente ridículas. Péssimas atrizes e sem carisma algum. Como falei, é muito fácil se “arriscar” com o dinheiro dos outros no conforto do seu sofá tendo no máximo o perigo de sujar o teclado do seu notebook.
Lara Vascouto
February 16, 2017 @ 11:36 am
Olá! Todas as questões que você colocou são respondidas ou debatidas no próprio texto. Sobre uma atriz que eu acho que poderia ter sido escalada no lugar de Scarlett, eu sugeriria Rinko Kikuchi. Além de excelente atriz e muito carismática, o estúdio até poderia colocar um grande “ATRIZ INDICADA AO OSCAR” embaixo do nome dela no cartaz, dado que ela já concorreu ao prêmio por melhor atriz coadjuvante. Obrigada pelo comentário!
Caroline®
February 16, 2017 @ 12:18 pm
Lara, vc tem muito sangue frio pra ser educada e classuda com fakes que se recusam a pensar. Certamente, o nobre comentarista já viu TODOS os filmes com TODAS as atrizes asiáticas pra afirmar que NENHUMA tem talento e carisma o suficiente pra fazer o papel de uma heroína japonesa. É casa coisa que a gente lê nessa internet….
Pandora
February 16, 2017 @ 1:07 pm
O rapaz (sim, estou presumindo o gênero da criatura em questão) certamente não leu o texto (pulou parágrafos) ou tem uma capacidade de raciocínio/interpretação/crítica muito, mas muito limitada mesmo.
Eu também comecei a discordar do texto quando pensei que o “grande nome” dá o hype necessário aos filmes. Mas, nos 3 parágrafos seguintes, o texto te leva a pensar mais e entender por que isso é uma falácia. O argumento da bilheteria pífia de “Cavaleiro Solitário” e “Êxodo” é imbatível.
E por fim, estou impressionada com o conhecimento da criatura acerca de atores e atrizes asiáticos. Incrível que não perceba que a própria falta de conhecimento dele sobre tais artistas revela um grave problema no sistema.
Excelente texto. Parabéns pelo “sangue frio” nas respostas.
Allan
February 16, 2017 @ 1:18 pm
Poxa estava super ansioso para ver o filme. A ignorância é uma benção 🙁
Obrigado pelo texto!
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 12:26 am
Ué cara porque não assistir, tudo citado no post, não muda em nada a experiência de um filme, erro é achar que ele pode ser ruim antes de assistir ele.
Att Eduardo
SJW OTHERSMONEY
February 16, 2017 @ 2:00 pm
1-A Rinko Kikuchi é uma boa atriz mesmo, só que falando japonês. Ela tem um inglês horrível, fica caricata a interpretação por conta disso. E ela não é tão carismática e nem tão bonita quanto a Scarlett Johansson, não mesmo. Quando digo que não tem atriz asiática boa para interpretar o Ghost in the Shell tem que ter em mente que é uma produção Hollywoodiana e vai ser falada em inglês. Os americanos não gostam de inglês quebrado/mal-falado fora de comédias. (Lembrando que Pacific Rim com ela foi um fracasso absoluto de bilheteria – Production Budget: $190 million – Domestic Total Gross: $101,802,906)
3-Deuses do Egito, Peter Pan, Aloha, Príncipe da Pérsia, O Cavaleiro Solitário são filmes péssimos e não dariam dinheiro mesmo que tivessem atores das etnias originais/corretas. Se o padrão de Hollywood é o whitewashing e Hollywood dá muito dinheiro, não tem sentido pegar os fracassos apenas para falar que o whitewashing “não é a resposta”. Whitewashing tem dado certo financeiramente por um século pelo menos para Hollywood.
4-Não foi intenção de atingir a Lara, apesar de discordar com a postura dela em alguns temas e dizer que falta auto-crítica. Ela é excelente no que faz, apesar de não arriscar muito financeiramente, não cobra pelo trabalho que faz no site, e é muito gentil, educada e inteligente. Se os justiceiros sociais online existem, é ótimo que tenha alguém como ela, que dê para dialogar, etc. Me desculpe pelo tom duro da primeira postagem.
Luana
March 14, 2017 @ 3:06 am
Filho, Hollywood é a maior furada. Os caras investem um dinheirão e tem muito filme que não retorna nem metade disso, o que falta pra eles é justamente o pensamento corporativo que você tanto fala. Em contrapartida, temos o netflix e o netflix tem o que chamamos de bigdata. Eles sabem exatamente o que público deles quer e é justamente por isso que continuam produzindo conteúdo original com protagonistas que são minorias. Quando você ver uma marca com o discurso que você chama de “sjw”, você deveria saber que (infelizmente) não é pela causa e sim por que vende. Ser conservador e capitalista são coisas que não combinam, afinal no livre mercado a demanda muda, público-alvo muda, o mercado muda, você muda.
E é por isso que hollywood já não é mais aquela indústria que costumava ser (http://www.vanityfair.com/news/2017/01/why-hollywood-as-we-know-it-is-already-over)
Sobre a Scarlett, óbviamente ele é linda e talentosa, mas aposto que ela estaria fazendo outro filme igualmente bom se não fosse por esse. Outro problema, é que as pessoas acham que só os atores que já são conhecidos que são bons, num google rápido você descobre que no continente asiático existem 4,436 bilhões de pessoas e NENHUMA DELAS seria boa o suficiente??? Poderiam simplesmente ter pegado uma desconhecida como fizeram em Star Wars e deu certo, por que tem muita gente talentosa mundão afora, afinal, novos atores podem existir! Agora, imagina se fosse um filme pra exaltar a história do Brasil, por exemplo, mas nenhum dos personagens fossem brasileiros. Vai dizer que isso não ia te dar uma estranheza???
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 12:37 am
[editado] SJW OTHERSMONEY, vamos aos seus pontos:
1- Ao que parece vc nem sabe quem são os atores japonês, e língua pode ser aprendida relativamente rápido, olha o Jackie Chan, aprendeu inglês para fazer filmes no ocidente.
2- Como levar a serio um cara que nem sabe contar?
3- SJW OTHERSMONEY, vc não falou nada com nada, não tem sentido algum o que foi escrito, nem merece comentários.
4-SJW OTHERSMONEY, para minha surpresa vc tem cérebro, pelo menos é educado, mas uma duvida me venho a mente, o que tem a ver dinheiro com o blog, acho que ela escreve o que ela quiser e como quiser, se não concorda, coloque seus argumentos de forma educada e inteligente, isso é o mínimo que se espera de alguém civilizado, pois quem sabe na próxima vez vc não tenha de pedir desculpas.
Att Eduardo.
Bianca Ferreira Rodrigues
February 17, 2017 @ 12:41 am
O problema com a nacionalidade chinesa é a super censura que rola no país. Um dos motivos dá escalação da Tina para o Dr. Estranho é que os produtos não queriam ter o filme proibido num mercado tão grande como a China. Tem um vídeo do Nerdologia sobre isso, recomendo muito.
Bruno Dutra
February 18, 2017 @ 11:57 pm
O que é outra questão ética… Você deixa de retratar um tibetano pelo risco de censura de um país e alega “não se envolver em questões políticas”… se cala e não retrata o tibetano. Como assim não se envolveu numa questão política? Escolheu lado inclusive. Entendo que questões pragmáticas e financeiras regem a indústria cinematográfica e o capitalismo, no entanto não regem a sociedade. Não o deveriam, ao menos.
A economia vem para servir o homem e lhe trazer melhores condições de vida, a economia não é um fim em si mesmo, quem o é, é a ética, a filosofia. Percebi no seu comentário uma apologia ou condescendência ao ato da produtora em mudar a escalação do tibetano para não desagradar o governo chinês, no entanto, como disse antes, não é o dinheiro que deveria reger a nossa sociedade. Deveríamos nos preocupar em discutir a questão da ocupação criminosa (ou não) do Tibete pela China e o que isso significa em seus contextos políticos globais e em seus contextos humanos, da vida do homem. RETIRAR um tibetano duma obra cinematográfica não contribui para isso, e infelizmente não manchou tanto a imagem da empresa (multibilionária) quanto eu gostaria que tivesse manchado, o que é muito infeliz, testifica a falta de conhecimento da população de hoje. A Marvel demonstrou uma covardia e desumanidade muito grande com o episódio e espero que a história não esqueça.
MAIARA MARIA DE JESUS SANTOS
February 20, 2017 @ 4:01 pm
Você nem te coragem de aparecer, querido (pelo nome do fake presume-se que seja homem).
Argumento 1: Você já ouviu falar em dublagem??? Morreram todas as mulheres bonitas do mundo e só ficou a Scarlet? Porque uma asiatica não é bonita? Quem foi que te disse isso??? Hum…
Argumento 2: Mas essa é a desculpa que se dá quando atores brancos são escalados para papéis que definitivamente não são seus.
Argumento 3: Acho que não é da Lara que falta auto-crítica. Talvez você pensasse que se não existisse esse tipo de coisa, que o racismo fosse diminuindo a cada dia, o capital não precisaria de atores de hollywood (apenas, como se esse fosse o único local que tivesse bons atores e que trouxessem capital para a industria cinematográfica) brancos e padrões, fizessem filmes nos lugares de pessoas aos quais o papel deveria pertencer.
É ridículo isso! E vc sabe o que é pior? Que o racismo estrutural faz um trabalho tão bem feito que você não percebe que ele exista e ainda o defende!
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 12:48 am
Ótimo ponto, é questão de arrecadar, eles não querem perder um lucro tão grande como na China que hoje conta com a segunda maior arrecadação perdendo apenas para os USA, então entrar sem motivo em uma questão política é dar um tiro no pé, e não arrecadar nesse mercado. E o vídeo citado pela Bianca Ferreira Rodrigues é esse talvez seja uma boa assistir. [editado]
Att Eduardo
SJW OTHERSMONEY
March 28, 2017 @ 11:55 am
Eduardo Marzana: Cara realmente eu exclui o item 2 porque era mais uma crítica a Lara… e esqueci de renumerar a sequência, foi uma falta de atenção, não falta de conhecimento, por favor….e se for por essa linha poderia dizer o mesmo de você: você escreveu “quem são os atores japonês” , e o certo é “atores japoneses”, como levar a sério alguém que nem sabe escrever??????????
O Jackie Chan faz filmes cômicos…é aceitável que ele tenha um inglês pessimamente falado e como falei no meu comentário, “Os americanos não gostam de inglês quebrado/mal-falado fora de comédias.” Ou seja, ele faz comédia, então é aceitável, até desejável, que ele fale inglês com um fortíssimo sotaque chinês.
O desafio aqui não é achar uma boa atriz asiática, é achar uma atriz asiática com mais potencial de atrair público para o filme do que a Scarlett Johansson. Ponto.
De acordo com o Censo 2010 dos EUA, os asiáticos são 4,8% da população. Porque colocar uma protagonista que faz parte desse grupo tão ínfimo? A pergunta é essa.. Hollywood não é uma agência de caridade e ter uma protagonista asiática não vai melhorar a situação dessa população.
Outra coisa, porque ninguém questiona a falta de brancos na indústria de cinema chinesa, sul-coreana e japonesa? Só a falta de asiáticos na hollywoodiana?
Érica Nagai
February 17, 2017 @ 8:19 am
Não darei UM CENTAVO por esse filme! Vou esperar sair no popcorn time e só vou ver pra falar mal depois u.ú
Muito obrigada pelo texto! Gostaria de só acrescentar um argumento bosta q vi muito por ai: “Mas os japoneses do Japão disseram que não se importam, então pq vcs estão reclamando??”
Vi alguns videos sobre isso, aparentemente alguns canais fizeram uma “pesquisa” no japão perguntando oq eles achavam do whitewashing que Ghost in the Shell estava sofrendo… E praticamente todos disseram que não se importavam. Mas é claro que eles não se importam, pq:
1) Japones no Japão não sofre racismo. O Japão produz MUITO conteúdo para próprio, feito de japoneses para japoneses, eles teem toda a representatividade que precisam para se enxergarem como pessoas e não como uma exceção! Estamos falando dos asiáticos FORA dos seus países de origem! isso não é OBVIO??
2) essas “pesquisas” feitas por youtuber é basicamente abordar 5 pessoas na rua…. Wow! Realmente dá pra tirar uma média muito boa sobre o assunto!
Se a Disney não escalar uma chinesa para o papel da Mulan (alias, para todo o elenco, pq né) vou ficar tao decepcionada… Prefiro nao pensar no assunto até darem mais notícias….
Bj
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 12:59 am
Érica Nagai, que feio, não só está sendo preconceituosa com o filme que nem assistiu ainda, como está encorajando a pirataria, isso em um blog que luta contra a descriminação, vamos aos pontos.
1-Seu primeiro erro Japonês sobre sim muita discriminação no pais dele, por muitos motivos, principalmente as mulheres, isso é tão grave que o Japão é o 3º ou 4º( não me lembro ao certo) pais em taxa de suicídios, coincidência?
2-Bem depende da pesquisa, olha ai vc generalizando e sendo preconceituosa novamente, já vi pesquisas de youtuber que escutam algumas milhares de pessoas, o fato de ser youtuber não descredibiliza ninguém.
E a Disney ela faz o que quiser com os filmes dela, se ela quiser usar negros no Mulan, pode usar, o importante é ter um motivo e ter uma historia legal [editado].
Att Eduardo
mazu
February 18, 2017 @ 10:27 pm
otimo texto, o paragrafo sobre o racismo reverso me fez pensar sobre e vai me ajudar em discussoes caso tentem me pegar por esse lado
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 1:02 am
Concordo com vc Mazu, tirando as escorregadas e a falta de pesquisa em alguns pontos o texto está muito bom mesmo, e esse ponto que vc cito está particularmente legal.
Att Eduardo
MAIARA MARIA DE JESUS SANTOS
February 20, 2017 @ 3:52 pm
Meninas, esse é bem novo e já vei estrear no cinema, é o filme a grande muralha que tem Matt Damon como um defensor da muralha da China. Matt Damon… Matt Damon… Nem conhecia o termo mais já fiquei chocada quando vi o comercial.
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 1:09 am
Olá MAIARA MARIA DE JESUS SANTOS, esse filme que vc citou é uma produção quase que 100% chinesa, os produtores chineses, quem escalaram o elenco, que tem em seu elenco:
Matt Damon, Jing Tian, Pedro Pascal, Willem Dafoe, Zhang Hanyu, Andy Lau, Numan Acar, Eddie Peng e diretor Yimou Zhang. Reparou uma coisa curiosa? o Diretor e grande parte do elenco principal é chinês. Logo foi escolha dos chineses esses atores.
Att Eduardo.
Thaís
February 20, 2017 @ 5:56 pm
Não estou entendendo o argumento do moço fake aí em cima… Então só podemos dar opinião se ganharmos mais dinheiro com a crítica do que o diretor com o filme? Só podemos criticar se estamos nos “arriscando financeiramente”? Tá louco rapaz?
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 12:17 am
Olá, bom dia, boa tarde ou boa noite, não vou falar sobre o post em si, mas no caso do Ghost in the Shell, no mangá e nos animes é deixado muito claro que a Major, ou Motoko( nome adotado nos animes, e que ela mesmo escolhe) não tem uma etnia, não é de lugar algum, afinal ela é um cyborg praticamente criada do zero, então usar a Scarlett Johansson pode fazer, muito sentido, sem contar que os estúdios precisam de atores famosos para promover seus filmes. Sobre ser ambientado no Japão, ai tem outro equivoco, pois na historia original não tem se quer menção que eles estão na Ásia ou em qualquer outro lugar. Agora eu concordo quando vc fala Whitewashing, de fato pode acontecer e já aconteceu muito em Hollywood, mas tem diminuído muito, pensa no Nick Fury ser negro, interpretado pelo ótimo Samuel L. Jackson( ele na verdade é branco ), ou o Perry White ser negro, interpretado pelo excelente Laurence Fishburne(na revista em quadrinho ele é branco) ou o Rei do Crime interpretado pelo gênio e saudoso Michael Clarke Duncan (tb é branco nos quadrinhos), Esses são exemplos só para ilustra que é uma pratica que está cada vez mais caindo em desuso atualmente. Entendo sua luta e acho que é bem verdadeira, mas vamos ser menos superficiais procurar e estudar sobre o que estamos falando, está claro que a senhorita Lara Vascouto não sabe do que se trata a obra que ela citou( Ghost in the Shell), vejo que isso é recorrente nesse blog, por favor tome cuidado com isso, no mais acho que seu texto tem ótimos pontos de vista, mas lembre-se toda mudança leva tempo, então tenha paciência, Obrigado.
Att Eduardo.
Eduardo Marzana
March 24, 2017 @ 8:51 pm
Venho por meio dessa mensagem agradecer, e perguntar porque vc editou as minhas mensagem? Censura? Bem pelo menos algumas foram colocadas na integra, não acho que fui rude ou mal educado, só acho que vc luta por um motivo certo mas de uma forma errada, e como eu disse antes, eu não sou seu inimigo, quero te mostrar que vc tem caminhos melhores de mostrar seu ponto de vista sem ser ficar mostrando, exemplos muitas vezes errados.
Att Eduardo
pS Estou triste de ser censurado logo aqui, sinto uma incoerência na luta.
Rafa
March 28, 2017 @ 2:06 am
Só ia dizer que a Rinko Kikuchi ia ser maravilhosa no papel mas aparentemente não fui a única com essa idéia! Shame on you, Rupert Sanders. Perdeu a oportunidade de trabalhar com uma atriz incrível que ia certamente render um monte de crítica positiva pro filme