12 Filmes com Gêneros Trocados que Eu Queria Muito Assistir
Pensei aqui em em algumas histórias que sempre são contadas no masculino que poderiam se beneficiar de uma inversãozinha básica de gênero.
Inversão de gênero na mídia. Não, eu não estou falando sobre novas sequências para Se Eu Fosse Você, nem sobre aquelas iniciativas de conscientização contra o machismo que eu adoro, que colocam homens objetificados sexualmente no lugar de mulheres em peças publicitárias.
Se bem que, pensando agora, eu quero muito falar sobre isso.
Mas não agora. Agora eu estou falando sobre um outro tipo de inversão de gênero, que apesar de não ter necessariamente um cunho feminista ou mesmo de crítica ao machismo, ainda assim traz benefícios consideráveis na forma como enxergamos homens e mulheres. Estou falando dos filmes e séries que escalam mulheres para interpretar papéis originalmente e/ou historicamente escritos para homens.
O novo Caça-Fantasmas com um equipe 100% feminina pode ser o exemplo mais famoso de inversão de gênero em um filme, mas definitivamente ele não é o único. Apenas nos últimos anos, Julia Roberts estrelou em Olhos da Justiça no papel que foi de Ricardo Darin no original O Segredo dos Seus Olhos; Sandra Bullock assumiu o papel que seria originalmente interpretado por George Clooney em Profissionais da Crise; Salt foi protagonizado por Angelina Jolie em um papel escrito originalmente para o Tom Cruise; e Carrie-Ann Moss interpretou a advogada Jeri Hogarth na série Jessica Jones – um homem na história original.
Além disso, temos outros filmes com inversões de gênero para o futuro próximo, como o remake de Os Safados, com Rebel Wilson e Anne Hathaway, e o spin off da trilogia Ocean’s, com um elenco composto por Sandra Bullock, Cate Blanchett, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Rihanna, Mindy Kaling, Sarah Paulson e Awkwafina.
Só maravilhosidade.
Pois bem, pessoalmente, eu não sou muito fã de remakes (embora tenha adorado Caça-Fantasmas!), porque né. Quero ver coisas novas, não várias versões da mesma coisa com intervalo de vinte anos entre cada uma. Mas, se remake é o que tá tendo, eu aplaudo de pé as iniciativas que trazem esse tipo de inversão, e aplaudo ainda mais produções originais que por algum motivo decidem escalar atrizes para papéis que inicialmente foram escritos para atores (como foi o caso com Salt).
Lembrando que foi uma decisão como essa que nos trouxe Ellen Ripley em Alien – uma das heroínas mais bem escritas do cinema.
Poxa! Mas por que não escrever mais protagonistas femininas ao invés de ficar tomando papel dos caras?! – alguém aí está dizendo.
E eu concordo plenamente (não com a parte do “tomando papel dos caras”, porque affe, mas sobre escrever mais protagonistas femininas). O problema é que parece não haver muito interesse em escrever mais mulheres. Embora o número de protagonistas femininas tenha aumentado 7% no último ano, ainda assim elas foram apenas 29% dos protagonistas dos grandes filmes de 2016. E mesmo quando temos mulheres estrelando os filmes, muitas vezes elas ficam restritas a papéis fortemente influenciados por estereótipos de gênero.
Nesse sentido, essa tendência de filmes com inversões de gênero pode contribuir para mostrar tanto para o público, como para os estúdios que, oras, é possível sim escrever personagens femininas tão complexas e em posições tão variadas como os masculinos. Principalmente quando a galera percebe que, em muitos casos, os personagens podem muito bem ser escritos sem gênero nenhum em mente, porque adivinha só: homens e mulheres compartilham dramas e vivências de sobra simplesmente como seres humanos.
“Não foi um daqueles casos em que pensamos, ‘Humm, como mudamos esse personagem para uma mulher?’. Só mudamos o gênero; foi basicamente isso. Ela é humana. Ela lida com vícios; lida com transtorno mental. Ela é brilhante no que faz, e ela se perde no fato de que só se importa com uma vitória”. – Sandra Bullock sobre seu papel em Profissionais da Crise, originalmente escrito para o George Clooney.
Dessa forma, esses filmes ajudam a ampliar para o público os limites de como homens e mulheres podem ser representados (e, consequentemente, podem existir na vida real). Inverter gêneros é uma forma relativamente fácil de fazer isso, além de muito interessante, dado que uma história batida pode ter um efeito completamente novo e inovador justamente por desafiar as concepções do público sobre o que mulheres podem fazer e as posições que elas podem ocupar. Isso sem contar as maravilhas que filmes assim fazem para meninas e mulheres em termos de representatividade.
Eu nunca vou superar essa foto, é linda demais.
Enfim, foi refletindo sobre tudo isso que eu fiquei aqui pensando em alguns tipos de histórias que sempre são contadas no masculino que poderiam se beneficiar de uma inversãozinha básica, seja por questões de representatividade, seja como crítica mesmo, para nos fazer pensar. Pensa só que da hora que seriam filmes/séries sobre…
- Três amigas que precisam resgatar uma quarta amiga de um monstro em um mundo invertido, com a ajuda de um garoto esquisito com poderes paranormais.
- Uma professora de Química que começa a cozinhar e vender metanfetamina quando descobre que tem câncer (e pega gosto pelo negócio).
- Uma mulher depressiva que começa a ver a vida de forma diferente com a ajuda de um rapaz adorável e cheio de uma sabedoria misteriosa baseada em alegria de viver.
- Uma escritora obsessiva-compulsiva, anti social e detestada por todos que consegue a simpatia e o interesse romântico de um garçom vinte seis anos mais novo do restaurante que frequenta diariamente.
- Um belo rapaz de vilarejo que acaba preso em um castelo encantado, refém de uma fera monstruosa que na verdade é uma mulher amaldiçoada. Eles se apaixonam.
- Uma militar que comanda um grupo para resgatar em plena guerra a soldada Ryan, caçula de quatro irmãs, dentre as quais três morreram em combate.
- Quatro físicas nerds e sem habilidades sociais que de repente ficam amigas de um vizinho gostosão e não muito esperto que se interessa por uma delas.
- Uma médica cuzona e fodástica em medidas iguais, viciada em remédios para dor, em destratar todo mundo e em fazer comentários diários de teor sexual para o seu chefe.
- Uma milionária que depois de passar a noite com um garoto de programa 18 anos mais jovem o contrata para acompanhá-la em compromissos sociais. Eles se apaixonam.
- Uma jovem problemática que trabalha como faxineira em uma universidade quando um professor descobre que ela é um gênio da matemática. Com a ajuda de uma terapeuta, ela precisa confrontar seu passado e seu possível futuro.
- Uma menina que é esquecida em casa pela família nas férias de natal e precisa armar armadilhas engenhosas para se defender de dois ladrões que querem invadir a sua casa.
- A capitã Kirk, que lidera uma missão para capturar uma arma de destruição em massa com a ajuda da comandante Spock, a médica McCoy, a engenheira Scott, a tenente Sulu e o tenente Uhura. Juntos elas precisam enfrentar a vilã Khan Noonien Sing.
E aí? Tem alguma ideia com inversão de gênero que quer ver nas telas também? Deixe aí embaixo nos comentários!
Confira também nosso infográfico sobre desigualdade de gênero em Hollywood.
Denise
March 29, 2017 @ 5:58 am
SOCORRO QUERO TODOS! Morri com o do Soldado Ryan, GENIAL. Tô com um livro aqui pra ler, Front Lines, que tem esse feel de WW2 reimaginada com mulheres nos frontes da guerra. Amo essa ideia e pagaria cinco ingressos pra ver isso no cinema!
Um genderbent que eu sou louca pra assistir – e que até foi considerado, quem sabe acontece – é The Expandables só com mulheres. Gosto muito do original e a ideia dos brucutus clássicos estrelando o filme, gostei da trilogia, mas gostaria muito mais de ver um apenas com mulheres. Imagina que demais um filme de ação naquele estilo com atrizes como Sigourney Weaver, Helen Mirren, Milla Jovovich, Michelle Rodriguez, Uma Thurman, Zoe Saldana, Lucy Liu, etc? É MEU MAIOR SONHO!
Post maravilhoso, como sempre.
Lara Vascouto
March 31, 2017 @ 11:54 am
Seria da hora mesmo, Denise! Então, sobre a soldada ryan (he he), não precisaria nem reimaginar nada, porque muitas mulheres lutaram na segunda guerra mundial. Hoje em dia, então, tem um monte de mulher lutando em guerra. Enfim, obrigada pelo comentário!
Elaíne Nasci
March 30, 2017 @ 12:02 am
Me dá um siricutico toda vez que vejo falar de Ocean’s na versão feminina, só atriz fodástica e mulheres que amo.
Vai ser épico!
Lara Vascouto
March 31, 2017 @ 11:51 am
VAI!!
Dan
March 31, 2017 @ 2:18 pm
Uma menina que é esquecida em casa pela família nas férias de natal e precisa armar armadilhas engenhosas para se defender de DUAS LADRAS que querem invadir a sua casa.
Lara Vascouto
March 31, 2017 @ 2:27 pm
Boa!!
Maria Izabel
April 3, 2017 @ 7:43 pm
Ah, eu amaria ver Peixe Grande e suas histórias maravilhosas, que seria uma avó contando para a neta as aventuras de sua vida de uma maneira lúdica, criativa, cheia de fantasia, sem saber o que era ficção ou não.
E que tal mudar o gênero de Poderoso Chefão… ao invés de chefe da família e da máfia italiana ser um homem, ser uma mulher italiana incrível (pensa na Sophia Loren?), e as filhas serem as herdeiras do legado… ah, me arrepio só de pensar…
Lara Vascouto
June 2, 2017 @ 3:17 pm
Nossa, que maravilhoso seria!
Amanda
April 10, 2017 @ 5:04 pm
Eu não assisto filmes que só tenham personagens masculinos ou que tenha apenas uma mulher no elenco principal. Sempre foi assim. Simplesmente porque não consigo me identificar com os personagens ou com a história. Até há alguns anos, eu achava que era muito “mulherzinha” por não gostar de filmes assim. Agora eu entendo o que tanto me incomoda. Qual é o meu interesse em assistir uma história da qual eu já fui excluída?
Lara Vascouto
June 2, 2017 @ 3:17 pm
Faz sentido, Amanda. 🙁
Caio Borrillo
April 10, 2017 @ 11:00 pm
A-DO-REI as montagens profissionais! Hahahahaha! E uma agente da IMF que salva o mundo de uma supervilã que quer detonar bombas nucleares? Uma agente de sua majestade? Seria demais!
Lara Vascouto
June 2, 2017 @ 3:17 pm
Socorro, quero!
Cecília
April 11, 2017 @ 7:10 am
E que tal mudar o gênero de MIB – Homen de preto? Poderia ser WIB – Mulheres de preto: duas agentes, Agente J e Agente K, membros de uma organização super secreta, monitoram e policiam atividade alienígena na Terra.
Lara Vascouto
June 2, 2017 @ 3:17 pm
Ameeeei!!
Juliana
April 18, 2017 @ 1:52 am
Amei o post. É simplesmente fantástico. São vários filmes que eu amaria ver com gêneros invertidos.
Mas isso, os fandoms já estão há algum tempo fazendo. Para pessoas (que na sua maioria são meninas e mulheres) que fazem parte de fandoms, histórias com gêneros invertidos não são novidades. Você pode buscar qualquer fandom em que a maioria dos personagens principais são homens e vai ter alguma (ou várias) fics em que estes personagens são mulheres, e na maioria das vezes o personagem não precisou mudar muito para se tornar uma mulher. Acredito que isso mostre o quanto os fãs buscam por esse tipo de conteúdo, que ainda é muito pouco disponível nos meios comuns, como cinema e televisão. Amei todas as ideias, assistiria todas.
Lara Vascouto
June 2, 2017 @ 3:18 pm
Verdade, Juliana!!