6 Curiosidades sobre Mulher-Maravilha para Quem (Ainda) Não está Animado para o Filme

Mulher-Maravilha transcende o seu universo e consegue ter um impacto mesmo em quem não tem familiaridade nenhuma com HQs.

Essa semana começa com muita expectativa para quem está ansioso para o lançamento mais aguardado do momento: o primeiríssimo filme solo da Mulher-Maravilha, a mais icônica super-heroínas. Pessoalmente, eu não sou uma pessoa que curte muito super-heróis, mas a beleza de Mulher-Maravilha é que ela transcende o seu universo e consegue ter um impacto mesmo em quem não tem familiaridade nenhuma com HQs.


Principalmente em meninas e mulheres.

 

E como representatividade é tudo nessa vida e eu estou com o coraçãozinho estourando com tantos vídeos, fotos e entrevistas nessa reta final para o lançamento do filme, achei por bem fazer uma singela lista com informações sobre essa produção e heroína tão importantes (pra animar quem ainda não está animado, por assim dizer). Então vamos a elas!

Esse é um filme aguardado há mais de 70 anos

É realmente impressionante o tempo que o filme solo da Mulher-Maravilha demorou para sair do papel. Criada em 1941 por Moulton Marston e H. G. Peter, a super-heroína é um dos maiores ícones da cultura pop e teve um impacto gigantesco no imaginário feminino pós Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, a personagem só passou das páginas para a telinha em 1974, após sete anos de tentativas. Na época, a amazona Diana foi imortalizada na pele da lendária Lynda Carter na série da ABC que lançou a super-heroína a novos públicos.

Com o término da série em 1979, no entanto, a personagem em live action nunca mais havia voltado às telas até a recente encarnação de Gal Gadot em Batman versus Superman, muito embora muitas tentativas tenham sido feitas ao longo dos anos. Desde 1996 o projeto vinha passando pelas mãos de diversos profissionais da indústria, sem nunca sair do papel – fato atribuído pelo roteirista Joss Whedon à falta de entusiasmo da Warner Bros. De fato, durante muito tempo os estúdios responsáveis pelos filmes de super-heróis hesitaram em trazer protagonistas femininas para a telona, porque restringiam o seu público a garotos adolescentes e imaginavam que eles não gostariam de ver uma mulher lutando, no papel principal.

Por isso, os anos passaram e foi só em 2013 que começaram os rumores de que Batman vs Superman contaria com uma presença feminina. Dito e feito: em 2016 Gal Gadot encarnou a heroína nos cinemas pela primeira vez em mais de 30 anos, abrindo as portas para o seu primeiro filme solo esse ano.

Quem assina a direção é uma mulher

Durante as quase duas décadas que o projeto do filme da Mulher-Maravilha foi jogado para lá e para cá, uma profissional estava pronta para o desafio desde o início: a diretora Patty Jenkins.

Em 2003, Jenkins atraiu todas as atenções ao estrear com o seu impactante Monster – Desejo Assassino, filme sucesso de crítica e bilheteria que inclusive rendeu um Oscar a Charlize Theron. Alçada a um novo patamar, a cineasta propôs sua ideia de um filme de origem da Mulher Maravilha, mas a Warner acabou não a acatando e Jenkins se envolveu em outros projetos. Somente em 2015, doze anos depois de sua ideia inicial, a cineasta foi anunciada como diretora do longa, tornando-a uma das primeiras mulheres a dirigir um filme com orçamento superior a 100 milhões de dólares.  

A página Dias de Cinefilia fez um resumo legal da saga da Patty Jenkins para fazer esse filme.

 

Acertadamente, o estúdio queria uma diretora mulher para o filme solo da heroína mais icônica da cultura pop, o que acabou refletindo em representatividade feminina também em outras áreas da produção. Além disso, a escolha de uma diretora tem um impacto gigante na forma como uma mulher como Diana é representada. O que nos leva ao próximo ponto.

A produção não apela para a hipersexualização ou masculinização da personagem

Mulheres são tão complexas quanto homens, mas na maioria das vezes em que uma personagem feminina fodástica é criada ou adaptada para o cinema, acabamos recebendo uma visão estereotipada do que as pessoas acham que é uma mulher forte e empoderada: ou uma femme fatale, ou uma mulher durona e masculinizada (isto é, que adere a estereótipos masculinos ao invés de femininos).

Também por esse motivo é tão bom ter uma mulher como diretora de Mulher-Maravilha. Em uma entrevista à revista Marie Claire, Jenkins conta que passou bastante tempo pensando em como traduzir força quando ela vem de uma mulher para as telas. Não é porque uma mulher é fisicamente forte, que ela precisa ser emocionalmente distante. A Mulher-Maravilha é icônica também por isso, ela é um personagem completo. De acordo Jenkins:

“Teve uma época quando todo mundo estava obcecado por fazer super-heroínas duronas como um homem, mas na realidade elas precisam ser vulneráveis. E é importante ser super confiante com isso. Sim, a Mulher-Maravilha é mais suave – e por isso mesmo é mais badass.”

Sobre a hesitação dos estúdios que fez com que o projeto demorasse tanto tempo para sair do papel, Jenkins foi franca. De acordo com a cineasta, em entrevista para o Omelete:

“Ainda é hilário para mim que [em Hollywood] você pode fazer filmes sobre um caracol, um orangotango ou um cachorro e fazer deles personagens universais, mas quando você tenta fazer uma mulher ser um personagem universal escuta, ‘hum, não sei, não sei’”.

É um alívio saber que Mulher-Maravilha foi feito não só por uma mulher, mas por uma mulher com tanta clareza sobre a representação feminina no cinema.  

Gal Gadot parece perfeita no papel

Inicialmente criticada quando foi escolhida para o papel, Gal Gadot silenciou muita gente quando sua encarnação de Diana em Batman vs Superman foi considerado o ponto redentor do longa. Sem muitos filmes significativos no currículo, esse é o primeiro grande papel de Gadot, que antes de ser atriz já foi modelo, estudante de direito, miss e recruta do exército israelense. Em entrevista à Marie Claire, Zack Snyder contou sobre o processo de escalação:

“Fizemos testes por meses e meses. Tinha duas coisas importantes para nós: obviamente, precisávamos de uma atriz incrível. Mas também queríamos uma pessoa incrível. Muitas crianças não conseguem diferenciar o ator do personagem, e nós queríamos ter certeza de que quem quer que escolhêssemos seria a representação perfeita.”

Em entrevista para o Omelete, Patty Jenkins corroborou a escolha:

“Há poucas pessoas que conseguem acessar um leque de emoções de forma honesta. Gal Gadot não é vaidosa, não é fútil, é profundamente bondosa, profundamente cuidadosa, muito otimista, muito forte, com uma pureza genuína no seu sorriso. Ela cresceu em Israel e tem esse entendimento complexo de ver conflito de verdade ao seu redor e ainda é capaz de manter essa esperança e pureza. E isso é tão Mulher-Maravilha! É exatamente isso que a Mulher-Maravilha precisa ser. Seria um desafio enorme ter alguém fútil…Alguém sem caráter não saberia agir como a Mulher-Maravilha. Já alguém que é assim, é apenas automático, vem naturalmente. Ela é uma ótima atriz e fez um ótimo trabalho, mas ela também é essa pessoa que exala amor, bondade, bravura e consideração e todas essas coisas”.

As primeiras reações são fenomenais

Até esse momento, apenas um grupo sortudo de pessoas já assistiu ao filme e, felizmente, as reações são incríveis! As lindas do Collant sem Decote reuniram as várias reações positivas que o filme recebeu – você pode conferir todas elas aqui!

A Mulher-Maravilha é um ícone feminista

Embora seja uma personagem inserida em um contexto capitalista de cultura de massa, a Mulher-Maravilha encarna diversos valores que geram identificação com as pautas feministas, como sua independência, sua força, sua integridade e luta pela paz e pela justiça. Como uma das personagens mais empoderadas da cultura pop, a amazona Diana traz uma representatividade que teve um impacto muito grande nas mulheres ao longo das décadas, e ainda tem. Como a Dani Marinho bem resumiu nesse excelente texto para o Minas Nerds:

“Escolher a Mulher-Maravilha como um ícone significa assumir um símbolo de poder num exercício de empoderamento. A Mulher-Maravilha é um símbolo de poder, de poder da mulher. Mesmo que haja uma ambiguidade e, inclusive, uma contrariedade nos enfoques em quase 80 anos de histórias (isto é, nem sempre as histórias da Mulher-Maravilha foram pró-libertação das mulheres, reproduzindo, não raras vezes, clichês patriarcais, sobretudo, pelo fato de essas histórias serem escritas por homens imersos em uma sociedade patriarcal) há certas convenções primárias em torno do mitema de suas histórias que perduram ao longo dos anos, de modo que, dentro dessa ambiguidade, seja possível identificar e reconhecer a Mulher-Maravilha como símbolo de poder da mulher.”

E Patty Jenkins completa, em entrevista ao Omelete:

“Ela não é feminista, pois nunca ocorreu a ela que alguém seria tratado diferente, o que por si só é uma declaração poderosa. Fico aborrecida quando ela se torna o centro de controvérsias sobre ser ou não um ícone feminista. Ela é. Ela tem sido por muito tempo, ninguém pode decidir se ela deveria ser ou não. Ela é, para muitas mulheres e homens que se identificam com ela”.

E que venha junho!


Visite as páginas do Collant Sem Decote e Minas Nerds, que elas têm dezenas de textos fodas sobre a Mulher Maravilha!

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