4 Argumentos a Favor do Cavalheirismo que Provam que Cavalheirismo é Machismo
Cavalheirismo é machismo, afinal? A julgar pelos argumentos usados por quem o defende, tudo indica que sim.
Ao longo dos últimos novecentos anos, o termo cavalheirismo já significou muitas coisas. Nos seus primórdios, ele era a alma da romantização da ação cruel e violenta dos soldados durante as Cruzadas. Mais tarde, ele se tornou um código de conduta ético, moral e religioso extremamente rigoroso para cavaleiros medievais – idealizado e cumprido apenas dentro da cabeça de romancistas ultra-imaginativos da época, é claro.
Hoje em dia, no entanto, usamos o termo cavalheirismo para falar de atos de gentileza praticados por homens para benefício exclusivo de mulheres. Obviamente, porque essa exclusividade registra uma diferença de tratamento entre homens e mulheres, as motivações por trás do cavalheirismo vêm sendo estudadas já há algumas décadas e identificadas como resultado de machismo. E como é de se esperar, muita gente fica confusa com isso.
Um dos principais argumentos a favor do cavalheirismo defende que a prática é uma expressão de gentileza, de educação. “Porra, quer dizer agora que ser educado é ser machista, então?”, é a frase que mais vi por aí em discussões sobre o tema. Acho importante frisar, portanto, o seguinte:
Cavalheirismo não é a mesma coisa que gentileza.
Ninguém fala “nossa, que cavalheira!”, quando uma mulher segura a porta para alguém. Mulheres podem ser gentis, mas não cavalheiras. Da mesma forma, quando homens praticam gentileza com outros homens, eles não estão sendo cavalheiros. Isso porque, como já foi dito, o cavalheirismo moderno é entendido exclusivamente como a prática de atos de gentileza de homens para mulheres. Se você acha que ser cavalheiro é ser gentil e educado – não só com mulheres, mas com todas as pessoas – então é muito simples: você está falando de gentileza e bons modos, não de cavalheirismo. E contra gentileza e bons modos, ninguém tem nada contra.
Mas enfim. Tirando esse mal-entendido, o que realmente me surpreendeu nessa pesquisa foi que os principais argumentos usados em favor do cavalheirismo basicamente provam que ele é resultado de machismo. Estou falando de argumentos como…
“Qual o problema em achar que mulheres precisam ser cuidadas e protegidas?”
Esse é praticamente autoexplicativo, mas vamos lá. O que está escrito nas entrelinhas desse argumento é: “mulheres são mais frágeis e menos capazes do que os homens”. Esse cavalheiro em especial carrega coisas pesadas para uma mulher porque acredita que ela é mais fraca. Ele paga a conta porque acredita que ela tem menos dinheiro. Ele “cuida dela” porque ela não sabe se cuidar sozinha.
Eu queria fazer uma pausa aqui e lembrar que a ideia de que mulheres são frágeis e incapazes foi o que motivou o fato de só termos conseguido direito ao voto em 1932 e de termos sido consideradas literalmente incapazes do ponto de vista civil até 1962.
Essa mulher precisou da autorização por escrito do marido para poder comprar uma máquina de costura, em 1934.
“Então quer dizer que não posso nunca mais ajudar minha esposa, que é visivelmente mais fraca do que eu, a carregar as compras, é isso?” – alguém aí está dizendo.
Claro que não é isso. Você deve sempre ajudar quem precisa de ajuda, seja essa pessoa homem ou mulher. O problema está em não fazer as mesmas gentilezas por homens mais fracos que você e em achar que mulheres em geral sempre precisam de ajuda, simplesmente por serem mulheres.
Vou só colocar isso aqui.
“Mas eu sou cavalheiro porque amo as mulheres! Elas são maravilhosas, verdadeiros anjos que merecem reverência e veneração eternas!”
É estranho pensar que admiração extrema pode ser algo ruim, mas lembre-se que existem duas formas de desumanizar uma pessoa: inferiorizando-a ou idolatrando-a. Colocar uma mulher em um pedestal pode parecer nobre e louvável, mas é apenas mais uma forma de objetificação, que pode ser usada para justificar comportamentos controladores e superprotetores.
O maior problema com esse argumento, no entanto, é que a realidade nos mostra que esse cavalheirismo baseado em admiração é condicionado ao quanto a mulher corresponde ao que se espera dela socialmente. Basicamente, espera-se que uma mulher seja delicada, atraente, recatada, gentil, meiga, adorável, boa mãe, etc. Dificilmente mulheres fora desses moldes usufruem de atos de cavalheirismo. Raros são os homens cavalheiros-por-admiração que tratam a colega “fácil” da mesma forma que tratam a colega recatada. Vemos isso todo dia quando respondemos negativamente a uma cantada na rua, por exemplo. Vamos de “linda” a “vadia” em um instante, por nos recusarmos a fazer o que se espera de nós: sorrir, ficar lisonjeada, e bem quietinha.
Da mesma forma funciona o cavalheirismo-por-admiração: como uma troca muito da injusta, em que a mulher abre mão de si mesma por algumas gentilezas insignificantes. Nós não queremos que paguem a conta no restaurante para nós, mas sim que nos paguem salários iguais aos dos homens para realizar as mesmas funções. Não queremos que carreguem as compras para nós, queremos que se responsabilizem igualmente pelas tarefas domésticas e pela criação dos filhos. Não queremos que andem do lado de fora da calçada para nos proteger, queremos poder andar na rua sozinhas sem correr o risco de sermos assediadas ou estupradas. Não queremos que segurem portas, mas sim que nos respeitem, não nos agridam e, principalmente, não nos matem.
Vou deixar mais isso aqui.
“Faz parte da conquista, entende? Você tem que fazer de tudo pra conquistar a mulher que deseja!”
Um problema claro com esse argumento: ele parte do pressuposto de que mulheres são prêmios a serem conquistados. E dá margem a todo tipo de escrotice. Esse é o cavalheiro que acha que a mulher lhe deve por aceitar suas gentilezas. Ou o “cara legal” que acha que as mulheres são vadias interesseiras porque não quiseram ficar com ele depois de todas as gentilezas que ele fez por elas.
Como assim você não quer transar? E todas aquelas portas que eu segurei pra você? As compras que eu carreguei?
Bem, deu pra entender por que esse cara é um bosta, né?
“São as mulheres que querem homens cavalheiros! Elas pedem!”
Pensa aqui comigo. Mulheres também estão imersas nessa cultura machista e absorvem uma porrada de conceitos e ideais equivocados sobre o que significa ser homem e o que significa ser mulher. Com isso em mente, é fácil entender por que muitas ainda prezam o cavalheirismo. Ao contrário dos homens, nós somos criadas na dependência. Recebemos menos liberdade de nossos pais, nossa sexualidade é controlada, somos levadas a acreditar que o evento mais importante de nossas vidas é o casamento. Aprendemos até a amar aquela bandalheira toda de passar das mãos do pai para as mãos do marido na cerimônia de casamento.
Tudo isso e mais abala a nossa autoconfiança e faz com que muitas de nós acreditem que necessitam de proteção, que não dão conta sozinhas. É a socialização torta que a que as mulheres são submetidas que faz com que elas reproduzam e aceitem muito do machismo.
Um dos principais estudos sobre a relação entre cavalheirismo e machismo também diz algo muito interessante sobre essa coisa de mulheres gostarem e exigirem que homens sejam cavalheiros. Depois de coletar dados de mais de 15.000 pessoas de mais de vinte países diferentes, os pesquisadores Peter Glicke e Susan T. Fiske descobriram que quanto maior o nível de machismo nu e cru em um país, maior também é a aceitação do chamado “machismo benevolente” (como o cavalheirismo) entre as mulheres desse país. Isso porque como são constantemente confrontadas com reações hostis toda vez que não se conformam aos ideais socialmente construídos de gênero, essas mulheres veem no machismo benevolente a possibilidade de proteção e apreciação. Basicamente, se elas pedem, é porque a coisa está bem complicada em termos de machismo hostil onde elas vivem. O machismo benevolente na forma de cavalheirismo é uma ilusão de valorização da mulher, quando a realidade é muito mais sombria do que isso.
Agora, pode ser que mulheres independentes, poderosas e feministas estejam me mandando calar a boca, porque não veem problema em serem bem tratadas. E pode ser que homens também estejam me xingando, porque querem continuar tratando bem suas namoradas. E não tem problema nenhum, sério! Minha intenção é simplesmente fazer com que todos pensem nos motivos pelos quais fazemos e aceitamos certas coisas. Existem trocas normais entre casais. Existem preocupações genuínas e válidas entre entes queridos. E existe machismo. O importante é estarmos dispostos a fazer essa reflexão.
Sofia
January 28, 2016 @ 8:59 am
Nunca tinha pensado sobre isso, e concordo com esse ponto de vista. Temos que desconstruir esses conceitos machistas que ja estao tao imersos na nossa mente que muitas vezes fica dificil de perceber.
Lara Vascouto
February 3, 2016 @ 9:05 pm
É muito difícil mesmo, Sofia – e doloroso também. Mas seguimos, sempre! Obrigada pelo comentário!
henrique
January 28, 2016 @ 2:44 pm
Parabéns ens ens ennnnnns pelo texto e pela visão acurada das coisas. Agora sei que n sou o unico a me indignar qnd me cobram atos de cavalheirismo por cavalheirismo (e nao por fraternidade numa sociedade que ta precisando de gentileza). Você disse exatamente o que sempre pensei, só que de forma organizada e fundamentada!! Muito bom!!
Lara Vascouto
February 3, 2016 @ 9:04 pm
Que bom, Henrique! Obrigada! 🙂
Jaque
January 30, 2016 @ 12:22 pm
É bem isso mesmo…cavalheirismo é machismo, pois de uma forma ou outra objetifica e subestima a mulher. Bom texto.
Quanto ao último parágrafo, nem a mulher e nem o homem que descreveu acharia o texto ruim, pois o texto não se trata de ser bem tratada ou tratar bem, mas sim de ser inferiorizada.
Lara Vascouto
February 3, 2016 @ 9:04 pm
Verdade, Jaque! Obrigada pelo comentário! 🙂
NADIA
February 3, 2016 @ 4:09 am
Clareza de ideias, honestidade intelectual, bom humor e um convite à reflexão. Lara Vascouto, lacradora, dando um sacolejão na mediocridade que atravanca nossos caminhos. Você me representa.
Lara Vascouto
February 3, 2016 @ 9:03 pm
Obrigada, Nadia! Fico muito feliz! 😀
Marcelo Gurgel
February 3, 2016 @ 1:01 pm
Não vou discutir os outros pontos do texto porque vai demorar muito, mas sobre a diferença salarial entre homens e mulheres, é algo completamente justificado e explicado a exaustão por economsitas. Não entendo bme porque essa ideia de que os homens ganham mais por motivos preconceituosos permanece. Estudos mostram que as diferenças salariais se dão após o casamento,, até os 24 anos não há diferenças salariais. Entre mulheres e homens solteiros, na mesma profissão e com o mesmo grau de estudo tamvbém não há diferença salarial. Note que quando digo solteiro quero dizer mulher que nunca se casou antes e que não tem filhos. Mas essa é apenas uma das coisas que explica a diferença, há também o caso de as mulheres escolherem usualmente profissões que pagam menos, existem muito mais homens nas engenharias e nas graduações tecnologicas (ciencia da computação e sistemas de informação), que são as que pagam melhor. Profissões escolhidas por mulheres: enfermagem, pedagogia, recursos humanos. Só em Medicina e Economia que tem muitas mulheres. Também há o caso em que homens estão mais dispostos a pegarem trabalhos duros, com longas jornadas, perigosos, noturnos, longe de casa, unusuais, ou todos os outros tipos de trabalho que ninguem quer (ir de madrugada arrumar a rede eletrica, trabalhar na rede de esgoto, etc), que pagam mais. Note que até no caso dos salarios mais baixos os homens escolhem o trabalho melhor, por exmeplo: empregadas domésticas ganham menos que pedreiros. Note que quando os jornais dizem que os homens ganham 30% a mais que as mulheres não dizem nada disso, deixam só a notícia crua para parecer “preconceito”, mas não é “preconceito”, é a realidade. Se as mulheres querem ganhar o mesmo que os homens têm de fazer o mesmo. Resumindo mulheres ganham menos que homens simplemente porque para cada dolar feito pelos homens as mulheres produzem 0,77 dolar. Na verdade um estudo mostra que apenas 6% ou 7% da diferença salarial não tem explicação pelas variáveis vistas no estudo. Mas para fechar com chave de ouro: os homens excedem as mulheres em manicomios, prisões, número de mendigos, número de homicidios (cometidos e sofridos), mortes e acidentes de trabalho, e no fim ainda morrem mais cedo. Isso tudo é pq os homens sofrem muito mais no trabalho e estão muito mais sujeitos e todo tipo de acidnete e violencia, então como você diz que todos os homens são só machistas e querem dominar as mulheres.
Lara Vascouto
February 3, 2016 @ 2:32 pm
Oi Marcelo! Mulheres ganham menos que homens porque:
– Elas têm que lidar com coisas que não são esperadas de homens, como cuidar da casa e dos filhos, porque – machismo.
– Elas são desencorajadas de seguir em profissões de prestígio, que pagam mais. É menos questão de escolha, como você diz, e muito mais uma questão de uma socialização fundamentada em – isso mesmo – machismo.
– As carreiras tradicionalmente consideradas femininas recebem menos, justamente por serem dominadas por mulheres. Em muitas delas – como professora infantil, enfermeira, cuidador de idoso – a ideia de que as mulheres são “naturalmente” aptas em cuidar dos outros fez com que, historicamente, os salários nessas profissões sejam menores. Quer dizer: machismo.
– Elas também são socializadas para serem submissas, menos ambiciosas, dóceis. Ou seja – machismo.
– Mesmo exercendo a mesma função, com o mesmo nível de qualificação, elas ainda assim ganham menos, por causa de preconceito e discriminação baseado em gênero. Ou seja, machismo.
Sobre sua “chave de ouro”: mulheres sofrem uma lista enorme de violências e abusos que homens não sofrem. E muito das agruras masculinas também são resultado de – sim – machismo.
PS: Em nenhum momento do texto foi dito que “todos os homens são só machistas e querem dominar as mulheres”. Se eu não estivesse de bom humor, ficaria realmente chateada por você tentar colocar palavras na minha boca. Mas como está um dia bonito, vou só te pedir para não fazer mais isso.
Obrigada pelo comentário!
Arya
February 5, 2016 @ 10:11 pm
Marcelo disse: “Entre mulheres e homens solteiros, na mesma profissão e com o mesmo grau de estudo tamvbém não há diferença salarial.”
Lara disse: “– Mesmo exercendo a mesma função, com o mesmo nível de qualificação, elas ainda assim ganham menos, por causa de preconceito e discriminação baseado em gênero. Ou seja, machismo.”
São duas informações conflitantes, quem está certo? Como vou saber quem deu a informação correta se nenhum deu fontes pra essas duas afirmações?
Lara, penso que como você está contra argumentando ele, seria bom dizer o porque que a sua afirmação é a certa, e não simplesmente afirmar em contrário.
Lara Vascouto
February 9, 2016 @ 2:14 pm
Oi Arya! Na verdade, eu coloquei fonte. Está no texto, no trecho que gerou o comentário do Marcelo. É bem documentada e estudada a questão da disparidade salarial. Tanto indicadores do Brasil, como de organizações internacionais, como a ONU, por exemplo, mostram que mulheres ganham menos que homens mesmo quando realizam as mesmas funções e tem o mesmo grau de escolaridade. Você pode fazer uma pesquisa por si mesma, as fontes são vastas, mas separei aí embaixo alguns links que você pode verificar para começar a entender melhor essa questão. Um deles é um texto aqui do Nó de Oito mesmo, que fala sobre a desigualdade de gênero em Hollywood. Acho que ele dá uma boa noção das barreiras enfrentadas por mulheres, por mais que o texto fale de um nicho específico, que é a indústria cinematográfica norte-americana.
OBS: Desconheço estatísticas que mostrem que não há disparidade salarial entre homens e mulheres solteiros, mencionadas pelo Marcelo, mas é possível que isso esteja correto – pelo menos para determinadas partes do mundo. Muito da disparidade salarial entre homens e mulheres têm base na expectativa machista de que as mulheres devem realizar a maior parte do trabalho doméstico e de criação de filhos (ambos não remunerados). No entanto, mesmo se isso for verdade, não consigo achar reconfortante. A disparidade salarial continua ser bem real, mesmo se existe um subgrupo que não é afetado. E no caso, esse fato só provaria o quanto o mundo penaliza as mulheres pela maternidade e o quão machista é a ideia de que a mulher deve ser a maior responsável pelos filhos e pelo trabalho doméstico.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/11/24/brasil-tem-maior-diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres.htm
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/13/politica/1447423205_196245.html
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/09/economia/1447062347_374448.html
http://www.dinheirovivo.pt/economia/mulheres-tem-menor-salario-e-menos-acesso-a-cargos-de-topo/
http://www.nodeoito.com/mulheres-em-hollywood/
Gérson
February 12, 2016 @ 6:57 pm
Muitos anos atrás, lá no finado Orkut, fui alvo de apedrejamento virtual por defender exatamente isso: o cavalheirismo é filho dileto (e direto) do machismo.
Fui chamado de machista (!), brutamontes, estúpido e daí pra baixo, por dizer que, oh, mulheres não são seres frágeis nem tapados, elas sabem abrir a porta de um carro, puxar a própria cadeira pra sentar e até pagar suas despesas.
Dizia também que o sujeito que lhe abre hoje a porta do carro, se não for pra simplesmente levá-la pra cama (na maioria das vezes é pra isso mesmo), é o mesmo que lhe dá fogão novo no aniversário de casamento.
Ninguém entendeu.
Jorge
May 27, 2016 @ 6:36 am
“É a socialização torta que a que as mulheres são submetidas que faz com que elas reproduzam e aceitem muito do machismo. E nada disso é culpa delas.”
Discordo. Afinal,quem sempre criou e educou os filhos? Quem passou e repassou as ideias e os costumes durante gerações? Quem ensinou por tanto tempo aos meninos e as meninas o que é um “homem ideal”? Não foram as mães,ou seja,as mulheres?
O homem nunca foi “dono” da mulher,se as mulheres realmente foram tão maltratadas durante a história,como é possível que nunca houve uma revolta em massa de mulheres? Antes de Marx e Engels (dois homens) terem inventado a lenda da “opressão feminina”,nunca houve multidões de mulheres querendo mudar o mundo.
As reivindicações feministas são legítimas,mas essa mania de colocar toda a culpa da parte desagradável de suas vidas no homem,é uma coisa infantil,pois isenta as mulheres de qualquer responsabilidade sobre suas vidas e à sociedade. As mulheres têm que ter maturidade para reconhecer que a situação em que se encontram homens e mulheres não é fruto de decisões apenas masculinas,mas também de escolhas e decisões das próprias mulheres.
As mulheres devem sim lutar por seus direitos ( aqueles ainda não alcançados ), mas é preciso que elas estejam dispostas a reconhecer seus próprios defeitos e aceitar uma construção espiritual junto com os homens.
Lara Vascouto
May 27, 2016 @ 10:58 am
Oi Jorge! Te recomendo mais estudo sobre o assunto. Você pode começar por esse texto aqui: http://www.nodeoito.com/culpar-maes-pelo-machismo-nao/
Além disso, levar em consideração que as crianças não são apenas socializadas pelos pais, mas recebem informação e são formadas pela cultura a sua volta. Aqui no site tem vários textos sobre isso, mas te recomendo o documentário Miss Representation – http://www.nodeoito.com/miss-representation-midia/. Tem no Youtube. Obrigada pelo comentário.
Sybylla
February 10, 2017 @ 2:59 pm
Lara, que texto lacrador! E acho que vc devia ser canonizada por responder aos comentários dos moços aí em cima, eu não teria essa paciência. Se no texto não ficou claro, então o cara tem sério problema de interpretação de texto.
Lara Vascouto
February 10, 2017 @ 11:47 pm
Que comentário lindo, ainda mais vindo de quem eu admiro tanto! Obrigada! <3
André Centeno
February 10, 2017 @ 3:35 pm
Que texto maravilhoso. Eu lembro de ter visto um tema parecido no Papo de Homem, mas do ponto de vista de um cara e no fim, ambos concordam com a afirmação que Cavaleirismo é Machismo.
Como você bem disse, a gentileza sempre será bem vinda e ela deve se estender para todas as pessoas. Eu entendo caras que na melhor das intenções (ainda que errados) são suprepoterores e mais cuidadosos com mulheres, até pela crença que mulheres são mais frágeis. Uma sugestão que eu tenho para os caras que querem ajudar alguém por gentileza (ou até mesmo por flerte) é a pergunta. Pergunte se a pessoa quer ajuda e se ela aceitar, então ajude. Ajudar não é fazer por ela e sim fazer com ela. São coisas bem diferentes.
Outra coisa importante é que mesmo que você seja gentil com alguém porque você gosta daquela pessoa e tem interesses, nunca se esqueça que ela não tem qualquer obrigação com você. Sempre tenha em mente que você fez o que fez porque você quis fazer e não vai cobrar a outra pessoa depois.
Lara Vascouto
March 31, 2017 @ 1:04 pm
Boa, André!
Ricardo Cunha
March 12, 2017 @ 2:37 am
A sociedade está trilhando um arriscado caminho pontuado de desrespeito, intolerância, falta de empatia e enfrentamento. Um homem quando é cavalheiro com outro cavalheiro (ou mesmo um homem rude, nada cavalheiro) está considerando-o como um ser inferior? A pergunta é pertinente, pois a superioridade (e a inferioridade) se dão também dentro de um mesmo gênero – e também entre as mulheres, que tanto competem entre si. E o que seria tal atitude, afinal? Insisto na pergunta: aquele homem está subliminarmente tentando conquistar, “comprar” alguma coisa, algum atributo daquele outro cavalheiro? O que dizer da expressão “acordo de cavalheiros”? O que significa? Dois poderosos deixam de lado suas diferenças e se aliam para continuarem conquistando mais poder e privilégios? É o que me parece mais razoável. Com certeza, ser cavalheiro com outro homem não é uma “troca de boiolices”; também não é uma tentativa velada de comprar outro homem. Cabe aqui outra pergunta: o que dizer daquela velha ridícula frase “A mulher quando casa acha que comprou um marido? Ou ainda: o que dizer dos homens que escolhem suas parceiras como quem escolhe um automóvel? Não era para ser assim!
O de que se fala aqui, na essência, é de EDUCAÇÃO, e não de verbetes utilizados de forma mais ampla de umas poucas décadas para cá, como machismo, misoginia etc. Ser educado – e eventualmente gentil – é algo que, infelizmente, foi deturpado para dar lugar a conclusões falaciosas como, por exemplo, achar que o machismo permeia o cavalheirismo. Pessoalmente, gosto de ser reconhecido, admirado e valorizado por mulheres, e por homens também – em meios suficientemente maduros é perfeitamente cabível. Vou citar aqui um exemplo. Se uma mulher me dá uma flor (um gesto que adoro), ela está sendo o quê neste momento? Feminista? Machista? Misandrista (ou Misândrica)? NÃO! Ela simplesmente está sendo uma DAMA, ou seja, o equivalente feminino de CAVALHEIRO. Ambos são pessoas respeitosas e respeitadoras (independentemente de com este ou com aquele gênero). Mas infelizmente os conceitos de machismo e cavalheirismo se entrelaçaram em algum ponto, e meio que se confundiram seguindo paralelamente ao longo da história, interpretados ao sabor das conveniências, sejam elas de sinceridade aberta ou de interesse velado.
A sociedade PRECISA, SIM, ser igualitária com os dois gêneros, mas não é combatendo com discussões deletérias certas práticas que inexoravelmente continuarão ou deixarão de existir à medida que a sociedade evolui. As gerações mais recentes não precisam ter pressa, pois cada uma delas terá o quinhão de evolução que merecer. Não sejamos tão imediatistas, pois a possibilidade de competição/conflito se torna maior e mais ameaçadora. A resultante das forças, como sempre, é que consagrará o que ficará e o que cairá em desuso. Valores como amor, solidariedade, respeito, carinho, tolerância, aceitação mútua, admiração, amizade, empatia, educação, honestidade, sinceridade – a lista é bem mais longa, mas nem por isso coloca tais valores a salvo da ameaça de extinção. Tudo isso pode ser perdido por obra e desgraça de um pernicioso conjunto de atitudes repudiantes e preconceituosas que só faz afastar as pessoas, que por sua vez acabam se isolando e tendo cada vez menos conhecimento do que é uma boa relação interpessoal, e o quanto é importante a parceria verdadeira entre seres humanos. Afinal, foi isso o que fez com que conseguíssemos sobreviver e prevalecer neste planeta. Muitos confundem dividir tarefas (ou papéis, ou atitudes) com separá-las, é muito por aí que deve passar o caminho da reforma social, ou seja, pela descomplicação dos conceitos. Mulheres e homens são complementares e com muito mais coisas em comum do que se imagina. Feminismo e machismo são formadores de guetos de tensão e de resistência, além de serem conceitos de interpretação e de detecção de suas aplicabilidades tão subjetivos que continuam progressivamente alimentando uma velha polêmica que não constrói coisa alguma. As armas ideais para o combate são bem outras: aqueles valores (e muitos outros afins) que enumerei, simplesmente. O resto é o resto, e como tal, deve ser assim tratado; despejado e despachado junto com o cesto de lixo da mente doentia, melindrosa e recalcada.
Ricardo Cunha
March 15, 2017 @ 2:02 am
Grande parte (a maior) dessa discussão enfadonha já foi superada há muito por mim. Para dizer a verdade, sempre passei ao largo disso tudo. Mas é sempre bom lembrar, a batalha no campo das ideias se dá apenas em algumas décadas das vidas humanas. Começa lá pelos vinte e poucos anos de idade, com todo o ímpeto, mas carente de direcionamento adequado e coerência, vai ficando mais realista e não menos consciente por volta dos trinta, procura adaptar-se aos conflitos aos quarenta e finalmente vê a questão um pouco mais do alto, sem entrar em polêmicas, e até com algum otimismo diante da situação presente, por volta dos cinquenta anos. Portanto, assim como boa parte das maiores e mais intensas coisas, de mudança mesmo, que realizamos, ocorre por volta dos nossos vinte anos ( e isso está presente em boa parte das realizações de nossos grandes vultos da História, cultural, política, humana etc.), é de se esperar que a questão do machismo/cavalheirismo também sofre a mesma influência em função da idade de quem em torno desse assunto levanta o debate.
Ultimamente, tenho me deparado nas ruas com cartazes de conscientização estampando mulheres (já não preciso dizer de qual faixa de idade) vestidas tipicamente como advogadas (até porque o órgão veiculador é uma entidade daquela categoria) ao lado de frases de efeito, como “Assédio disfarçado de elogio continua sendo assédio”; “Piada disfarçada de preconceito continua sendo preconceito”. Ora, me poupem! Só os imbecis é que se deixam envolver por esse conjunto tão hipócrita e pobre de fundamentação. Seja no papel de agente da atitude, seja no papel de reagente à atitude. Aliás, se há alguma coisa mais de fachada no terreno das relações humanas do que “politicamente correto”, creio que ainda não foi percebida, pois acho que penso está para surgir. Altamente pernicioso e não muda, tampouco contribui, para melhorar o cenário das relações entre as pessoas. Usado inescrupulosamente, funciona como elemento de repressão das mais diversas ações e, como tal, somente pode se contaminar de contradições que, supostamente combatendo alguma espécie de preconceito ou atitude, acabam gerando outro tipo (invariavelmente com a mesma ou maior intensidade, porquanto de caráter reacionário) de preconceito ou atitude. É como trocar seis por meia dúzia. Não acho interessante pagar esse preço; logo, não posso ver como um bom negócio.
Pessoalmente, NUNCA me foi necessário “fazer a corte” para obter coisa alguma de mulher alguma. Sempre fui respeitado pela EDUCAÇÃO e RESPEITO que costumo dispensar a TODAS as pessoas, independentemente de qualquer das variáveis que considero indignas de citação, pois o espectro é muito mais amplo do que a ínfima porção que se discute aqui. Na minha juventude, costumava dizer que machismo era invenção de algum homem trouxa, otário mesmo, por acabar se voltando contra ele mesmo. Hoje ainda vejo dessa maneira, porém mais do alto, com a necessária distância. Até acho graça, pois o filme para mim é o mesmo, apenas as gerações que se sucedem é que vão pegando a mesma velha ideia e fazendo uma espécie de “remake” do debate, adaptando-o aos tempos atuais. Acho até construtivo; porém, recomendo, sem extremismos e passionalismos. Falta muita sensibilidade para que se perceba com nitidez quando a gentileza é autêntica ou algum gesto de machismo se encontra diluído nessa prática. Como saber? Não se conhece a personalidade, tampouco os valores, de quem faz a gentileza! Então, como e por que preconceber? Não se justifica tal atitude simplesmente como mecanismo de defesa.
Mais um lembrete: orgulho, vaidade, dissimulação (e mesmo simulação), entre diversos outros, sempre tão presente nas mentes humanas ao longo da história, estão entre os principais males que entravam a evolução humana. Seus subprodutos, já de longa data conhecidos, reúnem, entre outros, intolerância, ódio, desprezo, segregação, repúdio irracional, discriminação e competição doentia. Não vamos confundir as coisas, simplesmente a título de evitar se sentir incomodada (o) ou ficar “mal na fita” diante da situação de ser elogiada (o), ou ainda ao receber qualquer tipo de gentileza, seja ou não em público. Não há como se incomodar ou se envergonhar quando se tem maturidade. Por outro lado, desbancar para o proceder rude, tosco, primitivo e deseducado com o próximo definitivamente não é o caminho que devemos trilhar seguindo tal conjunto excessivamente preventivo de atitudes. E tenho dito.
pEDRO aUGUSTO
May 27, 2017 @ 1:21 am
Mas e o amor? o ser humano tende a tratar melhor que ama e o agrada, e pior quem odeia e não gosta certo? Logo, se um homem gosta de uma mulher, não se esperaria uma atitude diferente dele em relação aos seus companheiros do mesmo sexo e outras mulheres?iSSO PARTINDO DO PONTO QUE O AMOR É COMO O AMOR É, ALGO MEIO SEM EXPLICAÇÃO, DIFERENTE DE UM MERO DEJESO SEXUAL, DIGO,ALGO MAIS DURADOURO.