O Véu Muçulmano como Expressão de Beleza
Série fotográfica da artista Sara Shamsavari retrata o estilo e a beleza de mulheres muçulmanas e seus véus em quatro cidades do mundo.
Poucas peças de roupa carregam consigo tanta controvérsia como o véu muçulmano – o famoso hijab. Embora a polêmica em torno do uso do hijab pareça ser algo recente – principalmente com o aumento do fluxo migratório de muçulmanos para países europeus – sua história é recheada de controvérsia desde até de antes do surgimento da religião islâmica.
No Império Bizantino, Pérsia, Mesopotâmia e Grécia, por exemplo, o véu era usado como símbolo de status pelas mulheres da elite, sendo proibido para mulheres de classes mais baixas. Mais tarde, o Islã assimilou o uso do véu dessas sociedades e, através da interpretação de um trecho do Alcorão ainda hoje muitíssimo discutido, instaurou a necessidade de seu uso por mulheres como uma demonstração de modéstia, reserva e dedicação à religião.
O tempo passou e viu passar junto uma infinidade de mudanças e “des-mudanças” em relação ao significado do hijab e o seu uso. No Irã, por exemplo, o véu foi proibido pelo regime progressista de Reza Shah em 1936 (com ordem de prisão para ofensoras da lei), mas hoje em dia as mulheres iranianas são obrigadas a usá-lo. Na Turquia, funcionárias públicas comemoraram recentemente a conquista do direito de usar o véu no trabalho – depois de quase noventa anos de proibição. Na Arábia Saudita, mulheres são proibidas de sair na rua sem ele. Já na França, estudantes muçulmanas também são proibidas…de usá-lo.
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Dessa forma, representando até bem demais o papel de peça de roupa mais controversa da História, o véu pode significar tanto opressão, como liberdade. Tanto manifestação de fé, como manifestação de estilo. Tanto vergonha, como orgulho. Tudo depende do contexto.
Em países europeus, principalmente desde os atentados de onze de setembro, os muçulmanos enfrentam diariamente uma infinidade de preconceitos e discriminações em relação à sua religião. Nesse contexto, o véu, como um sinal visível da fé de uma pessoa, incomoda muita gente. Como resultado, mulheres muçulmanas que optam por usá-lo são alvo constante de discriminação. É notoriamente mais difícil para elas conseguirem emprego, por exemplo, sendo que muitas acabam abandonando o véu para poder trabalhar. Na França, como já foi mencionado, o uso do véu é banido por lei em escolas.
Não é nenhuma surpresa, portanto, que nos países europeus muitas mulheres optem por usar o véu como uma forma de rebelião e um símbolo de liberdade. É esse contexto que a fotógrafa Sara Shamsavari resolveu abordar no seu trabalho mais famoso – The Veil Series. Nascida no Irã, mas criada em Londres, Shamsavari resolveu retratar o lado do véu que significa não só rebelião e liberdade, mas também moda e estilo. Com isso em mente, ela viajou por quatro cidades (Paris, Nova York, Toronto e Londres) fotografando mulheres muçulmanas nas ruas, orgulhosas de seus véus e sem medo de incorporá-los em seus estilos. Retratando mulheres felizes com suas próprias escolhas, Shamsavari desafia estereótipos amplamente difundidos na nossa sociedade e argumenta: “Mulheres, e todos os seres humanos, devem ter o direito de escolher o que querem e como se expressar”.
Confira abaixo algumas fotos da série The Veil Series:
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