4 Heróis Românticos que Eu Não Queria na Minha Vida nem Pintados de Ouro (Parte 1)
Precisamos redefinir o que entendemos por romântico.
Hollywood é mestre em transformar comportamentos altamente perturbadores em gestos românticos encantadores. Com uma boa trilha sonora, um personagem que não ficaria nem um pouco deslocado como o principal suspeito em um episódio de Law&Order de repente vira o herói romântico por quem todo mundo no cinema vai sair suspirando. “Heróis” como…
Henry Roth (Como se fosse a primeira vez)
A História:
Henry, interpretado por Adam Sandler (o que já deveria te deixar cabreiro em aceitá-lo como “herói romântico” logo de cara), é um veterinário mulherengo que se apaixona por Lucy (Drew Barrymore). Tudo seria perfeito, não fosse o fato de que Lucy sofre de um tipo de amnésia que faz com que ela esqueça tudo o que aconteceu no dia quando vai dormir. Dia após dia ela acorda sem lembrança do que aconteceu no dia anterior, sendo que toda a sua memória se resume à sua vida até o momento em que ela sofreu o acidente de carro fatídico que causou a amnésia. Trágico.
O Horror:
Nada disso desanima o Adam Sandler. Ele realmente se apaixona e, romântico como só ele, está disposto a ficar com essa mulher que nunca mais vai conseguir aprender nada na vida e que todos os dias vai precisar ser relembrada da existência e do amor dele. Não está conseguindo entender por que isso é tão terrível? Ele se casa e tem uma filha com ela. E como se não bastasse, a leva num barco para fazer pesquisas no Ártico, longe de tudo que a pobre coitada conhece.
Como o choque de acordar todos os dias ao lado de um homem desconhecido no meio do Ártico nunca a matou é um milagre.
Ah, mas ele grava um vídeo que conta a vida deles e faz com que ela o assista todas as manhãs. Não é tão ruim assim – algum romântico por aí vai dizer.
Ah, sim, uma fita de vídeo com certeza apaziguaria o meu pânico ao de repente acordar grávida de nove meses, ao lado de um homem que se diz o amor da minha vida, mas cujos métodos estão mais para os de um serial killer em um filme ruim da sessão da tarde.
Presa num barco nos confins do planeta com um desconhecido e uma fita de vídeo assustadora com um título aparentemente inofensivo, mas ainda assim medonho.
Droga, Adam Sandler! Essa mulher tem uma deficiência neurológica séria e você acha que é uma boa idéia engravidá-la e mantê-la cativa em um barco longe de tudo que ela conhece?! Não é à toa que existe um thriller psicológico com exatamente a mesma história (Antes de Dormir, com a Nicole Kidman).
Noah Calhoun (Diário de uma Paixão)
A História:
Ícone atual entre filmes românticos, Diário de uma Paixão conta a história de Allie e Noah – ela de uma família abastada, ele um pobre coitado. Depois de um apaixonado romance de verão, a família de Allie põe um basta na relação e eles se separam e seguem suas vidas. Mesmo assim, eles nunca esquecem um do outro e acabam juntos, em um final digno de Shakespeare. #ficaadica.
O Horror:
Oh, sim, é uma história linda. Não fosse o fato de ela ter se iniciado por pura coerção, quando o romântico Noah ameaça se suicidar se Allie não aceitar sair com ele. A cena vai mais ou menos assim:
1) Allie está em uma roda gigante com outro cara.
2) Noah (até então, um completo desconhecido) decide que quer sair com ela. Então, como qualquer bom psicopata faria, ele se pendura no alto da roda gigante e ameaça se jogar se ela não aceitar sair com ele.
“Você não me deixa outra escolha” – a desculpa número um de maridos abusivos e sociopatas em todo o mundo.
3) Ah é, e não pára por aí. Quando ela aceita – obviamente apenas para não ter que viver com o peso na consciência pela morte dele depois – ele não se dá por satisfeito e a faz gritar que quer sair com ele para todo mundo ouvir. Ela obedece. Porque ele está ameaçando se matar. Super romântico.
No fim das contas a Allie teve sorte, porque apesar de ser um babaca, mais tarde o Noah prova ser de boa e, de quebra, o amor da vida dela. Mas as coisas poderiam ter acabado muito, muito pior.
Edward Cullen (Crepúsculo)
A História:
Edward é um vampiro centenário sanguinário. Bella é uma adolescente humana. Eles se apaixonam.
O Horror:
Ok, só a pequena descrição acima já deveria fazer seus pelinhos da nuca se arrepiarem. E não de um jeito bom. O cara é um século mais velho que a moça. Isso aí por si só já é tenso o suficiente. Mas não é nem isso que é o mais assustador dessa história toda. Repetidamente, o Edward dá provas – e quando eu digo “dá provas”, eu quero dizer “ele FALA” – que sente uma vontade muito forte de se esbaldar no sangue dela. Isso não é uma metáfora para algum truque sadomasoquista picante. Ele é um vampiro, caramba! Quando um vampiro diz que quer rasgar o seu pescoço, ele definitivamente está sendo literal.
Esse parece um cara que liga pra metáforas e eufemismos?
Tamanho é o poder vampiral manipulativo e romântico de Edward, que mesmo tendo apenas dezessete anos Bella resolve que quer que ele se esbalde no sangue dela para que ela possa se transformar e eles vivam juntos eternamente. Taí uma adolescente com sérios problemas de abandono, se viver para sempre ao lado de um vampiro sanguinário que a persegue na rua e entra no seu quarto sem convite para encará-la durante o sono é tudo o que ela mais quer. Bella, querida, você precisa é de terapia, não de um vampiro stalker que brilha no escuro.
Edward Lewis (Uma Linda Mulher)
A História:
Edward (Richard Gere) é um milionário que, depois de passar uma noite com a prostituta Vivian Ward (Julia Roberts), a contrata para acompanhá-lo em compromissos sociais durante uma semana. Depois de uma fantástica makeover que elimina todos os traços da origem simples de Vivian de vista, eles se apaixonam.
O Horror:
Parece uma história do tipo “o amor supera todas as barreiras, blablabla”, mas na verdade essa é uma história sobre a obsessão paternalista de um homem de “salvar” uma linda mulher (opa, olha só o que eu fiz!) comprando roupas novas e jogando dinheiro em cima dela. Vivian até tenta recusar os seus avanços românticos – porque, né, quando uma das partes está te pagando para fazer sexo, você automaticamente perde a voz no relacionamento – mas no final, tudo o que ela quer é ser “salva” mesmo. Como na maioria dos enredos românticos hollywoodianos, o filme não mostra como é a relação deles no futuro, mas como o maior valor de Edward parece ser ‘ter muito dinheiro’, acho que é seguro supor que depois que a chama da paixão apagou, Vivian vendeu as roupas caras que Edward comprou para ela e foi embora concluir sua educação, como era o seu plano originalmente. Pelo menos é isso que eu gosto de imaginar. Nem gosto de pensar na outra possibilidade.
Droga, Vivian, tenho que te lembrar sempre que sem mim você não é nada? Que você deve tudo a mim? Agora vai lá comprar um vestido novo. Já faz dois dias que você não sai pra fazer compras.
Leia também 4 Heróis Românticos que Eu Não Queria na Minha Vida nem Pintados de Ouro Parte 2 e Parte 3.
bianca
July 2, 2015 @ 12:45 am
Oi , Lara, boa noite. Adorei sua reflexão sobre os heróis desses filmes. Nos três últimos, sempre sentia um certo mal estar ao olhar para o rosto dos “galãs” … sabia que algo só podia estar errado com as relações de poder/submissão , mas nunca percebi o tom psicopático de Henry Roth kkkk E pensando um pouco, acho que seria bem mais romântico da parte dele, ter deixado ela em paz… abraços,
Lara Vascouto
July 2, 2015 @ 1:35 am
Também acho, Bianca, rs! Obrigada pelo comentário! 🙂
Lara Vascouto
October 3, 2015 @ 4:27 pm
Com certeza, Bianca! Na verdade, a história desse filme se encaixaria melhor num drama, não numa comédia. Obrigada pelo comentário!
Cara
July 2, 2015 @ 11:38 pm
Adorei o post, me fez lembrar de um filme que preciso comentar: Proposta Indecente. Lembro de assistir esse filme com a minha mãe e ela achar o John Cage a coisa mais linda ever (eu com aquele gostinho de desconforto desde o início do filme). A história é sobre uma guria que está namorando esse cara, quando esse tal de John Cage aparece e faz uma proposta indecente (há!!). Ele quer que a garota, Diana durma com ele por 1 milhão de dólares. Ela aceita pq ela e o namorado estão passando por problemas de dinheiro. Aí começa né. O namorado dela, que apesar de não ser tão esquisito e psicopata quanto o John Cage, fica com ciúme deles terem dormido juntos mesmo ele tendo praticamente forçado ela fazer isso. O John Cage fica o tempo todo perseguindo ela e insistindo que ela abandone o namorado David e fique com ele. Depois de muitos “não!” e “não quero!” (o cara inclusive aparece na sala de aula onde ela ensina) ela OBVIAMENTE se apaixona (como toda mulher faria nesse caso, ÓBVIO #sarcasmo). No final do filme, o John percebendo o “jeito que ela olha pra ele” e diz pra Diana voltar com o David pq ela nunca o amou de verdade. Agora, talvez eu não tenha me explicado direito, mas o filme acaba te deixando com a impressão de que o John era na verdade um cara bonzinho e que todas as merdas que ele fez e a perseguição na verdade foram culpa da Diana que abandonou o David por ele. Só podia ser filme dos anos 90, né?!
Lara Vascouto
October 3, 2015 @ 4:23 pm
hahaha! Não vi esse filme, Cara, mas parece ser um clássico machista dos anos 90 mesmo (que, infelizmente, adentrou as décadas de 2000 e 2010 firme e forte!). Obrigada pelo comentário! Beijos!
Holanda
July 3, 2015 @ 11:38 am
Faltou o Christian Grey de cinquenta tons de cinza, que com certeza é o pior de todos, junta todos esses e não dá a metade desse psicopata.
Mas isso é preocupante mesmo, pensar que existem mulheres que pensam que esse tipo de comportamento abusivo é normal ou pior ainda, que é o ideal de homem perfeito, depois se ferram e não sabem o porque.
Lara Vascouto
October 3, 2015 @ 4:26 pm
Oi Holanda! Não coloquei o Christian Grey porque não li os livros, nem vi o filme. Me sentiria mal falando de algo que não conheço bem. Mas tô ligada que a escroteza é grande nesse um. rs!
O mais assustador é o caso do Crepúsculo, cujo público é praticamente composto de garotas adolescentes ainda em formação. Obrigada pelo comentário! Beijos!
Evelise Couto
July 6, 2015 @ 8:30 pm
E Grease???? A Olivia Newton John muda o jeito virginal dela porque a turma AND o peguete não aprovam. Sério mesmo? Aquele final, com ela mudando total o look e a atitude dela me brocham enormemente.
Lara Vascouto
October 3, 2015 @ 4:28 pm
Total, Evelise! Esse texto precisa de uma Parte II, rs! Beijos!
Thaís Nazareth
January 9, 2016 @ 1:36 pm
Ah, não concordo tanto com o Grease porque o Danny também muda pela Sandy, alias ele passa a maior parte do filme tentando ser mais “certinho” pra ela, e ela só muda bem no finalzinho. Mas concordo que cada um não deveria ter que mudar pra agradar o outro.
Raquel
December 24, 2015 @ 10:03 pm
Sobre o Crepúsculo, a Laci Green faz um vídeo brilhante sobre tudo o que há de errado neste filme. Você tem que ver! No Youtube. Ela é brilhante e nisto não desilude.
Lara Vascouto
December 27, 2015 @ 9:22 pm
Vou procurar, Raquel! Obrigada pela dica! 😀
Izzy
January 6, 2016 @ 5:45 pm
Eu só concordo com Edward de Crepúsculo e de Uma Linda Mulher.
ppoiuyy
January 7, 2016 @ 2:32 pm
o Noah n ia se matar,aquilo foi uma desculpa
ana
January 9, 2016 @ 3:38 pm
Entendi o que você acharia, mas talvez as heroínas tivessem outras opiniões.
Adoraria que alguém ficasse ao meu lado mesmo sendo desmorariada, prostituta, muito jovem e pobre; além disso, os pares românticos geralmente são lindos e ricos.
Agora a história do encontro conseguido ameaçando tenta suicídio, realmente, ficou muito forçado. Mas nunca assisti o filme, então, não conheço o contexto.
Taci
January 18, 2016 @ 8:55 pm
Quando eu assisti “O Diário de uma Paixão” o que mais me irritou foi o fato do Noah jovem ser quase mudo!! Ele quase nunca conversava com a Allie, nas cenas com os dois praticamente só ela falava, ria, chorava e ela não expressava verbalmente nada. Allie provavelmente teve que comprar muita revista Claudia pra saber como decifrar os olhares do marido. Sério?! Odeio essa ideia de que casais não conversam e que vc precisa de terceiros pra resolver os problema ou simplesmente agradar o outro.
Fê
April 3, 2016 @ 2:15 pm
Faltou o “digníssimo” Christian Grey, o stalker MOR da história da humanidade.
E sobre o Edward Lewis (Uma Linda Mulher), uma vez um prof de economia contou que a história é baseada em fatos reais e tem até um livro, sobre um cara que realmente comprava empresas falidas, dava um “up” nelas e as vendia por um preço bem maior. Aí ele comentou que tem um capítulo sobre a prostituta, e Hollywood pegou e romantizou a história toda. Pelo que meu professor disse, parece que o Edward fez com ela o mesmo que fazia com as empresas: pegou uma prostituta “simples” (que pegava cliente nas ruas) e a transformou numa prostituta de luxo. O problema está é na romantização disso tudo. (Se alguém sabe que livro é, e se realmente confirma o que meu prof disse, avisa pra gente!)
Diário de uma Paixão nunca assisti. Apesar de amar a Rachel McAdams, tenho pânico do Ryan Gosling. E com essa informação, melhor nem perder tempo assistindo kkkkk
O mais preocupante eu acho que seja Crepúsculo, pois o público alvo são as adolescentes. E muitas meninas com auto-estima baixa se viram na Bella e ficam aguardando ansiosamente por um Edward Cullen, que vai fazer de tudo para conquistá-la. :/
Sobre Adam Sandler, gente… eu não perco mais meu tempo assistindo filme desse cara. É muita massagem no próprio ego, pois boa parte dos filmes que ele participa, é ele mesmo que escreve. Acho que o melhorzinho que vi até hoje foi o Esposa de Mentirinha, pq tem a Jennifer Aniston.
Julha
April 3, 2016 @ 2:17 pm
Eu adoro os filmes em que o Adam e a Drew são par romântico, mas esse aí é bem creepy mesmo! Sempre que eu assisto, fico pensando o quão psicopata o cara deve ser hahahaha
Mah
April 4, 2016 @ 3:05 am
Sobre o filme do Adam Sandler, no filme mostra que apesar da doença da moça ela sempre pensava nele (apesar de não saber realmente o pq disso)
jana
April 4, 2016 @ 1:51 pm
Esses aspectos levantados não dá para ignorar… Eu sempre achei meio tenso como a Drew Barrymore ficava de boa ao acordar no meio do oceano grávida e assistir ao vídeo e achar tudo legal. Mas no filme teve aquela parte em que ela mostrava que mesmo sem lembrar dele, nunca o esquecia, então vá lá, tirando o final eu acho o restante do filme ok, mesmo decidido a conquistá-la todos os dias ele não soa stalker, vai… hahah!
Agora se vocês acham ruim Grey,é porque vocês não conhecem a série CrossFire da Sylvia Day, o cara é stalker AND psicopata. Mata um cara por causa da mina (crime encoberto, diga-se de passagem), é possessivo, obsessivo, coloca GPS no telefone e no notebook dela (essa parte aqui na verdade não lembro se foi o Grey ou o cara do CrossFire que fez pois as histórias se confundem em minha cabeça, sorry, hahaha). O cara tem vários problemas emocionais, não podia nem dormir ao lado dela pois ele acordava no meio da noite agressivo e poderia machucá-la. E eu sequer lembro da personalidade da mocinha… deve ser por que ela não tinha né. Corre que é cilada Bino!
Ana Clara Pupin Trematore
April 4, 2016 @ 9:51 pm
Adorei a lista! Mas sabe um filme que deveria estar na lista também? “Último Tango em Paris”. Muita gente romantiza o filme, erotizam a cena da manteiga; mas não enxergam que o personagem do Marlon Brando, especialmente nessa cena, estupra a moça. Não tem nada de lindo e romântico esse filme 🙁
Isa
April 6, 2016 @ 3:29 am
Bem, acho que os maiores problemas ai – logicamente, para MIM – seriam o de Edward e o do carinha de “Uma Linda Mulher”. O de “Crepúsculo” porque li o livro e vi o filme sempre com aquele pensamentozinho de que, de alguma forma, ela teria ficado muito obcecada por ele por causa da obsessão dele por ela. Eu acredito muito que ele deve ter ficado muito obcecado por ela pelo fato de não conseguir ler os seus pensamentos e isso fez com que ele acabasse enfeitiçando ela para ter acesso a ela pois é muito esquisita a forma com que ela fica louca e apaixonada por ele assim do nada. Acho, de fato, que ele é o louco da história porque, logicamente, não é uma coisa normal fazer com que a pessoa se sinta tão sem chão quanto ela fica quando ele vai embora.
No caso desse tal Edward Lewis, de “Uma Linda Mulher”, acho bem ridícula essa história de querer mudar o outro, não vejo motivo. Apesar de nunca ter visto o filme, concordo com tudo o que foi escrito sobre “a obsessão paternalista de um homem de ‘salvar’ uma linda mulher”. Não vejo muitos motivos para isso ser uma história bonita e, de fato, a ideia do que teria acontecido após o filme parece verdadeira. Preciso confessar que acharia o filme bem mais atraente se o final fosse como a sua ideia, a personagem vender tudo e estudar e não precisar se submeter a seres que acham que podem comprar tudo.
Mas, enfim, chegam os dois filmes que, talvez, não concorde tanto. Veja bem, tirando a parte da fita e do pânico que ela devia sentir ao se ver em uma vida completamente diferente da que se lembrava que, concordo, é uma parte muito esquisita e aterrorizante da história, não acho que o filme tenha feito um personagem obsessivo e completamente louco. Acho isso porque desde que os dois se conhecem, ela sente alguma coisa por ele, acredito que a mesma coisa inclusive. É, inclusive, mostrado no filme que as pinturas dela mudam a cada dia que ela o “conhece”. Ela não me parece ter sido levada a força a gostar dele e nem parece que ela fez algum esforço a mais ou está infeliz. Existe uma parte do filme que ela decide se internar em uma clínica, ou alguma coisa do tipo, mas sei que tem uma clínica no meio, e ele passa um tempo sem vê-la. Ela, naturalmente, sem haver obrigação alguma, vem pintando quadros dele ou que lembram o formato da cabeça dele – a piada do filme sobre o formato estranho da cabeça dele-, ou seja, ele está, sim, dentro da cabeça dela. E, por que não, no coração tanto quanto ela está no dele?
A cena comentada do filme “O Diário de Uma Paixão” faz parecer isso mesmo que foi comentado. Mas, a meu ver, e talvez até o que eu teria feito, ela poderia ter concordado apenas para não deixar que ele “se suicidasse”, mas não precisaria ter saído com ele se não tivesse gostado dele. Quem viu o filme sabe que ela tinha muito mais dinheiro do que ele e, naquela cidade pequena, a família dela podia muito bem ter evitado que ele tivesse algum acesso a ela caso a personagem não quisesse. Duvido muito que ela não tomaria alguma providência sendo a personagem que é mostrada no filme. Existe uma cena antes dessa que mostra que eles tiveram outra interação antes dessa, o que deixa o contexto um pouco mais leve. Eles se olharam, sorriram um para o outro e ele até já tinha pedido para ela sair com ele. Então, acho que é explicitado que ela também tinha se interessado por ele. De fato deve ter sido inesperado para ela a visão dele subindo na roda gigante daquele jeito, mas, logo depois, ela “responde” à brincadeira dele de fingir que se suicidaria por ela puxando as calças dele para baixo enquanto ria. Para mim, ela entendeu a brincadeira dele e não levou a sério a “ameaça”. Concordo apenas com o fato de que ele parece não conversar muito com ela, e isso me incomoda sim e muito porque ela parece ser uma garota que gosta de boas conversas. Mas, sendo uma pessoa que pouco fala em relações interpessoais, sei que isso não afeta quando as pessoas se dão, de fato, bem. É até mais interessante saber que até o silêncio é confortável com tal pessoa.
Enfim, é aquela coisa, foi o que eu achei do texto que li, mas não invalida ou ofende de qualquer modo o texto interessantíssimo. Gostaria de ver uma segunda parte e uma terceira também, acho que outros personagens merecem mais o posto hahah
Tania
April 7, 2016 @ 12:48 am
Concordo com tudo, só acho que faltou aqui o Mr Grey
Ana
October 29, 2016 @ 12:22 am
Diário de uma paixão é uma história linda, de amor puro e transcendente. Um absurdo completo ele figurar aqui baseado em uma cena de humor tirada de contexto. Ele tem uma personalidade mais retraída em contraponto com a Allie que é expansiva e ele ama admirar isso nela. Meu Deus é tão perfeito que nem dá pra aceitar esse disparate.
Tania Melo
April 7, 2016 @ 12:50 am
Concordei, mas faltou o das sombras
Alexandre
April 7, 2016 @ 2:04 pm
Uma linda mulher (que eu odeio ferozmente, sempre odiei) tem um elemento a ser dito: o roteiro original faz parte de uma lista não-oficial de filmes que tinham uma proposta e caíram nas mãos de executivos que o desfiguraram brutalmente. Para que você tenha uma ideia, ele ia ser muito mais pesado, envolveria drogas e teria um final cruel (porque o filme não teria máscaras — o sujeito seria visto como um escroto mesmo). Nada de “pretty woman” aqui — e o ator pensado para o papel que acabou nas mãos do Gere era o James Spader.
Marilia Gabriela
April 10, 2016 @ 3:51 pm
Acredito que, de todos esses caras, Edward Cullen é o pior.
*Ele menciona inúmeras vezes que poderia “esmagar o crânio” de Bella se quisesse e que ele poderia machuca-la em qualquer momento (a primeira vez deles a moça acorda toda roxa mas diz que não tem problema).
*Edward não queria que Bella se encontrasse com Jacob, o que ele fez? Queria deixar e trazer Bella da escola, disse que os irmãos dele estavam a vigiando, faz a irmã dele praticamente sequestra-la e fala que saberia onde ela estava.
*Ele gostava de invadir o quarto dela e vê-la dormir.
*Quando Bella fica grávida, ele quer que ela “tire essa coisa” e não consegue aceitar que ela tome decisão sobre o próprio corpo.
*Ele compra um carro pra ela e tá nem aí se Bella realmente queria um carro e que ela TEM que usar…. Porque ele quer
*Edward sempre está em todos os lugares que a garota vai.
*Ele perde o controle facilmente (diz que vai “arrasta-la até o carro” se ela não entrar no veiculo como ele ordenou)
*Bella tem baixa estima e Edward começa o relacionamento dizendo o quanto ela é linda…Livros depois ele crítica algumas escolhas do visual dela (que ela está “vulgar” demais e provocante de forma desnecessária).
*Ele se faz de vítima o tempo todo pra Bella mudar de opinião sobre determinado assunto.
*Quando Edward termina com ela, a larga sozinha numa floresta .
PS: Faz muito tempo que li esses livros, então certamente estou esquecendo que muita coisa assustadora que o personagem fez mas vale lembrar que na “disputa pela mocinha” temos Edward e Jacob (outro manipulador que, não vamos esquecer, teve uma paixão pela filha da Bella!)… Então Bella estava cercada de abusadores por isso fico muito triste por ela.
Thaynan
April 30, 2016 @ 8:19 pm
Tirando o último filme achei nada a ver, mas respeito sua opinião.
Luciana
May 5, 2016 @ 10:15 am
Respeito as opiniões, mas permita-me discordar. Em.”Como se fosse a primeira vez”, acho bonita a perseverança dele em conquistá-la dia após dia. Sempre imaginei como seria triste a vida dela se nunca ninguém tivesse se apaixonado por ela e apostado na felicidade da relação por mais absurda que pareça. Todos temos direito ao amor e casamento e filhos faz parte disso, porque alguém seria mais feliz vivendo o mesmo dia até a sua morte ao invés de descobrindo diariamente que alguém a ama tanto que se esforça para lhe dar uma vida normal? Sobre Diário de uma paixão; o personagem não ia se matar de fato; brincar faz parte do jogo de sedução. E por que todos esquecem que ele fica com ela até o final? Por que esquecem que o amor que ambos sentiam superava as diferenças de personalidade? Não existem casais perfeitos, homens ideais, mas existem aqueles que ficam do nosso lado até o fim dos nossos dias, mesmo quando esquecemos até quem somos… esse amor creio que vale muito à pena. Sobre “Crepúsculo”. Edward evita Bella no início, porque ele sabe que a condição dele não permite que eles fiquem juntos; ele tenta se afastar, mas ela não é capaz de esquecê-lo. Ela pensa e o vê por toda a parte. Ele a protege e salva a vida dela várias vezes. Ele sofre por saber que ela renunciaria a vida humana por ele. Mas, o amor de ambos supera as diferenças e gera algo impossível: uma criança, que não é um monstro como imaginam, mas um anjo de doçura. Para finalizar, não esqueçam do elemento fantástico da história. Tudo que a autora quer mostrar é que o amor acontece com as pessoas mais improváveis e quando ele é verdadeiro, não somos capazes de evitar, mesmo colocando em risco a nossa vida. Sobre “Uma linda mulher”, eu sou romântica demais ou eu vejo sim relação com a Cinderela? A personagem é prostituta, ok. Ele é um ricaço que é capaz de comprar tudo para ela. Ele gosta de exibi-la linda e bem arrumada, mas como seria diferente? Então o amor entre classes diferentes é impossível, será que isso também não é submissão? Um homem não pode querer algo sério com uma prostituta, a não ser que seja para lucrar depois? Elas não são mulheres?.Elas não são dignas de ser amadas?Ele é rico sim, mas como tal, acredito que muitas se aproximam dele só por dinheiro. A princípio, ela também só quer o dinheiro, mas tudo muda porque ele é capaz de enxergar mais que um corpo nela, ele a faz se sentir especial, enquanto a sociedade a rejeita. Será que amor não é isso? Amar não é buscar no outro algo que o complete? Amigos, eu já tentei e muito, mas estou tentada a acreditar que não somos felizes sozinhas. Se for procurar um maníaco em todos que se aproximarem de mim, eu vou encontrar; mas não seria mais saudável buscar o que a pessoa tem de melhor para nos oferecer? Amor é troca. Se como dizia o Teatro Mágico, os opostos se distraem, mas os dispostos se atraem, eu não vejo ninguém distraído nessas histórias, mas todos dispostos a amar.
jey
May 5, 2016 @ 2:09 pm
Ache legal o que Luciana escreveu, me desculpa, mas autora deste texto parece estar exagerando. Mas é válido porque é a forma como ela ve o mundo.
Thai
June 24, 2016 @ 5:25 am
Sua visão é hiper romântica sobre tudo. Mas nem sempre as coisas são assim!
Paulo Henrique
August 27, 2016 @ 9:04 pm
A autora do texto acha que o amor romântico e o romantismo (arte) pode ser progressista e humanista? Recomendo pesquisar sobre a história da cultura romântica e o que significa o casamento monogâmico. Sério. eles nao tem nada de humanista no período histórico que vivemos.
Vivi
November 7, 2016 @ 5:30 pm
Mandou bem
Koiy
October 24, 2016 @ 8:09 pm
Eu acho que a partir do momento em que você desconsidera os sentimentos da Lucy em Como se fosse a primeira vez, sua análise fica parecendo mais rage gratuito do que análise. Se a própria moça se apaixona por ele todos os dias novamente então qual o problema? Se ela realmente não curtisse a ideia, ai sim seria algo abominável. Mas entre tentar viver a vida mesmo com seus problemas neurológicos (algo que ela é obrigada a fazer) ou passar os restos dos seus dias se iludindo com o mesmo dia sendo recriado diversas vezes ou se surpreendendo ao olhar no espelho e se ver 40 anos mais velha de um dia pro outro, não acho que a primeira opção seja a pior.
Vivi
November 7, 2016 @ 5:29 pm
Cara, sempre achei Como se fosse a primeira vez um filme bizarro. Eu, tolinha, fiquei achando ao longo do filme que ela ficaria milagrosamente curada. Tem até um lance que indica que ela não esquece de absolutamente tudo, porque um dia acordou assobiando uma música que ele tinha cantado na véspera. Mas enfim. Não vou nem falar de Crepúsculo, aquilo não é amor, é assédio. E, na boa, se um doido chegasse junto ameaçando se matar, eu deixava. Porque gente assim quando não se mata, mata alguém.
Daniele
December 14, 2016 @ 1:49 am
Eu simplesmente odeio o filme ” Como se fosse a primeira vez”. Odeio apenas por gosto pessoal mesmo. Porque de fato, não entendo porque uma mulher que tenha um problema como o da moça do filme não possa ser amada. E por um homem que não desiste dela e cuida dela, porque na situação em que ela se encontra ela precisará pra sempre de alguém a seu lado. O pai, como é um senhor idoso partirá anos antes dela, e seu irmão é um perfeito irresponsável. Mas, se você acha que melhor pra ela seria uma instituição onde ela estaria jogada e sozinha, a um marido que a ama e uma filha que também a ama. Ok! Quem sou eu pra reclamar.
Eu nem vou entrar no mérito de que em nenhum dos outros filmes, que também detesto, nenhuma dessas moças são forçadas a estarem com os respectivos rapazes. Eles não abusam ou as agridem, sem consentimento, e que nunca, jamais em tempo algum nenhum relacionamento será perfeito. A graça está justamente ali, nesses conflitos para que se haja um final feliz. Em ficções é claro, porque na vida real, as coisas são bem diferentes. Com certeza não aparecerá um bonitão rico na sua porta querendo fazer tudo por você, enfim…
Fábio
December 23, 2016 @ 10:14 am
O pior de tudo é se enxergar em algum(ns) desses filmes, mesmo lutando tanto para não sê-lo ou fazê-lo. É perceber que a cultura machista está registrada nos confins do inconsciente e temos de lutar a cada dia para sermos melhores. É triste e um tanto assustador ser um homem de 46 anos…
Linkagem de Segunda #60 – Sem Formol Não Alisa
May 30, 2017 @ 12:48 am
[…] sobre aqueles heróis românticos que a gente não queria na nossa vida nem pintado de ouro (parte 1 e parte 2). Também nesta vibe de desconstruir nossos filmes favoritos sem dó nem piedade, vale a […]