10 Vezes que Atores Brancos Interpretaram Personagens de Outras Etnias
Os primos do blackface: whitewashing, estereotipização e apropriação cultural.
Por volta de 1830, um artista branco resolveu pintar o rosto de preto e os lábios de vermelho de forma caricata, com o objetivo de humilhar e esculhambar a população negra e arrancar risadas da aristocracia branca escravista norte-americana. Iniciou-se aí a prática do blackface, que, mais tarde, se tornaria corrente no cinema e na televisão.
Lawrence Olivier no papel de Otelo.
Com as conquistas dos movimentos de direitos civis, no entanto, tal prática profundamente ofensiva foi aos poucos sendo deixada de lado, sendo que hoje em dia fazer uso dela é o mesmo que andar por aí com uma etiqueta gigante escrito RACISTA colada no peito. De acordo com a filósofa Djamila Ribeiro, o blackface “serve tanto como estereótipo racista quanto como forma de exclusão, porque se no primeiro caso ridiculariza, no segundo nega papéis a artistas negros.”
Ridicularização e negação de papéis na peça A Mulher do Trem de, pasme, 2015.
O problema é que, não só o blackface continua acontecendo com frequência espantosa em sociedades que se dizem isentas de racismo, como a prática já há algum tempo vem englobando também as mais variadas etnias, como asiáticos, árabes, latinos e indígenas.
No caso de asiáticos, a prática é chamada de yellowface – cortesia acima do caucasiano Mickey Rooney, em Bonequinha de Luxo.
Hoje em dia, no entanto, os atores não se pintam mais de forma caricata para humilhar e ridicularizar pessoas negras (bem, a maioria deles). Mas a ridicularização e exclusão continuam acontecendo – a primeira através da representação de minorias majoritariamente através de estereótipos; e a segunda através da escalação de atores brancos para interpretar personagens fodásticos de outras etnias (históricos ou fictícios). Como na maioria das vezes, no entanto, não há tentativa de tornar esses atores mais parecidos com a etnia que estão supostamente representando (o que remeteria, de certa forma, ao blackface original), tal prática é conhecida atualmente como “whitewashing” – isto é, algo como “lavado/pintado de branco”.
Tipo o que fizeram quando convenceram todo mundo que Jesus era branco de olhos claros.
Resumindo, a coisa funciona mais ou menos assim: quando um personagem não-branco é protagonista, fodástico, mudou a história, fez feitos incríveis, é inspirador, etc, os cotados para interpretá-lo são atores brancos. Já quando um personagem é não-branco, secundário e um estereótipo ambulante de sua própria etnia, então oras, claro, atores negros/árabes/asiáticos/indígenas, venham por aqui, sim, vocês são perfeitos para esses papéis!
O mais engraçado (isto é, trágico) é que quando o contrário acontece – ou seja, quando atores negros são escalados para interpretar personagens originalmente brancos, o público branco fica enfurecido. É só ver o que aconteceu quando a atriz negra Amandla Stenberg foi escalada como Rue, em Jogos Vorazes; ou quando Noma Dumezweni foi escalada como Hermione para a nova peça de Harry Potter; ou mesmo a polêmica que causou a escolha do ator Michael B. Jordan como o Tocha Humana, em Quarteto Fantástico. E olha que esses são personagens fictícios! O que aconteceria se um ator negro fosse escolhido para interpretar alguma pessoa branca que realmente existiu, como acontece o tempo todo com personagens históricos de outras etnias?
Sim, provavelmente algo assim.
Essas reações deixam muito claro como o racismo é um sistema que faz com que pessoas brancas simplesmente não consigam sentir empatia por pessoas negras (o machismo também faz algo similar com mulheres). Pois é exatamente isso que significa quando pessoas brancas dizem coisas como:
“Por que a Rue tem que ser negra?, não vou mentir que isso meio que arruinou o filme”, ou
“Aquele momento estranho em que você descobre que a Rue é uma garota negra e não a garotinha loira inocente que você imaginou”.
O simples fato de uma personagem ser negra atordoou de tal forma essas pessoas, que elas não conseguem mais se identificar. A história perdeu o sentido para elas. Não tem mais valor. Afinal, como é possível que eu, branco, possa me identificar com alguém negro? E o mais bizarro disso tudo é que a Rue dos livros É DESCRITA COMO NEGRA. Ou seja, a dificuldade de sentir empatia por uma personagem não-branca é tamanha, que fez com que eles simplesmente ignorassem essa informação quando leram o livro e imaginassem a personagem de uma forma que pudesse lhes inspirar empatia.
Não dá pra fingir que a mídia não é uma das responsáveis por isso. A manutenção de entretenimento racista no cinema e na televisão ajuda a formar já nas crianças brancas a ideia de que pessoas negras não só são diferentes, como inferiores e menos importantes na sociedade. Habituadas a verem personagens negros como figurantes inferiorizados tanto na televisão como no cotidiano, essas crianças inevitavelmente crescerão para, na melhor das hipóteses, se tornarem adultos que simplesmente não se sensibilizam, e nem sentem empatia por pessoas negras.
O whitewashing, nesse sentido, nada mais é do que uma ferramenta de manutenção desse sistema, pois usa de apropriação cultural descarada para transferir para as mãos de brancos histórias e personagens que ajudariam a fortalecer a identidade negra e a quebrar o ciclo de dessensibilização dos brancos em relação a ela. Com isso, enquanto não abolirmos tanto o blackface, como seus primos – whitewashing, estereotipização e apropriação cultural -, minorias continuarão excluídas e ridicularizadas na mídia e, consequentemente, o sistema racista continuará firme e forte.
Enfim, se você ficou com alguma dúvida se whitewashing realmente acontece, confira abaixo algumas várias vezes em que isso aconteceu apenas nos últimos anos.
Angelina Jolie como Mariane Pearl
No filme O Preço da Coragem (2007), Angelina Jolie (de descendência européia, branca, olhos claros, cabelos lisos) interpretou a jornalista Mariane Pearl na história real em que o seu marido é sequestrado e morto por militantes paquistaneses. Apesar de ter nascido na França, Pearl é descendente de afro-cubanos, com pele escura e cabelo crespo. Nesse caso, Jolie chegou a encrespar os cabelos e parece ter tentado escurecer a pele, numa versão totalmente atual do blackface.
Juliette Binoche como Maria Segovia
No filme Os 33 (2015), que reconta a história dos trinta e três mineiros chilenos que ficaram presos debaixo da terra por 69 dias, Juliette Binoche interpreta uma personagem real: Maria Segovia, irmã de um dos mineiros presos. Segovia é chilena, com a pele morena. Juliette Binoche é francesa e branca.
Johnny Depp como Tonto
No faroeste O Cavaleiro Solitário (2013), Johnny Depp interpretou o guerreiro indígena norte-americano Tonto. Apesar de Depp afirmar ter uma tataravó Cherokee ou Creek (ele não tem certeza), sua ascendência é majoritariamente européia, e tanto a sua escolha para viver Tonto, como a forma como ele interpretou o personagem geraram fortes críticas da comunidade indígena norte-americana.
Joseph Fiennes como Michael Jackson
O filme Elizabeth, Michael e Marlon (2016) conta a história supostamente real de quando Elizabeth Taylor, Michael Jackson e Marlon Brando fizeram uma viagem de carro juntos de Nova York a Los Angeles depois dos atentados de 11 de setembro. O estranho é que Michael Jackson era negro, mas o ator que o interpretou no filme, Joseph Fiennes, é um britânico branco de Londres.
Detalhe: quando vivo, Michael Jackson chegou a demonstrar indignação com a possibilidade de um garoto branco interpretá-lo em um comercial da Pepsi. De acordo com ele: “Essa é a história mais ridícula e horrível que eu já escutei. Por que eu iria querer que uma criança branca fizesse o meu papel? Sou um americano negro. Tenho orgulho de ser um americano negro. Tenho orgulho da minha raça.”
Todo o elenco principal de O Último Mestre do Ar
O Último Mestre do Ar (2010) é um filme baseado em um desenho da Nickelodeon em que os personagens são todos descendentes de povos inuits ou asiáticos. Curiosamente, no entanto, todos os atores escalados são de origem européia – brancos de olhos claros. Com exceção do vilão, é claro. O ator que interpreta o vilão é descendente de indianos e tem pele escura.
Jim Sturgess como Jeffrey Ma
O filme Quebrando a Banca (2008) é baseado na história real de Jeffrey Ma, um aluno brilhante da MIT que é treinado para se tornar um especialista em contar cartas no jogo de azar 21 (junto com outros alunos). Jeffrey Ma tem ascendência chinesa, mas foi interpretado por Jim Sturgess, um ator britânico. Os outros personagens também foram interpretados por atores brancos.
Russell Crowe como Noé
No filme Noé (2014), Russell Crowe – neo-zelandês branco, descendente de europeus – interpreta o personagem bíblico Noé que, como grande parte dos personagens da Bíblia, é do Oriente Médio e dificilmente tem a pele clara. Da mesma forma, todos os outros personagens do filme, que deveriam ser do Oriente Médio, foram interpretados por atores brancos (entre eles: Jennifer Connelly, Anthony Hopkins e Emma Watson).
Christian Bale como Moisés
No filme Êxodo: Deuses e Reis (2014), Christian Bale – um ator britânico – interpreta Moisés, um personagem bíblico também do Oriente Médio. E fica ainda pior: no papel do faraó Ramsés, irmão de criação egípcio de Moisés, ficou o australiano de ascendência européia Joel Edgerton.
Bônus racista: os guardas são negros. o.O
Carey Mulligan como Irina
No filme Drive, a britânica Carey Mulligan interpreta a personagem latina Irina do livro no qual o filme é baseado. De acordo com o diretor Nicolas Winding Refn, ele não encontrou nenhuma atriz latina do seu gosto para o papel (o.O), por isso o reescreveu como Irene e chamou Mulligan para assumi-lo.
Emma Stone como Allison Ng
No filme Aloha (2015), Emma Stone, descendente de europeus, faz o papel de Allison Ng, uma personagem descendente de chineses e havaianos.
Veja mais nesse artigo do Washington Post com 100 exemplos de filmes com whitewashing.
*Texto editado em 03/03. Foi retirada a menção ao personagem asiático interpretado por Jim Sturgess no filme “A Viagem”, cuja escolha de elenco é assunto para outro texto. 🙂
Leia também Mulheres Negras em Hollywood – Falta Oportunidade, não Talento; 4 Estereótipos Racistas que Hollywood Precisa Parar de Usar; e 4 Clássicos Infantis Inegavelmente Racistas.
Allana
March 1, 2016 @ 12:33 am
No caso do Johnny Depp creio que houve um engano. Ele é descendente da tribo Cherokee e inclusive dirigiu e estrelou o filme O Bravo. No qual seu personagem era um índio da mesma tribo. Ele também tem uma tatuagem de um índio no braço feita aos 17 anos e sempre declarou que a fez em homenagem a sua ancestralidade. Por isso acho meio duvidoso ele ter dito que tinha “quase certeza” sobre ser descendente de índios. Sou fã dele a vários anos e a muitos sei sobre isso, então seria interessante checar as fontes pois realmente não creio que ele tenha dito dessa forma simplesmente porque as informações não batem.
Lara Vascouto
March 1, 2016 @ 1:22 am
Oi Allana! De acordo com a minha pesquisa, o Johnny Depp disse em 2002 ter alguma porcentagem de sangue Cherokee, mas em 2011 disse que não tinha certeza se era Cherokee ou Creek. De acordo com ele, sua ancestral indígena seria uma tataravó, ou algo assim. Parece haver muita controvérsia em torno dessa afirmação dele, sendo que ela nunca foi comprovada. De qualquer forma, mesmo se for verdade, isso não muda o fato de que a descendência dele é majoritariamente européia, e ele é percebido como um homem branco. Tanto que a comunidade indígena norte-americana criticou muito tanto a escolha de Depp para viver Tonto, como a maneira como ele o interpretou. Enfim, editei a parte sobre ele para ficar mais claro. Obrigada pelo comentário! 🙂
alysson
March 2, 2016 @ 12:15 pm
Concordo em alguns sentidos mas em outros não: Angeline Julie e o Aang por exemplo ficaram idênticos aos seus personagens, Johnny Depp também. Agora uns ficaram realmente muito diferentes como por exemplo Juliette Binoche, Emma Stone, Michael, realmente a diferença foi muita. Em outros casos, exemplo os bíblicos, acho que daria para usar os atores, mas aparentemente não se preocuparam com a construção do personagem.
Walter
March 2, 2016 @ 2:47 pm
Acredito que a questão não é ficar parecido ou não com o personagem original. A questão é a apropriação cultural e uso de artistas brancos de descendência Europeia em papéis que poderiam ser interpretados por atores de mesma etnia dos personagens. Afinal, não se há talento de descendência latina, árabe, negra ou indígena? Claro que há, mas por razões que perpetuam o racismo esses artistas não recebem as chances que merecem.
Maxoel Barros Costa
March 2, 2016 @ 4:35 pm
Meu avô era filho de um português com uma índia, mas dificilmente eu poderia interpretar, caso fosse ator, um português ou m índio.
Sthefani
March 2, 2016 @ 4:37 pm
Você não entendeu o conceito de blackface e yellowface. Pegar atores brancos e transfoma-los em outras etnicas também é racismo pq tira as oportunidades de atores que já são de tal etnia de interpretar os papeis, dando ainda mais visibilidade para atores brancos e apagando os de outras etnias.
Rafaela
March 4, 2016 @ 4:38 pm
Além disso, para dar uma perspectiva do ponto de vista do teatro, filmes, seriados, peças e afins trabalham com a comunicação com o público. As coisas não podem ficar implícitas, a menos que tenha um propósito que fique. Então para representar um personagem que é um índio, é preciso colocar um índio (se for seguir a regra que é aplicada a qualquer outra questão que não seja raça[e que não é aplicada nesse ponto justamente por causa do racismo estrutural, como o texto explica]). Não basta que o ator seja descendente, ou conheça muito, porque isso não vai ser comunicado pro público. O ator não vai ser o que aparecerá para o público. O público verá o personagem e ele tem que comunicar tudo que se é, e a estética é parte integrante dessa composição.
Exemplo: Tenho um amigo que tem 23 anos e cara de 16. Ele é uma pessoa super madura, aplicada, centrada e tal, mas o perfil que ele comunica é 16 anos. Ele sempre é chamado para papeis assim. O que o ator pensa e faz e vive e de onde vem não tem a ver com o personagem que ele faz. Se o Johnny Depp faz um índio, ele transmite que essa é a estética e a composição de um índio.
Henrique
March 2, 2016 @ 2:10 pm
Discordo do Sturgess no filme A viagem, uma vez que no filme os personagens vivem seis encarnações, em um tempo de 500 anos de história. O Sturgess vive outros 5 personagens ao longo do filme, assim como vários outros atores.
Rodrigo
March 2, 2016 @ 4:51 pm
Pouco importa a ascendência de cada um. São atores, devem interpretar os papeis para os quais foram designados. Caracterização de personagem é algo normal, e vai muito além da origem étnica.
Comparar isso com “blackface” é querer criar polêmica onde não existe. Blackface não tem nada a ver com caracterização, e sim com ridicularização e racismo.
Se Jhonny Depp é descendente de índio, o que interessa? Interessa se ele é capaz de interpretar o papel.
O que tem de mais Angelina Jolie encrespar o cabelo e escurecer a pele? Isso acontece o tempo todo em filmes, novelas. Se o diretor achou que ela era suficientemente capaz de interpretar o papel, apenas quis deixá-la mais próxima da realidade.
E por aí vai…
Desculpem, esse texto está mais para teoria da conspiração e totalmente tendencioso, criando um racismo reverso, e vendo racismo em tudo.
Fabio 'Mexicano' Godoy
March 3, 2016 @ 9:50 am
Da forma como entendo, o problema não são os atores. É lógico que só estão fazendo o trabalho deles, e espera-se que façam bem. O próprio texto cita atores não brancos fazendo papeis de brancos.
O problema, então, está na escalação. Isso não é culpa dos atores, vem de antes deles, de outros profissionais, de outras decisões. Como disseram noutro comentário: isso tira oportunidades de trabalho de atores de outras etnias.
Por exemplo, o problema do criticado “Oscar Branco” desse ano não é tanto a falta de indicação, ao meu ver, mas o fato de que a falta de negros indicados é apenas sintoma de algo que vem desde antes: negros não são sequer escalados para papéis de destaque que poderiam render a eles indicações (acho que quem disse isso primeiro com muita propriedade foi a Whoopi Goldberg, e o discurso do Chris Rock durante o Oscar corroborou essa tese várias vezes).
Alguns negros são escalados para grandes papeis e são famosos, lógico, mas há muito mais atores brancos do que negros nesse tipo de papel. O DiCaprio só conseguiu finalmente o seu Oscar (e ele mereceu!) porque teve vários papeis importantes em vários filmes, rendendo a ele várias indicações, até que finalmente ganhou. A maioria dos atores negros não tem um só papel de destaque. E se mesmo papeis de personagens negros forem feitos por atores brancos piora-se muito essa situação. E, claro, tudo o que eu falei para negros vale para qualquer outra etnia além do branco caucasiano, foi apenas um exemplo porque a crítica os colocou em destaque e porque são numerosos nos EUA, tornando difícil explicar porque não aparecem tanto quanto os brancos em papeis importantes em filmes.
Maxoel Barros Costa
March 2, 2016 @ 5:11 pm
Nos livros Jogos Vorazes, a personagem principal, Katniss Everdeen, é descrita como latina. Porém, nos filmes, é interpretada pela Jennifer Laurence. Não há como duvidar do talento da atriz, mas não havia nenhuma latina que poderia ter feito um ótimo trabalho, caso lhe dessem a oportunidade?
Outra curiosidade é que o próprio Cavaleiro Solitário pode ser interpretado como mais um caso whitewashing. O personagem é baseado em Bass Reeves, um ex-escravo que se tornou homem da lei no final do Séc. XIX.
Quiof
September 24, 2016 @ 7:24 pm
Oficialmente, Lone Ranger não foi baseado no Bass Reeves, isso começou com o livro do Black Gun, Silver Star: The Life and Legend of Frontier Marshal Bass Reeves de Art T. Burton publicado em 2008, o autor compara os feitos do Reeves com o do Lone Ranger, que nasceu escravo, viveu um tempo com índios e se tornou um delegado US. Marshall, acreditasse que Lone Ranger seja inspirado no romance Lone Star Ranger do Zane Grey (1915), que foi dedicado ao John R. Hughes, um Texas Rangers, umas das histórias do Hughes fala sobre uma emboscada, onde o Capitão Frank Jones morreu, isso lembra a origem do Lone Ranger, só quem morre é o Dan Reid, irmão do Britt Reid.
Leo
March 2, 2016 @ 8:26 pm
A única coisa que acho que pode ser contestada no texto é a questão do Michael Jackson. Embora ele seja negro, dá pra entender a escolha de um ator branco para interpretá-lo devido à sua condição que fez com que a pele dele se tornasse branca. De resto, tô de acordo. Excelente texto pra explicar pra mostrar pra algumas pessoas em tempos de #OscarSoWhite
marcelo
March 2, 2016 @ 9:26 pm
se alguem puder me explicar o que é um latino/a, pq o conceito americano ora parece ser social /regional (qualquer pessoa da america latina) ora parece designar qualquer pessoas que tenha o tom da pele marrom e sotaque espanhol… lembrando que uma personagem latina , seria o que exatamente? ja que existem indios, judeus, negros, asiaticos, loiros, mulçumanos , etc aqui na américa latina!
marcelo
March 2, 2016 @ 9:39 pm
ahh e voces esqueceram o filme deuses do egito, ou deuses brancos do egito
Alexandre
March 3, 2016 @ 3:37 pm
Eu não gosto do filme da Viagem, mas aí a coisa é furada porque o filme gira em torno de reencarnações — e para dar algum senso de continuidade (porque as histórias não tem relações entre si exceto o senso de evolução das personalidades deles em diferentes vidas), fizeram o mesmo conjunto de atores passar por vários trabalhos similares de maquiagem. Inclusive a Halle Berry, que é negra — e é branca em duas de suas vidas, sendo homem e uma delas. E Hugo Weaving, que vira mulher em uma das encarnações. Pelo menos nesse filme, Whitewashing, Blackface e Yellowface são conceitos absolutamente sem propósito.
Lara Vascouto
March 3, 2016 @ 10:24 pm
Beeeem..a escolha de elenco do filme é um problema em si, mas realmente, você tem razão sobre o que foi feito não poder ser chamado de yellowface. Por isso editei o texto e retirei a menção. Obrigada pela contribuição! 🙂
Marcus
March 3, 2016 @ 3:43 pm
Só uma ressalva: no texto fala várias vezes na “descendência” europeia dos atores brancos em questão. O termo correto seria ascendência.
Se meus antepassados são europeus, eu tenho ascendência europeia.
Descendência é o que vem depois, são as gerações seguintes. Se meus antepassados são europeus, sou descendente de europeus.
Lara Vascouto
March 3, 2016 @ 10:02 pm
Obrigada, Marcus! Corrigido!
Gabriel
March 3, 2016 @ 8:18 pm
Gostei muito do artigo, concordo com tudo. O único problema que vejo é no filme A Viagem, que o fato de atores interpretarem personagens de outra etnia é por conta da “reencarnação” proposta.
Juba
March 3, 2016 @ 8:54 pm
Oi, Lara! Excelente postagem!
Sabe que tenho grande dificuldade de associar Angelina Jolie a “branquitude”? Ainda assim, concordo com sua avaliação sobre o papel em questão.
Lembrei de algo… Maridon leu a série Crespúsculo, não gostou da trama em termos do assassínio da tradição vampírica, mas curtiu os personagens. Quando viu os filmes (que são mesmo muito ruins), ficou chocado ao ver um Emmett branco. No livro, ele é descrito como grande, musculoso e de cabelo escuro cacheado, sem menção a etnia. Pois na imaginação do maridon, é um rapaz negro com essas mesmas características… Por outro lado, nos filmes, um personagem que nos livros era apenas moreno foi interpretado por um ator negro, o que foi interessante.
Julio Alan
April 1, 2016 @ 11:31 pm
Pro M. Jackson deveriam ter usado um ator negro e feito whiteface. Aí seria ok!
Em Cloud Atlas, Jim Sturgess interpreta personagens de vários fenótipos assim como Bae; não há o que babosear sobre.
Amanda Janice
June 7, 2016 @ 2:34 pm
Acrescentar Katness do Jogos vorazes, que no livro é descrita com as características de uma mulher latina, mas é interpretada por uma atriz branca.
Rômulo
June 11, 2016 @ 2:41 am
No trecho “Angelina Jolie (de descendência européia […]” o correto seria ‘ascendência’. A descendência da Angelina Jolie são os filhos dela com o Brad Pitt, a ascendência são seus pais, avós, etc.