11 Séries Policiais Recentes Protagonizadas por Mulheres (e por que isso importa)

A cada ano vemos cada vez mais séries policiais protagonizadas por mulheres que aos poucos vão se livrando de  estereótipos cansativos associados ao gênero.

Prazer, meu nome é Lara e eu sou viciada em histórias de investigação criminal. Minha obsessão começou de fato quando descobri um livro da Agatha Christie em casa, mas mesmo antes disso eu já havia experimentado e curtido outras “drogas” de entrada. Como uma criança apaixonada por livros, minha imaginação infantil foi povoada pelos mistérios e aventuras dos livros da fantástica coleção Vaga-Lume e com os clássicos dos Karas, de Pedro Bandeira.

Foi com Agatha Christie, no entanto, que o meu entendimento do mundo dos mistérios policiais se ampliou. Foi ela, afinal, quem consolidou em minha mente em formação que mulheres podem ser tanto assassinas, como detetives, e que elas podem ser tão implacáveis e geniais quanto homens. Como eu já disse em outro texto aqui no site, Hercule Poirot pode ter sido seu detetive mais famoso, mas Ariadne Oliver, Tuppence Cowley, Bundle Brent e principalmente a inesquecível Miss Marple abriram todas as portas para o protagonismo feminino em romances policiais e ajudaram a moldar o gênero ao longo de todo o século XX (e, ouso dizer, século XXI).

Miss Marple, uma detetive fora do padrão até para os dias atuais. 

 

Agora, é verdade que ainda somos minoria em histórias de investigação criminal. Para cada série ou filme do gênero com protagonismo feminino, há uma lista infindável de outros protagonizados por homens. Mas é verdade também que a cada ano vemos essa realidade ser desafiada por novas e bem-sucedidas produções lideradas por mulheres. E o melhor: produções que não só derrubam como desafiam estereótipos femininos cansativos associados ao gênero.

Femme fatales, mocinhas em perigo, interesse romântico ou mesmo heroínas “masculinizadas” (ou seja, que assumem todas as características tradicionalmente associadas ao masculino) estão perdendo espaço para detetives mais complexas, que inclusive trazem à tona as particularidades de ser uma mulher em uma área e profissão que ainda não admite ou mesmo respeita plenamente a presença feminina.

Com isso, percebo um movimento claro de mudança não só de protagonismo, como também de ponto de vista. Isto é, não se trata apenas de escalar uma mulher para interpretar um personagem tradicionalmente masculino, mas de pensar a personagem em todas as suas complexidades e especificidades, sem ignorar o seu gênero. O resultado são personagens extraordinariamente humanas, capazes de gerar identificação do público que for, seja ele feminino ou masculino. O benefício maior, é claro, é das mulheres, pois como não cansamos de lembrar, representatividade importa. Não à toa, as protagonistas femininas de séries recentes foram apontadas como a principal razão por trás de uma maioria feminina nas inscrições para o treinamento de detetives da Scotland Yard no começo desse ano.

A principal suspeita: a maravilhosa Stella Gibson, de The Fall.

 

Pois bem, pensando nisso tudo achei por bem elencar algumas séries policiais atuais com protagonistas femininas que valem o seu tempo. Vale lembrar que nenhuma produção é perfeita, mas acredito que elas sinalizam uma mudança para melhor na forma de pensar personagens femininas em séries policiais. Confira abaixo e depois dá uma passada lá nos comentários para deixar o seu comentário e/ou indicação!

The Killing

Em Seattle, a detetive Sarah Linden está em seu último dia de trabalho, antes de partir com seu filho, Jack, para encontrar seu noivo em Sonoma. O substituto de Sarah, Detetive Stephen Holder, está pronto para assumir o cargo, quando eles atendem a uma chamada de um policial em carro de patrulha, que encontrou um casaco manchado de sangue em um campo. O corpo da garota desaparecida, Rosie Lauren, é encontrado no porta-malas de um carro registrado no comitê de campanha do vereador Darren Richmond, que está concorrendo a prefeito. Linden, então, adia a sua partida supostamente por alguns dias, até que o caso seja resolvido. A série é baseada no seriado dinamarquês Forbrydelsen.

Collateral

Um entregador de pizza inesperadamente morre após ser atingido por uma bala perdida. Enquanto alguns acreditam que se trata de uma triste fatalidade, a detetive Kip Glaspie decide investigar o caso mais a fundo, certa de que existe algo a mais por trás do ocorrido.

Uma observação importante: Carey Mulligan estava grávida quando foi chamada para o papel de Kip. Quando ela contou ao criador da série, David Hare, ele disse que não via motivo para Kip não poder estar grávida na série, e adicionou apenas duas referências à gravidez no roteiro. Com isso, vemos a detetive Kip Glaspie visivelmente grávida ao longo de toda a série, sem problemas, comentários ou perturbações. O que, sinceramente, é maravilhoso.

Marcella

Há doze anos, Marcella Summers largou a carreira para se casar com Jason e iniciar uma família. Agora, com o fim de seu casamento e afastada dos filhos, ela retorna ao trabalho no departamento de polícia. Quando um novo assassinato ocorre em sua área, a polícia percebe que ele pode ter alguma conexão com um caso não resolvido investigado por Marcella há quase uma década. Teria o mesmo criminoso voltado a atacar ou alguém estaria copiando seu estilo?

Top of the Lake

Quando descobre que está grávida, Tui, uma garota de 12 anos de idade, tenta se matar em um lago congelante da Nova Zelândia. A detetive Robin Griffin tem várias perguntas a fazer à menina, mas quando ela desaparece misteriosamente, Griffin começa a descobrir muitos segredos da pequena cidade, e assim se vê completamente imersa na investigação. Elisabeth Moss venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Minissérie pela primeira temporada da série, em 2014.

The Fall

Um assassino em série aterroriza a região de Belfast. Após vários dias sem conseguir prender o criminoso, as autoridades da Irlanda pedem ajuda à polícia de Londres, que escolhe a detetive Stella Gibson para assumir o comando das investigações. A história é narrada pelo ponto de vista da detetive e do assassino. Como bem disse Mariana Jansen, em outro texto aqui do site:

Se The Fall foi considerada pela Revista Time “a série mais feminista de todos os tempos”, o motivo é Stella Gibson. (…) A personagem de Gibson nunca tem sua autoridade questionada, não é objetificada em nenhum momento, além de fazer o que bem entende com a sua sexualidade e feminilidade. Ela é constantemente a pessoa com maior autoridade em qualquer sala que entra, sem ser um personagem frio e calculista.

Seven Seconds

Quando um policial branco atropela um jovem negro, tensões raciais crescem numa cidade norte-americana. De um lado, a promotora KJ Harper tenta trazer justiça para sua comunidade sem deixar que seus problemas pessoais afetem o trabalho. Do outro, o agente responsável pelo crime tenta lidar com a culpa. Por fim, a mãe do jovem está determinada em descobrir o que realmente aconteceu.

Broadchurch

A pequena e litorânea Broadchurch torna-se o centro das atenções e provoca o delírio da mídia quando o corpo do garoto Danny Latimer, de 11 anos, é encontrado na praia. Para investigar o caso, o detetive Alec Hardy irá trabalhar com a policial Ellie Miller. O protagonismo é compartilhado com David Tennant, mas Olivia Colman brilha no papel de Ellie Miller. 

Happy Valley

Precisando de dinheiro,  Colin Weatherill planeja o sequestro da filha de seu chefe, Ann Gallagher, mas acaba desistindo do plano. O que ele não esperava é que o crime realmente ia acontecer, pelas mãos de  Ashley Cowgill, chefe do tráfico local. Agora cabe à policial Catherine Crowther resgatar a jovem, enquanto procura por Tommy Lee Royce, o homem que acredita que é responsável pelo estupro que levou sua filha ao suicídio.

The Bletchley Circle

Nove anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a ex-decrifradora de códigos, Susan Gray, descobre um padrão em um assassinato em série e convoca as amigas de Bletchley Park para tentar encontrar o assassino.

A Louva-Deus

Nessa minissérie francesa que estreou na Netflix em 2017, a polícia recorre à assassina condenada Jeanne Deber na busca de uma solução para uma série de assassinatos terríveis. Deber concorda em ajudar, mas com uma condição: trabalhar junto de seu filho policial.

Miss Fisher’s Murder Mysteries

Com uma pegada bem mais leve e divertida que as séries da lista, Miss Fisher’s Murder Mysteries acompanha as aventuras de Phryne Fisher, uma mulher moderna que investiga crimes e soluciona os mistérios de Melbourne durante a década de 1920, período em que as mulheres começaram a ter uma participação maior na sociedade em função da perda de milhares de jovens durante a Primeira Guerra Mundial. A série é baseada em uma série de livros da autora Kerry Greenwood.

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