3 Séries que Desafiam 3 Estereótipos Femininos Clássicos

Três séries que desafiam os clássicos estereótipos de mulheres “solteironas”, mulheres de terceira idade e prostitutas.

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Agora que o Netfliz apareceu na minha vida (sim, só agora!), posso dizer que eu me tornei uma pessoa de séries. Acontece que mesmo com muitas opções – entre séries que estão na Netflix, que passam em canais fechados e até mesmo que já acabaram, mas que dá pra ver online – poucas retratam mulheres na quantidade e do jeito que gostaríamos. Sim, é verdade que mulheres estão cada vez mais tomando o lugar de protagonistas (principalmente na televisão), mas ainda assim esse número é muito baixo. Por isso acho importante compartilhar alguns achados que encontrei – nomeadamente, três séries que assisti, amei e que  retratam suas personagens femininas de maneira diferente do que estamos acostumadas a ver. São elas:

Miss Fisher Murder Mysteries

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A série se passa na Austrália dos anos 1920. Phryne Fisher, uma mulher solteira e rica, passa a se interessar por casos de assassinato que acontecem ao seu redor. Resolvendo-os como ninguém, ela acaba se tornando uma detetive particular.

Se até hoje uma mulher com mais de 30 anos solteira já causa falatório, imagine na década de 1920. O mordomo de Miss Fisher chega a comentar com dois outros empregados que nunca havia trabalhado para uma “solteirona” (o pejorativo termo em inglês é “spinster”). Esses dois empregados riem juntos e respondem que ele realmente não conhece Phryne. Ela não é casada, mas é cheia de vida, sabe dirigir, sabe pilotar aviões, tem vários romances ao longo da série e não se casa simplesmente porque não tem vontade. E mostra que, diferente do que o mundo todo nos diz, uma mulher não precisa estar num relacionamento para viver uma vida plena.

Miss Fisher é sempre subestimada pelo delegado local que acha que ela atrapalhará as investigações, o que não condiz com a realidade, pois Phryne é ágil e inteligente. É incomum ver uma série, passada nos anos 1920, em que uma mulher tem vida sexual ativa, é independente e livre.

E mais: os cenários e roupas de época são encantadores.

Grace and Frankie

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Uma mulher protagonista já é incomum em séries…agora imagine duas mulheres, com mais de setenta anos e protagonistas.

Nessa série da Netflix, Grace é casada com Robert, e Frankie é casada com Sol. Sol e Robert são sócios e grandes amigos, e um dia avisam as esposas que  pretendem se tornar um casal. Abandonadas pelos maridos, elas precisam reconstruir suas vidas num mundo em que mulheres  mais velhas são praticamente  invisíveis. Elas se aproximam cada vez mais e o enredo é cativante.

Eu não sou o tipo que consegue dar risada facilmente em séries de humor mas Grace and Frankie consegue me fazer gargalhar sem esforço. Sem falar que Frankie e Sol são maravilhosos (e meus personagens favoritos). Plus: Tem Ethan Embry no elenco. Pra vocês isso pode nem ter importância, mas para mim, uma pessoa que desde os 12 assiste Férias Frustradas em Las Vegas o tempo todo, isso é mais uma característica maravilhosa da série.

Secret Diary of a Call Girl

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Por último, mas não menos importante, temos Secret Diary of a Call Girl. Essa série passava no Multishow mas não sei se continua lá porque, bem, ela é de 2008 e já acabou. Mas dá pra achar todos os episódios no YouTube.

Baseada no blog de uma prostituta de luxo britânica que se autodenominava Belle de Jour, a série traz a história de Hannah, uma prostituta de luxo que vive em Londres e é diferente de todas as prostitutas que costumamos ver em séries e filmes. Logo no primeiro episódio ela faz questão de esclarecer: “Não sou viciada em nada e não tenho família para sustentar”. Bem diferente do estereótipo de prostituta pobre, devastadas e viciada em drogas que vemos com frequência na cultura pop. Ela não é demonizada como uma pecadora, não se sente culpada pelo seu trabalho, é inteligente e uma leitora assídua. A série foca no dia a dia de sua profissão, e no seu relacionamento com sua família e com seu melhor amigo, Ben.

Embora Secret Diary of a Call Girl apresente em Hannah uma figura que desafia os estereótipos de prostitutas que a televisão e o cinema sempre trouxeram, a controvérsia em torno da série foi grande na época do seu lançamento. Muitos viram na representação de Hannah a glamourização e romantização de um ofício que vitimiza inúmeras mulheres em todo o mundo. Por outro lado, muitos outros a defenderam como o retrato da experiência de uma mulher que, como tantas outras, escolheu o sexo como profissão por livre e espontânea vontade. 

Prostituição é um tema complexo que deve ser discutido, principalmente, pelas próprias mulheres que atuam ou já atuaram na área. Por isso, como leitura complementar, indicamos o debate que a Revista AzMina trouxe, com textos de mulheres que já trabalharam como prostitutas, da Central Única de Trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais e de ativistas da Marcha Mundial das Mulheres.

Confira:

“O feminismo precisa aceitar as prostitutas”

“Prostituta não oferece serviço, prostituta é o produto”

“Não queira saber mais sobre prostituição do que as próprias prostitutas”

“A prostituição faz da mulher objeto e não cidadã”

Leia também 20 Séries com Protagonismo Feminino para Assistir na Netflix. 

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